Por Adriane Bertoglio Rodrigues/Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

A alternância de períodos chuvosos e temperaturas amenas ao longo de setembro e outubro sobre o Rio Grande do Sul estende as fases vegetativa e de formação de grãos do trigo, e reflete a maturação mais lenta das lavouras, cuja colheita alcança 42% da área cultivada, índice inferior à média das últimas cinco safras (64%) para o mesmo período. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (06/11), atualmente 36% das áreas de trigo se encontram em maturação fisiológica, 20% em enchimento de grãos, e 2% ainda em floração, evidenciando desenvolvimento gradual, mas mais tardio do que o observado em anos anteriores.

O quadro climático recente, caracterizado por umidade do solo elevada e satisfatória luminosidade entre os intervalos de chuva, tem favorecido as lavouras de trigo, contribuindo para o bom peso de grãos e para a uniformidade das espigas nas áreas colhidas. A qualidade industrial se mantém dentro dos padrões de panificação e de moagem observados nas melhores safras. As produtividades médias iniciais variam entre 2.800 e 3.500 kg/ha, conforme a fertilidade do solo, o regime hídrico e a época de semeadura. A Emater/RS-Ascar estima a área cultivada de trigo no Estado em 1.141.224 hectares, com produtividade de 3.261 kg/ha.

A cultura da aveia branca está em plena colheita nas principais regiões produtoras do Estado, e a produtividade dentro do esperado, apesar de variações pontuais decorrentes de diferenças edafoclimáticas e de manejo. A qualidade dos grãos tem se mantido satisfatória, com bom PH e uniformidade, favorecendo a destinação industrial. A Emater/RS-Ascar estima que estão cultivados 393.252 hectares de aveia-branca. A produtividade atual está em 2.445 kg/ha.

Avança o ciclo final da cultura de canola, com 27% das lavouras em fase de maturação, com a colheita em ritmo intenso nas regiões produtoras, atingindo aproximadamente 70% da área cultivada no Estado. Em áreas com melhor manejo e uso de cultivares adaptadas, os rendimentos têm superado 2.400 kg/ha. Nas lavouras de menor investimento ou afetadas pelo excesso de chuvas no momento da implantação, a produtividade está abaixo de 1.500 kg/ha. A estimativa da Emater/RS-Ascar para a safra é de 176.076 hectares de cultivo, e a produtividade de 1.659 kg/ha.

A cultura da cevada avança para a fase final do ciclo, e a colheita está em andamento na maior parte das regiões produtoras. Estima-se que 30% foram colhidos e os grãos apresentam tamanho e germinação adequados, mas aumentou os defeitos de origem microbiana (DOM), pela elevação da umidade ambiental. O poder germinativo sofreu pequena redução, mas ainda sem ser motivo de desclassificação para o processo de malteação. A Emater/RS-Ascar estima área cultivada em 31.613 hectares e produtividade em 3.458 kg/ha.

Culturas de verão

Soja – A implantação das lavouras de soja evolui de maneira desigual no Estado, em razão do prolongamento do ciclo das culturas de inverno e da irregularidade das chuvas, que causa variabilidade da umidade do solo. A área semeada alcança 14% dos 6.742.236 hectares previstos, mas os maiores avanços ocorreram em locais de precipitações mais regulares, que propiciaram boas condições para a germinação e emergência. Os produtores esperam precipitações generalizadas que permitam a intensificação dos trabalhos de campo e o avanço do plantio até meados de dezembro, período usual de encerramento da semeadura da cultura. No entanto, observa-se redução no investimento em insumos especialmente fertilizantes , em função do custo elevado e da limitação de crédito, o que poderá impactar as produtividades médias esperadas. Para a Safra 2025/2026, no Rio Grande do Sul, a projeção da Emater/RS-Ascar e produtividade média de 3.180 kg/ha.

Milho – O retorno das chuvas no período repôs a umidade no solo e proporcionou condições para a retomada da semeadura do milho, que atinge 77% da área projetada para o RS nesta safra. As lavouras se encontram predominantemente em fase vegetativa (90%). As áreas semeadas mais precocemente (10%) iniciam os estágios de pendoamento e de floração, especialmente nas regiões de relevo mais baixo e de solos com maior fertilidade. O estande de plantas está, em geral, satisfatório, e a coloração verde intensa das folhas indica nutrição nitrogenada e condições fisiológicas adequadas. A amplitude térmica entre o dia e a noite beneficiou o crescimento das plantas, principalmente nas lavouras em início de florescimento, que apresentam excelente potencial produtivo. Estima-se o cultivo de 785.030 hectares e produtividade de 7.370 kg/ha, segundo a Emater/RS-Ascar.

