Embora culturas de inverno como o trigo, muitas vezes não sejam consideradas culturas principais de sistemas de produção agrícola, elas podem exercer importante papel econômico e sustentável. Além de possibilitar o manejo de determinadas plantas daninhas, pragas e doenças de difícil controle na soja, o trigo pode trazer retorno econômico para a propriedade agrícola.
Entretanto, para garantir a boa produtividade da cultura e a rentabilidade do cultivo, deve-se atentar para o manejo e controle de agentes que possam causar redução da produtividade e/ou qualidade do trigo produzido. Dentre esses agentes, algumas doenças se destacam, umas mais conhecidas e outras nem tanto, a exemplo do carvão do trigo.
O carvão do trigo é causado pelo fungo Ustilago tritici, cujo desenvolvimento é favorecido por temperaturas médias variando entre 15°C a 22°C, com chuvas leves ou orvalho (Santana et al., 2012). A doença acomete principalmente as espigas do trigo, onde no lugar dos grãos e das glumas desenvolve-se uma massa de esporos de coloração marrom-escura a negra, formada por teliósporos (Santana et al., 2012).
Figura 1. Sintomas típicos de carvão do trigo.
Embora atualmente a doença apresente pouca importância econômica, principalmente pela resistência genética de novas cultivares, no passado já foram registradas incidências de 17% a 22% em lavouras nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná (Agrofit, 2022). Lau et al. (2011) destacam que há relatos de danos na produção do trigo variando entre 24% a 40%.
Conforme destacado por Santana et al. (2012), o fungo causador da doença pode sobreviver em sementes infectadas de trigo, em forma de micélio dormente no embrião. Segundo Lau et al. (2011), a doença é monocíclica e normalmente as espigas das plantas infectadas emergem antes das espigas das plantas sadias. Após a ruptura da membrana da massa de esporos, os esporos são dispersos e disseminados pelo vendo, infectando planta sadias durante o período reprodutivo da cultura.
Figura 2. Planta de trigo acometida pelo carvão do trigo (Ustilago tritici).
O uso de sementes certificadas, com qualidade sanitária conhecida é uma das principais e mais importantes estratégias de manejo da doença. Além disso, deve-se preconizar o uso de cultivares resistentes, podendo também realizar o tratamento de sementes com fungicidas visando o melhor manejo e controle da doença. Atualmente, quatro produtos apresentam registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle da doença em trigo, contemplando os grupos químicos do triazol, carboxanilida e dimetilditiocarbamato.
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Referências:
AGROFIT. SISTEMA DE AGROTÓXICOS FITOSANITÁRIOS. Agrofit, 2022. Disponível em: < http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons >, acesso em: 13/04/2022.
EMBRAPA. MULTIMÍDIA: BANCO DE IMAGENS, CARVÃO DO TRIGO. Embrapa. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-imagens/-/midia/965003/carvao-do-trigo >, acesso em: 13/04/2022
LAU, D. et al. DOENÇAS DE TRIGO NO BRASIL. EMBRAPA, 2011. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/932377/1/2011LVtrigonobrasilcap12.pdf >, acesso em: 13/04/2022.
SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n, 108, 2012. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/990828 >, acesso em: 13/04/2022.