As cotações do trigo em Chicago, para o primeiro mês cotado, igualmente pouco se alteraram nestes últimos 60 dias. O bushel do cereal fechou esta quinta-feira (09) em US$ 7,57, exatamente no valor em que fechou o dia 15/12. O mercado esteve muito estável, com a média de dezembro fechando em US$ 7,48/bushel, perdendo 7,9% sobre novembro, enquanto em janeiro tal média registrou US$ 7,44, com um recuo de 0,53% sobre janeiro. No ano passado, nesta altura do mês de fevereiro, o bushel de trigo valia US$ 7,85.

Em tal contexto, os recentes relatórios de oferta e demanda do USDA pouco modificaram o cenário mercadológico. A produção final dos EUA, em 2022/23, foi mantida em 44,9 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais continuaram ao redor de 15,4 milhões de toneladas. O preço médio projetado ao produtor estadunidense, do cereal, para 2022/23, chama a atenção, pois fica ainda em US$ 9,00/bushel, ou seja, bem acima do que o mercado vem cotando atualmente. A produção mundial do cereal está em 783,8 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais atingem a 269,3 milhões de toneladas. A produção argentina sofreu um duro revés, sendo reduzida para apenas 12,5 milhões de toneladas nesta última colheita, contra 23 milhões nas projeções iniciais. Já a produção brasileira foi aumentada para 9,9 milhões de toneladas, com 3,9 milhões em exportações para o corrente ano comercial. Mesmo assim, o Brasil deverá importar cerca de 5,6 milhões de toneladas do cereal.

Em paralelo, diante de tamanha produção, os preços do trigo recuaram nestes últimos 60 dias, especialmente no Rio Grande do Sul onde a última colheita foi recorde. Assim, o cereal fechou, nesta semana, valendo R$ 77,00/saco no Estado gaúcho, enquanto em meados de dezembro o mesmo ainda valia R$ 84,39, lembrando que em meados do ano passado o produto chegou a atingir R$ 115,00 o saco. Já no Paraná, onde houve problemas climáticos que resultaram em perdas razoáveis em muitas localidades, o preço médio fecha esta semana girando entre R$ 89,00 e R$ 92,00/saco, contra R$ 94,00 a R$ 95,00 em meados de dezembro passado. Além do volume produzido, o câmbio atual favorece as importações a preços mais baixos, auxiliados que são pela estabilização relativamente baixa das cotações em Chicago.

Por fim, em termos conjunturais, o mercado do trigo fechou a presente semana com a constatação de que os moinhos brasileiros vêm demonstrando pouco interesse em comprar trigo no momento. Ao mesmo tempo, a União Europeia, no atual ano comercial, aumentou em 7% suas exportações de trigo macio, superando, por enquanto, as 19 milhões de toneladas. E para 2023/24, novas projeções de safra para o trigo macio, na União Europeia, indicam um aumento de produção para 129,7 milhões de toneladas, contra as 125,6 milhões do corrente ano. Enfim, a Rússia aumentou sua disponibilidade de trigo, atingindo o mercado mundial com preços bastante competitivos no momento.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



 

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