O controle de plantas daninhas é fundamental para evitar perdas produtivas decorrentes da matocompetição e, reduzir a infestação de pragas e doenças, eliminando plantas hospedeiras. Além das tradicionais plantas daninhas como Buva (Conyza spp) e o capim-amargoso (Digitaria insularis), o caruru (Amaranthus spp.) vem ganhando espaço, apresentando rápido aumento populacional. Seus danos podem ser até superiores aos causados pela buva e capim-amargoso, podendo uma planta de caruru por metro quadrado causar redução de produtividade de até 32% dependendo da espécie da planta daninha (Klingaman & Oliver, 1994).
O gênero Amaranthus possui uma variedade de espécies as quais podem ser consideradas plantas daninhas pela interferência negativa causada em cultivos agrícolas, sendo as principais espécies observadas o Amaranthus palmeri; Amaranthus spinosus; Amaranthus deflexus; Amaranthus viridis; Amaranthus retroflexus e o Amaranthus hybridus, esse com duas variedades, o A. hybridus var. patulus e o A. hybridus var. paniculatus.
A nível brasileiro, o Amaranthus palmeri é considerado uma praga quarentenária presente no estado do Mato Grosso, enquanto a espécie de A. hybridus é comumente encontrada na região Sul do Brasil. Aliado ao rápido crescimento e desenvolvimento dessa planta daninha, sua elevada produção de sementes torna o caruru uma planta facilmente disseminada. Segundo Cortés (2015), uma planta de A. hybridus pode produzir até 200 mil sementes. Já uma planta de A. palmeri pode produzir até 600 mil sementes (Tuesca et al., 2016).
Embora ambas as espécies sejam pertencentes ao mesmo gênero, pode haver variações quanto a práticas de manejo, uma vez que dependendo das espécies casos de resistência a herbicidas podem ser observados, sendo assim, é fundamental a identificação da espécie sempre que possível.
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Ainda que se tenha notado uma facilidade de “hibridização” do caruru a nível de campo, a identificação das espécies pode auxiliar na definição de práticas de manejo, tais o posicionamento de herbicidas em pré-emergência e o uso de herbicidas em pós-emergência. Dentre as formas de identificação das espécies, uma das mais comuns é o uso de características morfológicas, tais como manchas em folhas, pelos em folhas, tamanho de inflorescência entre outras.
Tabela 1. Características morfológicas entre espécies do gênero Amaranthus que podem auxiliar na identificação do caruru.
A nível de campo, nos estádios iniciais do desenvolvimento do caruru encontra-se certa dificuldade para identificação das espécies, sendo mais nítidas as diferenças nos estádios mais avançados do desenvolvimento da daninhas.
Figura 2. Espécies do gênero Amaranthus. A – Amaranthus hybridus var. paniculatus; B – Amaranthus hybridus var. patulus; C – Amaranthus palmeri; D – Amaranthus retroflexus.
Cabe destacar que caruru é uma planta daninha com elevada produção de sementes e vários fluxos de emergência, o que dificulta o controle da daninha. Nesse sentido, deve-se utilizar herbicidas pré-emergentes e priorizar o controle em pós emergência nos estádios iniciais do desenvolvimento do caruru, preferencialmente até 6 folhas. Sendo assim, a identificação das espécies é de fundamental importância para o posicionamento de práticas de manejo que propiciem o controle eficiente do caruru.
Referências:
CORTÉS, E. ALTERNATIVAS DE CONTROL DE Amaranthus hybridus L. Kunth “Yuyo colorado”. Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria, Hoja de información Técnica, N. 46, 2015. Disponível em: < https://www.aapresid.org.ar/blog/alternativas-para-control-de-amaranthus-hybridus-yuyo-colorado/ >, acesso em: 01/02/2021.
GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 01/02/2021.
KLINGAMAN, E. T.; OLIVER, L. R. Palmer Amaranth (Amaranthus palmeri) Interferência na soja (Glycine max). Weed Science, vol. 42, n. 4, 1994. Disponível em: < https://www.jstor.org/stable/4045448?seq=1 >, acesso em: 01/02/2021.
TUESCA, D. et al. MANEJO DE MALEZAS PROBLEMA: Amaranthus palmeri (S.) Watson BASES PARA SU MANEJO Y CONTROL EN SISTEMAS DE PRODUCCIÓN. Aapresid, 2016. Disponível em: < http://www.aapresid.org.ar/rem-malezas/archivos/emergencias/documentos/tuesca-papa-y-morichetti-manejo-de-malezas-problema-amaranthus-palmeri-s-watson.pdf >, acesso em: 01/02/2021.