A busca por altas produtividades de soja necessita de diversos fatores essenciais, entre eles a disponibilidade adequada de nutrientes. Nesse contexto, os cátions básicos desempenham um papel fundamental, pois são elementos imprescindíveis para o crescimento e desenvolvimento da planta. Esses cátions, como cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), potássio (K+), entre outros, desempenham uma variedade de funções vitais na fisiologia da soja, influenciando desde a absorção de água e nutrientes até a regulação de processos metabólicos e a resistência a estresses bióticos e abióticos.
Potássio
O mineral catiônico mais encontrado na constituição das plantas é o potássio. Apesar de não fazer parte estrutural da planta, é um ativador enzimático, regula o turgor, regulador osmótico, vital para o carregamento de fotoassimilados, além de ser necessário para a fixação fotossintética de CO2.
A disponibilidade de K é afetada pela sua proporção ou grau de saturação na capacidade de troca de cátions (CTC) do solo e a relação com os demais cátions. A deficiência de K no solo é frequente nos solos brasileiros, mas não nos argentinos. Por ser bastante móvel no solo, há grandes perdas de K por lixiviação. O fornecimento inadequado afeta a resistência das plantas a estresses, como seca, salinidade e doenças. Durante a deficiência de K, a fotossíntese é fortemente diminuída como resultado da condutância estomática reduzida. A deficiência causa enrugamento e deformação dos grãos, abertura de legumes, desuniformidade de maturação e incompleto enchimento de grãos.
A absorção de K no início do ciclo é alta, ultrapassando os 3,5 kg ha-1 dia-1 no final da fase vegetativa, sendo que 48% da demanda é absorvida até R1, reduzindo sua absorção principalmente após R5 (Figura 1).
Figura 1. Marcha de absorção e redistribuição de potássio em soja. Dados de lavoura de 6,6 ton ha-1.
Cálcio (Ca)
O cálcio é necessário como elemento estrutural e desempenha um papel essencial na sinalização ou mensagens celulares. Sua deficiência causa redução de crescimento do tecido meristemático no caule, na folha e na ponta da raiz. Os sintomas foliares típicos da deficiência de Ca são lesões necróticas nas margens e nas pontas, nervuras acastanhadas e deformidades nas folhas. Após uma deficiência contínua de Ca, os meristemas apicais morrem.
O Ca e Mg apresentam comportamento semelhante. Eles são retidos ou fixados em seu primeiro destino (caules, folhas e pecíolos) e não se translocam para o grão. Seu índice de colheita é, portanto, muito baixo (17-32%) (Figuras 2 e 3). Até o estágio R5 é absorvido 60% do cálcio (Figura 2).
Figura 2. Marcha de absorção e redistribuição de cálcio em soja. Dados de uma lavoura de 6,6 ton ha-1.
Magnésio (Mg)
O Magnésio é o maior ativador enzimático dentre os nutrientes minerais, além de constituir o elemento central do anel tetrapirrol da clorofila. A deficiência deste nutriente faz com que os fotoassimilados se acumulam nas folhas de origem antes que a fotossíntese seja afetada pela deficiência de Mg, resultando no acúmulo excessivo de carboidratos e no aumento da produção de espécies reativas de oxigênio nos cloroplastos. Em caso de má alocação de fotoassimilados às raízes ocorre uma redução significativa no crescimento da raiz, causando abscisão foliar e caule com diâmetro reduzido.
O primeiro sintoma foliar visual da deficiência é a clorose que se desenvolve gradualmente entre as pontas das folhas velhas totalmente expandidas e é eventualmente acompanhada por uma cor roxa e murcha marrom (necrose) entre as nervuras das folhas. A absorção de magnésio é lenta quando comparada aos demais cátions, pois até R5, a planta absorve 49% da demanda (Figura 3).
Figura 3. Marcha de absorção e redistribuição de magnésio em soja. Dados de uma lavoura de 6,6 ton ha-1.
Desse modo, a disponibilidade adequada desses nutrientes é essencial para garantir uma absorção eficiente de água e nutrientes, bem como para regular uma variedade de processos metabólicos vitais. Além disso, os cátions básicos contribuem para fortalecer a resistência da planta a condições adversas, como estresses ambientais e ataques de patógenos, promovendo assim um cultivo mais saudável e produtivo. Portanto, compreender e gerenciar os níveis de cátions básicos no solo é crucial para otimizar a produção de soja e garantir a sustentabilidade a longo prazo da agricultura.
Referências Bibliográficas
ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES / EDUARDO LAGO TAGLIAPIETRA… [ET AL.]. 2. ED. SANTA MARIA: [S. N.], 2022