A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou nesta semana uma série de encontros para levantar os custos de produção de grãos, café, cana-de-açúcar, pecuária de corte, pecuária de leite, batata e eucalipto.
Os encontros ocorreram de forma presencial e virtual com produtores, federações de agricultura e pecuária, sindicatos rurais e cooperativas do Paraná, Goiás, Bahia e Minas Gerais, além de representantes de universidades e centros de pesquisa.
Grãos – Os painéis de custos de produção da safra 2022/2023 de soja, milho, trigo e feijão ocorreram no Paraná, com a participação do Cepea (Esalq). Houve encontros em Guarapuava, na terça (18), em Cascavel, na quarta (19) e em Londrina, na quinta (20).
O assessor técnico da Comissão nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas, Tiago pereira, acompanhou os encontros.
Segundo informações preliminares, as produtividades médias obtidas para a soja safra 2022/2023 foram de 68 sacas por hectare em Cascavel e em Guarapuava e de 34 sacas/ha em Londrina. Para o milho 2ª safra, os produtores estimam colher 90 e 104 sacas/ha, em Cascavel e em Londrina, respectivamente.
Para o milho 1ª safra, a produtividade média em Guarapuava foi de 191 sacas/ha. O trigo aumentou em área nas regiões pesquisadas, com o fechamento de produtividade de 56 e 68 sacas/ha em Cascavel e Guarapuava.
Já o feijão cultivado na 1ª safra (águas) e 2ª safra (seca), em Guarapuava, fechou com produtividades médias de 42 e 29 sacas/ha, respectivamente.
No período analisado, os custos com fertilizantes para a soja tiveram alta de 96% em Londrina e de 113% para o milho em Cascavel. Para os inseticidas, a alta foi de 235% na soja cultivada em Cascavel. Para as herbicidas no trigo cultivado em Guarapuava, os gastos quadruplicaram.
Café – O painel de café arábica foi feito em Londrina (PR), na terça (18), com o apoio do Centro de Inteligência de Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA). A assessora técnica da Comissão Nacional do Café, Raquel Miranda, participou do levantamento.
A propriedade modal foi caracterizada com 10 hectares de área produtiva, predominantemente conduzida com mão de obra familiar e contratação de trabalhadores no período de colheita. O cultivo é realizado em sequeiro com condução semimecanizada.
Em comparação com o levantamento dos custos realizado em 2022, os desembolsos com os principais componentes do custo de produção sofreram aumentos de 47% com mão-de-obra, 28% para os desembolsos com mecanização e 58% com defensivos.
Os desembolsos com fertilizantes recuaram 41%, possibilitando uma redução de 5,6% no total dos desembolsos diretos. No entanto, no mesmo período, a Receita Bruta da atividade encolheu 40,8%, reduzindo as margens do produtor.
Cana-de-açúcar – Na quarta (19), foi realizado um painel em Rio Verde (GO). Os participantes definiram uma propriedade modal que conta com 450 hectares de produção e 7 cortes por ciclo produtivo.
A assessora técnica Eduarda Lee participou dos encontros, que tiveram o apoio do Pecege.
A produtividade média da região é de cerca de 90 toneladas por hectare e qualidade da matéria-prima de 140 quilogramas de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana.
Já na quinta (20), os custos foram levantados em Goiatuba, com propriedade de 1000 hectares, 6 cortes, produtividade de 86 toneladas por hectare e 143 kg de ATR por tonelada. Nessa região, diferente de Rio Verde, 100% do plantio é feito de forma manual.
Pecuária de corte – O encontro aconteceu na terça (18), em Uberlândia (MG), em uma propriedade típica com sistema de produção de cria, com animais de genética Nelore e o uso de inseminação artificial em tempo fixo (IATF).
Nesta propriedade típica da região, o pecuarista conseguiu encerrar o ano pagando seus desembolsos anuais, gerando receita suficiente para a reposição das suas benfeitorias, maquinários e pastagem.
Ele conseguiu pagar os custos de apreciação e do pró-labore. Contudo, ainda não conseguiu pagar os custos de oportunidade, tanto pelo uso da terra, quanto pelo capital investido, pondo em risco a perenidade desse sistema de produção no longo prazo.
O assessor do Núcleo de Inteligência de Mercado da CNA, Thiago Rodrigues, fez a abertura do painel, que teve participação do Cepea.
Pecuária de leite – Na quinta (18), foi realizado painel em Itamaraju (BA). A propriedade modal característica foi de 56 hectares, produzindo 80 litros de leite por dia com rebanhos mestiços girolando. Segundo o assessor técnico da CNA Guilherme Dias, a região tem grande influência da pecuária de corte.
De acordo com o levantamento, a receita obtida pelo leite permitiu cobrir os desembolsos da atividade, mas ultrapassou em 8,13% os custos operacionais totais, que consideram depreciação e o pró-labore do produtor.
Eucalipto – A assessora técnica Eduarda Lee acompanhou o painel realizado na sexta (21), em Curvelo (MG). Na propriedade modal definida pelos produtores e técnicos da região, que conta com 100 hectares de produção, o índice de matéria acumulada (IMA) é de 35 m3/ha/ano.
O ciclo de produção da cultura é de 6 anos, sem desbastes ao longo do tempo. A madeira é destinada à produção de carvão vegetal.
Batata – O painel aconteceu na terça (18), em São Gotardo (MG). O levantamento foi realizado a partir da definição da propriedade modal para a região, indicando as características que estão presentes na maioria das propriedades com a atividade produtiva.
A região possui duas safras produtivas: a de verão, ou das águas, com plantio entre novembro e janeiro, e a de inverno, com plantio a partir de março. Foram considerados os custos e os preços praticados na última safra de verão, 2022/2023.
A propriedade modal foi definida em 50 hectares cultivados, com produtividade média de 1.600 sacas de 25 quilogramas por hectare e manejo semimecanizado.
Segundo a assessora técnica da CNA Letícia Fonseca, o uso da mecanização na colheita ainda é muito restrito, o que eleva a necessidade de mão-de-obra. Também foi constatada uma alta participação de insumos na composição dos custos.
Fonte: CNA