As cotações do trigo, em Chicago, se mantiveram relativamente estáveis nesta semana. O fechamento desta quinta-feira (28) ficou em US$ 5,78/bushel, considerando o primeiro mês cotado, contra US$ 5,75 uma semana antes.
Dito isso, o plantio do trigo de inverno, nos EUA, até o dia 24/09 atingia a 26% da área esperada, contra 29% na média histórica. Por sua vez, o trigo de primavera estava colhido em 96% da área, igualando-se à média histórica para a mesma data.
Em paralelo, na semana encerrada em 21/09, os EUA embarcaram um total de 451.004 toneladas de trigo, volume que ficou dentro das expectativas do mercado. No atual ano comercial 2023/24, o total embarcado chega a 5,63 milhões de toneladas, ou seja, 28,3% menos do que o embarcado no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, na Argentina as vendas de trigo relativas a próxima safra estão no ritmo mais lento dos últimos sete anos. Até o dia 13 de setembro o país vizinho registrou apenas 1,51 milhão de toneladas vendidas antecipadamente, em relação a nova colheita. Em 2022/23 as vendas, nesta época, chegavam a 5,28 milhões de toneladas.
Segundo setores produtivos argentinos, as baixas vendas estariam relacionadas às eleições presidenciais no país, previstas para o final de outubro. Alguns candidatos estariam prometendo a retirada dos impostos sobre as exportações em geral, incluindo o trigo, para o qual a mesma está fixada em 12%.
Por enquanto, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires projeta uma colheita de trigo ao redor de 16,5 milhões de toneladas, o que seria acima da frustrada safra anterior, porém, abaixo das expectativas iniciais do mercado que chegavam até 22 milhões de toneladas. De fato, mais uma vez o problema é climático no vizinho país, com muitas regiões ainda precisando de chuvas consistentes.
E na Ucrânia, apesar da guerra, a expectativa é de uma melhoria no volume colhido de grãos neste ano. Agora, a previsão é de 54,2 milhões de toneladas, contra 53,1 milhões anteriormente. Deste total, 21,5 milhões de toneladas seriam de trigo, 25,6 milhões de milho e 5,7 milhões de toneladas de cevada. O potencial de exportação da Ucrânia é de 34,2 milhões de toneladas de grãos em geral, incluindo 12,5 milhões em trigo e 19 milhões de toneladas em milho. (cf. Forbes)
Já no Brasil, os preços se estabilizaram, com leve melhora sobre as médias da semana anterior. A média gaúcha fechou a semana em R$ 54,00/saco, enquanto no Paraná os preços ficaram em R$ 50,00/saco.
Os moinhos compradores ainda aguardam a entrada de maiores volumes de trigo nacional, esperando preços mais baixos logo adiante. Dito isso, há muita preocupação com as perdas que ocorrem no Rio Grande do Sul devido as diferentes situações climáticas vividas no Estado nos últimos dois meses.
Enquanto isso, a colheita de trigo no país alcançou a 29% da área semeada nesta última semana de setembro, contra 18,7% registrados no mesmo período do ano anterior. (cf. Canal Rural)
Especificamente no Paraná, a colheita chegava a 60% da área, enquanto o restante das lavouras se apresentava com 75% em boas condições, 20% em situação média e 5% ruins. (cf. Deral) E no Rio Grande do Sul, no dia 21/09, 8% das áreas de trigo estavam em germinação, 39% em floração, 42% em fase de enchimento de grãos, e 11% em maturação. A colheita começou, ainda muito incipiente, no Noroeste gaúcho, com 0,3% da área colhida e uma produtividade média baixa, de 35,4 sacos/hectare, contra uma estimativa inicial de 51 sacos/hectare. Aliás, muito deste trigo que será colhido tende a apresentar, ainda, problemas de qualidade devido as intempéries. Estima-se que 20% do potencial produtivo estaria comprometido. (cf. Emater)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).