Saiba como as plantas daninhas podem ser classificadas e entenda melhor como este conhecimento poderá lhe auxiliar na tomada de decisão.
As plantas daninhas podem ser classificadas de acordo com:
- seu ciclo de vida;
- o hábitat;
- família (classificação botânica).
Classificação quanto ao ciclo
Podemos classificar as plantas daninhas de acordo com o seu ciclo de vida em:
- anuais;
- bianuais;
- perenes.
As plantas daninhas anuais são aquelas que germinam e realizam seu ciclo completo (desenvolvimento vegetativo, florescimento e produção de sementes) em um ano.
Elas podem ser divididas em:
- anuais de verão: germinam na primavera, atingem a maturidade no verão e completam o ciclo no outono. As sementes então permanecem dormentes até a primavera.
Fonte: Christoffoleti, P.J.
- anuais de inverno: germinam no outono, atingem a maturidade no inverno e completam o ciclo no final da primavera/início do verão.
Fonte: Christoffoleti, P.J.
As plantas daninhas bianuais completam seu ciclo em dois anos. No geral, durante o primeiro ano elas germinam e vegetam e, no segundo ano, florescem e produzem sementes e depois morrem.
Planta daninha bianual: Rubim (Leonorus sibiricus)
Já as plantas daninhas perenes tem capacidade de permanecer no campo por mais de dois anos, por meio da reprodução de sementes ou propágulos vegetativos.
As plantas daninhas perenes podem ser classificadas em:
Planta daninha perene herbácea simples: Taraxacum officinale (dente-de-leão). Fonte: ecycle.
Planta daninha perene herbácea complexa: Imperata brasiliensis. Fonte: FEIS.
Planta daninha perene lenhosa: Senna obtusifolia (fedegoso). Fonte: Agriculture and Food.
- perenes rizomatosas: Sorghum halepense
Planta daninha perene rizomatosa: Sorghum halepense (capim-massambará).
Planta daninha perene tuberosa: Cyperus rotundus (tiririca).
Entender sobre o ciclo de vida das plantas daninhas presentes na sua área traz informações muito importantes em relação ao manejo que poderá ser adotado.
Por exemplo, plantas daninhas perenes poderão ser mais difíceis de controlar, necessitando de herbicidas capazes de translocar no interior da planta e atingir os órgãos de propagação vegetativa, como bulbos, tubérculos e rizomas.
Plantas daninhas anuais são grandes fontes de introdução de sementes no banco de propágulos do solo.
Espécies que possuem reprodução por tubérculos, bulbos e rizomas não podem ser controladas com capina, pois esta quebra as estruturas de reprodução e, cada uma poderá dar origem a outra planta.
Algumas plantas daninhas como o picão-preto e as cordas-de-viola, rebrotam após terem sido roçadas.
Assim, conhecer o ciclo de vida e a biologia das espécies presentes na área, auxilia nos métodos de manejo adotados.
Classificação quanto ao hábitat
As plantas daninhas também podem ser classificadas de acordo com o ambiente em que vivem em:
- terrestres;
- de baixada;
- aquáticas;
- indiferentes;
- parasitas.
As plantas daninhas terrestres podem ser indicadoras de fertilidade do solo, a beldroega por exemplo se desenvolve melhor em solos férteis, já as espécies de guanxuma em solos ácidos ou de baixa fertilidade, outras são indiferentes à fertilidade, como as tiriricas.
Plantas daninhas terrestres: Guanxuma (foto da esquerda) e beldroega (foto da direita).
As plantas de baixada crescem melhor em solos orgânicos e úmidos, como por exemplo a Alternanthera philoxeroides.
Planta daninha de baixada: Alternanthera philoxeroides. Fonte: Alchetron.
As plantas daninhas aquáticas são classificadas em:
- marginais (Urochloa purpuracens)
Eichornia crassipes (aguapé). Fonte: Infograma.
- aquáticas submersas livres (algas)
- aquáticas submersas ancoradas (Egeria densa)
Egeria densa (elódea). Fonte: Casa da Ciência.
- aquáticas emergentes (Thypha angustifolia)
Thypha angustifolia (taboa). Fonte: Plantatlas.
Classificação botânica
A classificação botânica das plantas daninhas é feita de acordo com as famílias presentes no Brasil, as principais são:
- Amaranthaceae;
- Asteraceae;
- Boraginaceae;
- Brassicaceae;
- Commelinaceae;
- Convolvulaceae;
- Cucurbitaceae;
- Cyperaceae
- Euphorbiaceae;
- Fabaceae;
- Lamiaceae;
- Malvaceae;
- Poaceae;
- Polygonaceae;
- Portulacaceae;
- Rubiaceae;
- Solanaceae.
Nos próximos textos vamos ver quais as plantas daninhas representantes destas famílias, e quais são as características que identificam cada família.
Entender a classificação botânica das plantas daninhas nos ajuda na correta identificação das espécies, e por consequência nos auxilia na tomada de decisão quanto ao manejo.
Conclusão
No texto de hoje vimos que as plantas daninhas podem ser classificadas de acordo com o seu ciclo de vida, habitat e botanicamente.
Entendemos melhor como o conhecimento da classificação e da biologia das plantas daninhas nos auxilia na tomada de decisão quanto ao manejo adotado para controle.
Gostou do texto? Tem mais dicas sobre os classificação das plantas daninhas? Adoraria ver o seu comentário abaixo!
Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli é Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente está cursando MBA em Agronegócios.
Referências utilizadas neste artigo:
Aspectos da biologia e manejo das plantas daninhas / organizado por Patrícia Andrea Monquero – São Carlos: RiMa Editora, 2014.
Biologia e manejo de plantas daninhas / editores: Rubem Silvério de Oliveira Jr., Jamil Constantin e Miriam Hiroko Inoue – Curitiba, PR: Omnipax, 2011.