Potássio em soja

O Potássio (K) é o segundo macronutriente mais requerido pela soja, ficando atrás apenas do Nitrogênio. São extraídos cerca de 38 kg K2O para cada tonelada de soja produzida (Embrapa Soja, 2008), o que torna necessário aportar elevadas quantidades de potássio em função das expectativas de produtividade.

Sobretudo, nem sempre elevadas as doses desse macronutriente podem trazer efeitos benéficos para a cultura, principalmente quando empregadas elevadas doses no estabelecimento das culturas. Os fertilizantes potássicos a base de Cloreto de Potássio (KCl) são conhecidos por apresentar efeito salino.

Efeito salino do Cloreto de Potássio

Visando quantificar o dano causado pelo Potássio na cultura da soja, Salto et al. (2002) analisaram a influência de diferentes doses de fertilizantes na linha de semeadura. Conforme resultados observados pelos autores, à medida que há o aumento da dose de Potássio (K2O) na linha de semeadura, tem-se a redução do estande de plantas (figura 1 – A), da altura e comprimento do sistema radicular das plântulas (figura 1 – B), demonstrando os danos ocasionados por elevadas doses de potássio na linha de semeadura.


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Figura 1. A –  Estande soja, 20 dias após a semeadura em doses de potássio na linha. B – Aspecto de plântulas de soja submetidas a doses de adubação com potássio.
Adaptado: Salton et al. (2002)

Os prejuízos da elevada adubação potássica na base de semeadura foram corroborados por De Paula et al. (2020). Avaliando os efeitos da salinidade do Cloreto de Potássio na emergência e no crescimento inicial de plântulas de soja, os autores observaram que a germinação das sementes e atributos morfológicos das plântulas são afetados pela salinidade desse fertilizante, principalmente quando há o contato direto entre semente com o Cloreto de Potássio.

Os resultados obtidos por De Paula et al. (2020), indicam que o contato da semente com o cloreto de potássio reduz o desempenho das plântulas de soja (tabela 1), afetando o estabelecimento da cultura.

Tabela 1. Emergência (EMER), massa seca de raízes (MSR), massa seca de parte aérea (MSPA), altura de plantas (AP) e comprimento de raízes (CR) em diferentes profundidades aos 15 dias após a semeadura.
*PROF: Profundidade de adubação
Fonte: De Paula et al. (2020)

Vale destacar que esses efeitos prejudiciais no estabelecimento da soja são observados principalmente quando há o aporte de elevadas doses de Cloreto de Potássio na linha de semeadura e/ou o contato direto da semente com o fertilizante. Por ser considerado um nutriente móvel no solo, e na planta, uma alternativa para mitigar os efeitos salinos do cloreto de potássio na linha de semeadura é o fracionamento da adubação potássica.

Manejo

Conforme orientações de manejo, deve-se evitar a aplicação de quantidades acima de 40 kg ha-1 a 50 kg ha-1 de K2O no sulco de semeadura. Em solos com menos de 40% de argila, a adubação de potássio deve ser feita com um terço da dose no sulco de semeadura e com dois terços em cobertura, a qual deverá ser feita 30 a 40 dias após a emergência das plantas, para cultivares de ciclo precoce ou tardio (Oliveira Junior et al., 2020).


Veja mais: Épocas e formas de aplicação do potássio podem influenciar a produtividade da soja?



Referências:

DE PAULA, R. H. R. et al. EFEITO DA SALINIDADE DO CLORETO DE POTÁSSIO NA EMERGÊNCIA E NO CRESCIMENTO INICIAL DEPLÂNTULAS DE SOJA. Revista PesquisAgro, 2020. Disponível em: < https://periodicos.cfs.ifmt.edu.br/periodicos/index.php/agro/article/view/120/112 >, acesso em: 18/04/2024.

EMBRAPA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL – 2009 E 2010. Embrapa, Sistemas de produção, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/471536/1/Tecnol2009.pdf >, acesso em: 18/04/2024.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Tecnologias da produção de Soja, Sistemas de produção, n. 17, cap. 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 18/04/2024.

SALTON, J. C. et al. CLORETO DE POTÁSSIO NA LINHA DE SEMEADURA PODE CAUSAR DANOS À SOJA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 64, 2002. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/247417/1/COT200264.pdf >, acesso em: 18/04/2024.

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