Por Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do trigo, em Chicago, se mantiveram em baixa nesta semana. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (18) em US$ 5,35/bushel, contra US$ 5,54 uma semana antes.

O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 12/07, trouxe, para o ano comercial 2024/25, os seguintes números para o cereal:

1) a produção dos EUA foi aumentada em 3,7 milhões de toneladas, passando a 54,7 milhões;

2) os estoques finais estadunidenses de trigo cresceram para 23,6 milhões de toneladas;

3) a produção mundial de milho subiu pra 796,2 milhões de toneladas, ganhando cerca de 6 milhões sobre a estimativa de junho;

4) os estoques finais mundiais, com isso, subiram para 257,2 milhões, ganhando cerca de 5 milhões de toneladas;

5) a produção brasileira seria de 9,5 milhões de toneladas e as exportações de 3 milhões;

6) as importações brasileiras de trigo somariam 5,5 milhões de toneladas;

7) a produção e a exportação argentina de trigo somariam, respectivamente, 18 e 11,5 milhões de toneladas;

8) assim, o preço médio, aos produtores estadunidenses de trigo, neste novo ano comercial, caiu para US$ 5,70/bushel.

Afora isso, o USDA divulgou que, no dia 14/07, a colheita do trigo de inverno, nos EUA, atingia a 71% da área, contra 62% na média histórica. Já as condições das lavouras de trigo de primavera, naquele país, na mesma data, registravam 77% entre boas a excelentes, 20% regulares e 3% ruins.

Por outro lado, os EUA haviam embarcado, na semana encerrada em 11/07, um total de 533.828 toneladas de trigo, superando as expectativas do mercado. Com isso, o total exportado no atual ano comecial chegou a 2,3 milhões de toneladas, ficando 26% acima do exportado no mesmo período do ano anterior.

Já na Argentina, o clima seco do mês de julho tende a atingir fortemente, de forma negativa, a produção de trigo local, segundo a Bolsa de Comércio de Rosário. A Bolsa cortou em 200.000 hectares a semeadura do cereal, com a mesma ficando em 6,72 milhões de hectares. Com isso, os argentinos esperam uma produção final ao redor de 20,5 milhões de toneladas de trigo.

Como se nota, bem acima da estimativa feita pelo USDA, em seu último relatório, que é de 18 milhões de toneladas. Lembrando que o vizinho país é o principal exportador de trigo para o Brasil, tendo vendido, no ano passado, 2,26 milhões de toneladas do cereal para nós, a partir de uma colheita parcialmente frustrada em 2023/24, que teria atingido cerca de 15 milhões de toneladas. A Bolsa de Rosário alerta ainda que o atual inverno poderá ser o mais severo dos últimos 60 anos naquele país. Ora, isso poderá atingir o sul do Brasil e suas lavouras de trigo.

E falando em Brasil, os preços do cereal, por aqui, se mantiveram estáveis nesta semana, com o Rio Grande do Sul registrando valores entre R$ 67,00 e R$ 68,00/saco, enquanto no Paraná o produto se manteve entre R$ 75,00 e R$ 76,00/saco.

As chuvas voltaram em grande quantidade no Paraná e Santa Catarina, enquanto no Rio Grande do Sul se iniciou um período seco e frio, o que é bom para a cultura do trigo neste momento. O problema é a falta de sol, já que o surgimento do mesmo tem sido escasso nestes últimos tempos no estado gaúcho. Isso pode atingir a produtividade do cereal.

Por outro lado, segundo a Secex, no acumulado do primeiro semestre do ano o Brasil importou 3,37 milhões de toneladas de trigo, contra 2,1 milhões no ano passado. Esse volume importado até o momento, em 2024, é o maior desde 2012. Ao mesmo tempo, as exportações brasileiras do cereal também foram recordes no primeiro semestre de 2024, atingindo a 2,48 milhões de toneladas, especialmente de trigo gaúcho.

Enfim, e de forma geral, os preços do trigo no Brasil apresentam variações conforme as diferentes regiões do país, como de costume. Por enquanto, segundo a Conab, haverá forte redução na área semeada neste ano. Isso ocorre devido aos baixos preços, risco climático, falta de sementes e prejuízos obtidos na safra anterior.

Assim, segundo o órgão público, a área total deverá recuar 11,6% no país. Mas espera-se que, se o clima for positivo, a produtividade aumente 25,1% em relação ao ano anterior, indo para 2.917 quilos/ha (48,6 sacos/ha). Caso ela se confirme, a produção pode chegar a quase 9 milhões de toneladas, ou seja, 10,6% acima do ano anterior, porém, menor do que o relatório do USDA acaba de indicar.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

Site: Informativo CEEMA UNIJUÍ

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