A ausência de chuvas durante mais uma semana favoreceu a colheita do trigo no RS, avançando 29% e chegando a 60% das áreas colhidas – equivalente a 550 mil hectares. Além de favorecer a colheita, a falta de chuvas também acelerou o ciclo da cultura.

Na regional de Santa Rosa, a colheita se encaminha para o final, chegando a 82%. O restante das áreas deve ser colhido nesta semana. A produtividade média reduziu ainda mais com a colheita de lavouras mais tardias, bastante afetadas na formação e maturação do grão, com redução média estimada de 48%; a produtividade média atual é de 1.584 quilos por hectare.

Algumas lavouras em baixadas apresentam perda superior a 80%. Nas Missões, onde o plantio ocorre um pouco mais tarde, as lavouras sofreram um pouco menos que as da Fronteira Noroeste. Muitas lavouras já foram vistoriadas para fins de Proagro e liberadas para colheita. Até 23/10, foram encaminhados 1.600 comunicados de perdas aos escritórios da Emater/RS-Ascar para realização de perícias. Lavouras precoces mostram mais danos, algumas de cinco a 10 sacas por hectare. Há desuniformidade nas áreas, com partes das plantas sem nada de grão, outras com espigas falhadas e algumas com espigas mais cheias.

Na última semana, muitas lavouras amparadas pelo Proagro foram colhidas sem o picador de palha para fazer feno de palha de trigo, como alternativa de alimentação para o gado e vacas secas, tendo em perspectiva a pouca oferta de forragem no verão e a produção de silagem da primeira safra. Áreas do tarde apresentam alguma perda do potencial produtivo em função da seca – as espigas estão secando ou adiantando a maturação em função do calor excessivo e da baixa umidade do ar e do solo, o que provoca redução do peso e tamanho do grão.

Entretanto, a produtividade de muitas dessas lavouras já colhidas é superior a 3.600 quilos por hectare; é boa a qualidade do grão, com pH superior a 78, com boa rentabilidade econômica. Não fossem as geadas, a região estaria colhendo uma excelente safra de trigo neste ano.

Na de Frederico Westphalen, a colheita atingiu 71% das lavouras, e o pH é superior a 78, condição para produto de boa qualidade. O desempenho médio da cultura é de 3.420 quilos por hectare, 30% menor que a expectativa inicial; a produtividade varia entre lavouras, de mil a quatro mil quilos por hectare.

Na regional de Ijuí, avança a colheita de trigo, com queda de produtividade. Foram colhidos 55% das lavouras, e a produtividade média está um pouco acima de 35 sacas por hectare. O clima seco ocorrido na semana proporcionou boas condições para a realização da colheita da cultura. Lavouras seguem apresentando grande variação de produtividade dentro de uma mesma área. Produtores com colheitadeiras equipadas com dispositivos de verificação de produtividade instantânea informam registro de até dois mil quilos por hectare na variação de produtividade nos talhões que são colhidos.

Os perfilhos atrasados não completaram o enchimento dos grãos devido à falta de chuvas. A qualidade do produto colhido é muito boa, ficando acima de 76 pontos de pH; o maior volume produzido alcança pH acima de 78, considerado produto de qualidade superior tipo 1, com melhor valor de comercialização. No município de Ijuí, são registradas as menores produtividades da região, pois além da geada houve queda de granizo que comprometeu a cultura. Em Cruz Alta e Jóia, com as maiores áreas cultivadas da região, os impactos foram menores, e poderão atingir produtividade média acima de 40 sacas por hectare.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, a colheita acelerou com tempo seco. Em Maçambará, a produtividade média é menor que 2,4 toneladas por hectare
estimados inicialmente; varia de 1,8 toneladas nas lavouras precoces afetadas pelas geadas a algumas com 3,6 toneladas por hectare em lavouras bem manejadas e semeadas no final do período. Em São Borja, as produtividades melhoraram, mas ainda prosseguem as vistorias de seguro do Proagro. Na Campanha, em Caçapava do Sul, a colheita alcançou 70% da área.