Milho silagem – Houve prosseguimento na semeadura escalonada de milho para silagem. Na Região da Campanha, os produtores realizam a semeadura em duas épocas, para minimizar riscos considerando a previsão do fenômeno La Niña: a primeira entre outubro e novembro; e a segunda entre dezembro e janeiro. No Alto Uruguai, a semeadura está mais adiantada em comparação com outras regiões, principalmente nos cultivos que receberam adubação orgânica para reduzir os custos de implantação. Segundo a Emater/RS-Ascar, na Safra 2025/2026 a área de milho silagem alcançará 366.067 hectares e produtividade de 38.338 kg/ha.

Arroz – A semeadura avança de forma gradativa em conformidade com as condições de umidade do solo e com o cronograma operacional das lavouras. O percentual médio de área já implantada é considerado satisfatório para o período: entre 40% e 60% nas principais regiões produtoras, e mais de 90% nas áreas mais adiantadas. Em geral, as lavouras estabelecidas apresentam desenvolvimento adequado, estandes uniformes e plantas vigorosas, compatível com a época do ciclo. Nas áreas onde a semeadura atrasou devido ao excesso de umidade ou à permanência de solos saturados, o plantio deve se estender até o final de novembro e início de dezembro. A área a ser cultivada está estimada em 920.081 hectares (IRGA). A produtividade está estimada pela Emater/RS-Ascar em 8.752 kg/ha.

Feijão 1ª safra – A cultura do feijão de 1ª safra apresenta bom desenvolvimento vegetativo na maior parte das regiões produtoras, favorecido pelas chuvas do período, que restabeleceram os níveis de umidade do solo e permitiram a retomada das semeaduras em atraso. O estande de plantas indica adequada nutrição e manejo. Nas áreas mais precoces, observa-se o início da floração e do enchimento de vagens, com vigor e potencial produtivo satisfatórios. As temperaturas mais baixas, registradas após os eventos de chuva, não ocasionaram danos expressivos, exceto em algumas lavouras em floração. A área projetada de feijão 1ª safra pela Emater/RS-Ascar é de 26.096 hectares. A produtividade média está estimada em 1.779 kg/ha.

Pastagens e criações

Os campos nativos, especialmente os melhorados, estão na fase de rebrota. As pastagens de aveia e de azevém comum se encontram na fase reprodutiva, e as de azevém tetraploides, na vegetativa, com produção e qualidade satisfatórias. As espécies de verão estão em etapa de implantação, favorecida pelo regime de chuvas, em geral regular, embora em algumas regiões a baixa luminosidade e a escassez de precipitações tenham limitado o crescimento inicial e prolongado o vazio forrageiro. Diversos produtores realizaram a fenação e a confecção de silagem para garantir reservas estratégicas de alimento para o rebanho no período de transição.

Bovinocultura de corte – O estado nutricional e sanitário e o escore corporal dos animais estão adequados. Houve relatos de infestação por ectoparasitas, como carrapatos e mosca-dos-chifres, favorecida pelo clima quente e úmido. Os lotes têm sido retirados das pastagens de inverno e alocados nos campos nativos, cuja oferta de forragem tem atendido às diferentes categorias animais, desde terneiros em crescimento até matrizes em lactação. Nos sistemas de cria, estão em andamento os partos e os cuidados com os terneiros. Neste início de novembro, os produtores iniciaram ou se preparam para a estação de monta.

Bovinocultura de leite – A produção foi satisfatória na maioria das regiões, e as vacas em lactação apresentam condição corporal adequada. As melhores áreas de pastagem foram destinadas aos animais em produção, com complementação alimentar por meio de silagem e de ração. Houve infestações por bernes e aumento da população de moscas, o que demandou intensificação dos tratamentos. Foram relatados ataques de mutucas e de borrachudos, levando os produtores a adotar horários alternativos de pastejo para reduzir o estresse e evitar a queda no consumo.

Apicultura – Houve aumento na movimentação das colmeias, que apresentam enxames fortes e sanidade adequada. Há também intensa formação e liberação de novos enxames. Em alguns municípios, a colheita foi iniciada. As condições climáticas têm sido favoráveis, como a redução do frio e o retorno de dias ensolarados, que estimularam a floração de guabiroba, vassourão, trevo, nabiça e de frutíferas em geral.

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