Com a paridade de exportação influenciada pelo aumento do dólar frente ao Real no acumulado de setembro, produtores de algodão em pluma deram preferência ao cumprimento de contratos a termo nos mercados interno e externo e à realização de novos negócios internacionais por mais um mês. Assim, muitos deles permaneceram firmes quanto aos preços pedidos no mercado spot, e os poucos volumes negociados envolveram volumes pequenos frente a agosto.
No geral, as indústrias brasileiras seguiram recebendo os lotes dos contratos (inclusive os fechados mais recentemente), visto que os preços elevados e a dificuldade de repassar as altas ao consumidor limitaram as compras imediatas. Assim, as indústrias adquiriram a pluma da “mão para a boca” somente nos casos de maior necessidade – mesmo com a demanda firme por fio, conforme agentes.
Neste cenário, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, teve média de R$ 3,1664/lp em setembro – a maior média nominal em dois anos –, aumentos de 2,3% frente ao de agosto/20 (R$ 3,0949/lp) e de 28,8% na comparação com setembro/19. Porém, no acumulado de setembro (entre 31 de agosto e 30 de setembro), o Indicador recuou 2,52%.
Mercado Internacional – Em setembro, o dólar teve média de R$ 5,4019, queda de 1,1% frente à de agosto/20 (R$ 5,4598), mas 31% superior à de setembro/19. Contudo, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) registrou alta de 0,3% frente ao mês anterior, indo para R$ 3,3235/lp (US$ 0,6152/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 3,3323/lp (US$ 0,6168/lp) em Paranaguá (PR) em setembro. No comparativo anual, a elevação é cerca de 31% em ambos os portos. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) teve média de US$ 0,7081/lp em setembro, avanço de 1,3% no mês, mas queda de 0,6% em 12 meses.
Quanto aos contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os quatro primeiros vencimentos avançaram em setembro. A média do contrato Out/20 foi de US$ 0,6420/lp, avanços de 1,02% em relação a agosto/20 e de 2,04% frente a setembro/19. Em igual comparação, Dez/20 teve média de US$ 0,6536/lp, reações de 2,03% e 3,2%. O contrato Mar/21 fechou com média de US$ 0,6625/lp, aumentos de 2,08% no mês e 3,30% em um ano, e o Mai/21 ficou em US$ 0,6701/lp, elevações de 2,29% e 2,87%.
Exportações – Dados coletados pelo Cepea apontam que os contratos a termo com entregas programadas para setembro/20 tiveram média de US$ 0,7085/lp FOB (Free on Board) Santos (SP). Ainda foram observadas negociações envolvendo a pluma da safra 2018/19, com média de US$ 0,6061/lp para entrega até o final do ano, recuo de 0,9% frente aos dados de agosto/20.
Vale considerar que praticamente metade de todo o volume captado pelo Cepea em setembro foi para entrega entre o mesmo mês e dezembro/20. Para a temporada 2019/20, em setembro, a média das negociações com entregas de setembro a dezembro de 2020 foi de US$ 0,6257/lp, alta de 4,84% frente ao mês anterior (US$ 0,5968/lp); já as entregas para o próximo ano (jan-mai) tiveram média de US$ 0,6421/lp.
Quanto à temporada 2020/21, em setembro, foram captados dados para entrega de agosto a dezembro de 2021. A média de preço para esse período foi de US$ 0,6460/lp, aumento de 4,16% frente à do mês anterior (US$ 0,6202/lp).
Além disso, foram captados fechamentos com valores baseados nos contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures), a serem fixados posteriormente.
Conforme dados da Secex, foram exportadas 158,9 mil toneladas de pluma nos 21 dias úteis de setembro, avanço de 45,8% frente ao mês anterior, mas queda de 3,5% em relação a setembro/19 (164,6 mil toneladas). O faturamento dobrou em setembro/20 frente a agosto/20, a US$ 230,8 milhões; porém, na comparação com o mesmo período do ano anterior (US$ 264,35 milhões), houve baixa de 12,7%.
Ainda segundo a Secex, o preço médio de setembro/20 foi de US$ 0,6589/lp, alta de 3,41% frente ao mês anterior, mas 9,5% menor do que o de um ano atrás. Em moeda nacional, a média de setembro/20 foi de R$ 3,5593/lp, elevação de 18,5% se comparada ao mesmo mês do ano passado (R$ 3,0036/lp) e é 12,4% maior que a verificada no spot nacional em setembro (Indicador).
Caroço – Em setembro, o caroço de algodão se valorizou, influenciado pela forte competitividade frente a produtos concorrentes, especialmente os destinados à produção de ração. De modo geral, agentes seguiram cumprindo contratos realizados anteriormente a preços inferiores aos atuais.
A média do caroço na região de Barreiras (BA) foi de R$ 982,99/t em setembro, aumentos de 21,7% frente a agosto/20 e de 104,1% ante a setembro/19 (R$ 481,62/t). Na região de Lucas do Rio Verde (MT), o preço médio ficou em R$ 869,38/t, altas de 36,4% e de 138,4% (R$ 364,7/t) na mesma comparação. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média foi de R$ 866,59/t, avanços de 38,6% e de 139,4% (R$ 362,05/t). Em Primavera do Leste (MT), os aumentos foram de 32,5% e 130,5%, com média de R$ 918,92/t em setembro/20. Em São Paulo (SP), as elevações foram de 32,7% no comparativo mensal e de 2,9% no anual, com média de R$ 1.059,20/t em setembro.
Fonte: Cepea