Onde as lavouras estão em enchimento de grãos, o período seco prolongado projeta expectativas negativas ao potencial produtivo, embora ainda apresentem boas condições sanitárias. Nas de Erechim e Passo Fundo, a colheita avançou para 30% da área. Na de Erechim, a produtividade média é de 50 sacos por hectare; há expectativa de uma progressiva e maior redução quanto mais tarde o trigo tiver sido plantado. O pH varia de 77 a 81.



Na de Santa Maria, a colheita já passa dos 25% da área; 67% dos cultivos se encontram na fase de maturação fisiológica, e a produtividade média até o momento está muito boa, alcançando 2.600 quilos por hectare. No entanto, há problema de qualidade de grão. Na de Soledade, 20% das lavouras foram colhidas e 70% delas se encontram em maturação ou com grão maduro para colher. O aspecto geral das lavouras é bom, e se encaminham para a plena colheita. Lavouras em enchimento de grãos (10%) poderão ter algumas perdas em função da deficiência hídrica das últimas semanas; porém, no geral as lavouras apresentam produtividades dentro da média esperada.

A produtividade das lavouras manejadas com alta tecnologia alcança 4.200 quilos por hectare e pH acima de 80. A média na região é de 2.880 quilos por hectare. Entre produtores que encaminharam laudo preliminar de Proagro, alguns estão desistindo, pois a perda projetada não se consolidou. Produtores finalizam os tratamentos fúngicos, e as lavouras estão livres de ataques de pragas.

Na regional de Lajeado, mais de 40% da área foi colhida, e a produtividade média é boa, de 2.324 quilos por hectare. A recente redução dos volumes de chuva não prejudicou os cultivos de trigo na região, cuja grande maioria já se encontrava na fase final de enchimento de grãos e maturação; assim, o clima mais seco é até desejável nessa fase, evitando comprometer a qualidade do grão.

Na de Caxias do Sul, as lavouras nos municípios de menor altitude correspondem a 10% da área semeada na região; encontram-se em fase de enchimento de grãos e maturação. Já nos Campos de Cima da Serra, a fase predominante é de enchimento de grãos. Produtores estão apreensivos com a falta de chuva, que poderá reduzir o potencial produtivo que, até o momento, é de uma excelente safra.

Na regional de Pelotas, até o momento as condições climáticas são boas para a cultura, que apresenta bom desenvolvimento e sanidade. Estão na fase de enchimento de grãos 66% da área cultivada; há também áreas em maturação fisiológica, e aproximadamente 7% ainda em florescimento. A perspectiva é de boa colheita. Triticultores realizam rigorosamente as aplicações preventivas de fungicidas para o manejo das doenças.

Mercado (saca de 60 quilos)

No levantamento semanal realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, o preço do trigo chegou a R$ 76,50; em relação ao registrado na semana anterior, corresponde a mais de R$ 6,00 aumento, ou 7,96%. Nas regionais da Emater/RS-Ascar de Erechim e Caxias do Sul, o preço aumentou para R$ 77,00; na de Bagé, R$ 62,00; Santa Maria, R$ 76,18; Soledade, R$ 75,67; na de Santa Rosa, R$ 74,50. Algumas empresas realizam contratos para pagamento de R$ 81,00/sc. em janeiro de 2021. O grão que não atingiu o pH, tipo triguilho, é comercializado de R$ 0,80 a R$ 1,00/kg para os produtores de leite, com forte procura.

Na de Ijuí, o preço médio é de R$ 76,30. Disponível em Cruz Alta, a R$ 84,00. Na de Frederico Westphalen, R$ 76,50; e na de Passo Fundo, entre R$ 73,00 e R$ 78,00/sc.



Fonte: Emater/RS

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