A colheita do trigo avançou pouco no Rio Grande do Sul na última semana devido a chuvas recorrentes. Isso trouxe apreensão ao mercado em relação à qualidade do produto a ser colhido. A Emater/RS disse, nesta quinta-feira, que boa parte das lavouras podem não ter sido tão prejudicadas, mas o excesso de umidade na colheita é sempre um fator de preocupação. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, apesar das boas chuvas na última semana, as lavouras em desenvolvimento mais adiantado já têm perdas irreversíveis. Vale lembrar que o Paraná já teve sua safra comprometida pelo clima adverso.
Conforme fontes ligadas ao mercado, desde a semana passada já se observava oferta de trigo da safra nova no Rio Grande do sul. A qualidade, antes das chuvas, era de boa a excelente. À medida que a ceifa avançou, a qualidade “despencou”, especialmente no Falling Number. “Como o PH manteve-se acima de 77/78 e como havia pouco trigo colhido, na grande maioria dos armazéns, os trigos foram misturados. Com isso, ‘perdeu-se a referência’ do pouco de trigo bom que se tinha”, disse a fonte.
Muitas cargas foram devolvidas pelos moinhos no início da semana devido às baixas classificações. No momento, os agentes evitam arriscar uma previsão quanto à qualidade do que ainda está no campo. No entanto, com a meteorologia indicando clima favorável nos próximos dias, a expectativa é de melhora.
Conab
A colheita de trigo avançou para 41,8% da área estimada para a temporada 2024 nos oito principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados recolhidos até 13 de outubro. Na semana anterior, a colheita estava em 36,7%. Em igual período do ano passado, o número era de 51,8%.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2023/24 de trigo do estado atingiu 79% da área estimada de 1,149 milhão de hectares. Ela deve ficar 19% abaixo dos 1,415 milhão de hectares cultivados em 2023.
Rio Grande do Sul
A colheita de trigo atinge 3% da área no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater/RS, na semana passada, os trabalhos ainda não chegavam a 2%. Em igual momento do ano passado, eram 20%. A média dos últimos cinco anos para o período é de 19%.
Argentina
As chuvas que atingiram a Argentina nos últimos dias alcançaram áreas de produção de trigo que estavam sob estresse hídrico. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, as áreas com desenvolvimento mais adiantado já apresentam perdas irreversíveis no potencial produtivo. Por outro lado, 65,1% das lavouras ainda estão nos estágios anteriores à floração e tem maior possibilidade de recuperação.
Para a próxima semana, há previsão de novas chuvas que atingiriam praticamente toda a área agrícola do país. Caso confirmadas, seriam benéficas à cultura.
As condições de cultivo se dividem entre boas (31%), médias (35%) e ruins (34%). Na semana passada, eram 29%, 33% e 38%, respectivamente. Em igual momento do ano passado, eram 11%, 42% e 47%. Atualmente, 47% das lavouras estão em déficit hídrico, contra 49% na semana passada. No mesmo momento do ano passado, eram 54%.
A área é estimada em 6,3 milhões de hectares. No ano passado, foram plantados 5,9 milhões de hectares.
Fonte: Gabriel Nascimento / Safras News