As cotações domésticas do trigo oscilaram com certa força ao longo de agosto, mas fecharam o mês em alta. Do lado comprador, muitos estiveram retraídos, no aguardo de aumento na oferta com o início da colheita e de possíveis valores inferiores aos observados no primeiro semestre deste ano.
Já vendedores, por sua vez, pediram preços maiores por lotes remanescentes de trigo, de olho na produtividade e na qualidade do grão da temporada 2019/20, que podem ser prejudicadas pelo clima desfavorável.
No acumulado do mês (de 31 de julho a 30 de agosto), as cotações do grão no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registraram alta de 1,4% no Rio Grande do Sul, mas ficaram estáveis no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores subiram 1,9% no Paraná e 0,3% no Rio Grande do Sul; em São Paulo, houve estabilidade.
CAMPO – Até o encerramento de agosto, as lavouras nacionais se desenvolviam bem. O clima seco em agosto deixou triticultores em alerta, mas chuvas no último final de semana do mês deram certo alívio, visto que boa parte das lavouras estava em períodos de floração e de frutificação, fases que exigem maior umidade no solo e que são determinantes para uma boa produção.
No Paraná, até o encerramento de agosto, a colheita alcançava 3% da área, segundo o Deral/Seab. Triticultores reportam que a qualidade, até o final do mês, era inferior à esperada e preferiram aguardar para comercializar os lotes da temporada 2019/20. Ainda segundo o Deral/Seab, 55% das lavouras apresentavam condições boas, 35%, médias e 10%, ruins.
No Rio Grande do Sul, a colheita deve se iniciar em setembro. Até o final de agosto, 69% das lavouras estavam na fase de desenvolvimento vegetativo, 27%, em floração e 4%, em enchimento de grão, em linha com os dados da safra anterior. De modo geral, produtores monitoram pragas e doenças, realizando o controle quando necessário.
Na Argentina, o clima seco até o final de agosto atrasou o desenvolvimento do trigo e dificultou a aplicação de fertilizantes – segundo informações da Bolsa de Cereales. Na última semana de agosto, 89,5% das lavouras argentinas apresentavam condições entre normais e excelentes, contra 92,5% até a terceira semana do mês.
Em território norte-americano, a colheita do cereal de inverno estava se aproximando do fim, restando apenas 4% no campo até o encerramento de agosto, de acordo com dados do USDA divulgados no dia 25 de agosto. Em relação ao cultivo de primavera, a colheita alcançou 38% da área total, rápido avanço de 22 p.p em relação à semana anterior. Do que ainda não foi colhido, 94% estavam em boas condições, 6% eram classificadas como ruins e 1% estava em situação muito ruim.
DERIVADOS – Em agosto, as cotações internas das farinhas oscilaram e as dos farelos subiram. O movimento misto de preço de alguns derivados esteve atrelado ao fato de as negociações envolverem pequenos volumes e de a moagem estar baixa – pontualmente, alguns moinhos interromperam o processamento para fazer as manutenções necessárias. Para o farelo, a demanda esteve aquecida em boa parte do mês.
aAssim, no correr de agosto, os preços das farinhas para massas frescas, 0,29%, respectivamente. Já para a farinha integral, bolacha salgada e prémistura, os valores registraram altas de 0,9%, 0,17% e 0,13%, na mesma ordem.
Para os farelos, houve valorização de 3,52% para o a granel e de 2,65% para o ensacado.
PREÇOS INTERNACIONAIS – No front externo, o cenário foi de desvalorização. O fortalecimento do dólar e a proximidade do término da colheita norte americana pressionaram os valores. Neste caso, considerando-se as médias de julho e agosto, os primeiros vencimentos do trigo Soft Red Winter, negociado na CME Group, e do Hard Red Winter, na Bolsa de Kansas, recuaram expressivos 5,6% e 9,5%, respectivamente, a US$ 4,7541/bushel (US$ 174,68/t) e a US$ 3,9857/bushel (US$ 146,45/t) em agosto.
Na Argentina, a pressão veio da produção recorde. Os preços FOB, divulgados pelo Ministério da Agroindústria, caíram 2,6% de julho para agosto, a US$ 237,76/tonelada no último mês. Agentes têm expectativa de melhores oportunidades de comercialização, fundamentados no aumento do consumo global, tendo em vista que a Argentina pode disputar espaço com outros importantes exportadores.
SECEX – Em agosto, segundo dados da Secex, as importações de trigo em grão somaram 486,6 mil toneladas, volume 12,8% inferior ao de julho/19. Desse total, 77,5% vieram da Argentina, 9,6%, do Paraguai, 7,2%, do Canadá, 3,5%, dos Estados Unidos e 2,5%, do Uruguai. As exportações caíram e somaram pouco mais de 51 toneladas.
Para as farinhas, as aquisições no mercado internacional recuaram 0,9% frente a julho/19, indo para 31,9 mil toneladas. As vendas brasileiras no mercado externo foram de 764 toneladas.
Fonte: Cepea