Por Adriane Bertoglio Rodrigues/Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

A colheita do trigo no Rio Grande do Sul está em finalização, restando apenas 1% por colher nas áreas localizadas em altitudes elevadas do Planalto e dos Campos de Cima da Serra, onde o ciclo se alongou, em razão do maior período vegetativo. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (11/12), na região de Caxias do Sul a colheita do trigo avançou, em decorrência dos aproximados 20 dias sem precipitações, e atinge 80% da área cultivada. A produtividade média regional está elevada, próxima a 3.800 kg/ha, com PH geralmente acima de 80 kg/hl.  As melhores lavouras alcançaram 6.000 kg/ha.

A área cultivada de trigo no Estado está estimada em 1.154.284 hectares. A produção deve alcançar 3.437.785 toneladas. A produtividade média final, estimada pela Emater/RS-Ascar, é de 3.012 kg/ha, valor semelhante à projeção inicial, realizada no período de semeadura (2.997 kg/ha), e inferior à estimativa intermediária de outubro (3.261 kg/ha), quando as lavouras apresentavam melhor potencial produtivo. A redução final se deve principalmente às chuvas ocorridas na transição de outubro para novembro, que coincidiram com o avanço da colheita em parte do Estado e provocaram perdas de massa e de qualidade dos grãos. Além disso, os efeitos da maior incidência de doenças fúngicas, especialmente giberela, que atingiu parte das espigas, reduziu o volume efetivamente colhido.

No Estado, houve diferenças significativas nas produtividades do trigo em decorrência das condições climáticas e dos níveis de investimento tecnológico, resultando em faixas distintas de rendimento. As zonas de maior rendimento, situadas acima de 3.500 kg/ha, abrangem as regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, Passo Fundo e Erechim, onde as características ambientais locais e o manejo com maior uso de insumos permitiram preservar o potencial produtivo. Na faixa intermediária, entre 2.700 kg/ha e 3.300 kg/ha, estão as de Frederico Westphalen, Ijuí, Lajeado, Pelotas, Santa Maria, Santa Rosa e Soledade, que registraram produtividade satisfatória, mas maior variabilidade em função da interferência moderada das chuvas e do manejo fitossanitário. Já a faixa de menor produtividade, abaixo de 2.500 kg/ha, incluí as regiões de Bagé e Porto Alegre, sendo a primeira mais afetada pela instabilidade climática, especialmente na Fronteira Oeste e a metropolitana, tradicionalmente por menores investimentos em insumos.

Em termos qualitativos, os grãos apresentam adequada classificação industrial, sobretudo em áreas conduzidas com maior nível tecnológico, em que o peso hectolitro (PH) ficou frequentemente acima de 78 kg/hl e, em diversos casos, superaram 80 kg/hl. Entretanto, nas áreas de menor investimento tecnológico, registrou-se qualidade satisfatória: grande parte da produção apresentou PH 78, e em alguns casos próximo a 76.

Aveia-branca – A colheita foi concluída no Estado. O desempenho da safra manteve-se próximo ao esperado. A qualidade física dos grãos é elevada, com PH dentro dos padrões. Houve apenas perdas localizadas por excesso de chuva na implantação ou por geadas em lavouras mais precoces. Parte expressiva da produção permanece estocada nas propriedades e será utilizada para alimentação animal. A área de aveia-branca foi projetada pela Emater/RS-Ascar é de 398.885 hectares, e a produtividade final, de 2.404 kg/ha, totalizando 958.938 toneladas produzidas.

Canola – A colheita da canola está concluída no Estado. A produtividade média final está estimada em 1.644 kg/ha, apresentando leve redução em relação às expectativas iniciais em função de falhas de estande e dos processos erosivos decorrentes de eventos climáticos adversos durante o estabelecimento das lavouras. A área cultivada totalizou 176.076 hectares, segundo levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar, e a produção, 289.445 toneladas.

Cevada – A colheita da cevada se encontra tecnicamente concluída no Estado, restando apenas áreas pontuais nos Campos de Cima da Serra, que somam cerca de 300 hectares, mas não alteram estatisticamente os resultados. Os rendimentos da Safra 2025 foram adequados em produtividade e em qualidade industrial.

Segundo a Gerência de Classificação e Certificação (GCC) da Emater/RS-Ascar, os grãos apresentam calibre elevado, capacidade de germinação exigida e baixa incidência de defeitos de origem microbiana (DOM). A concentração proteica situou-se abaixo do ideal, o que é esperado em cenários de elevada produtividade e de adequada disponibilidade hídrica ao longo do ciclo. De modo geral, a qualidade obtida atende às especificações da indústria cervejeira. A Emater/RS-Ascar estima área cultivada em 33.513 hectares e produtividade final em 3.486 kg/ha, desempenho considerado superior ao registrado nas demais culturas de inverno, ainda que a área implantada seja pouco expressiva. A produção está estimada em 110.207 toneladas.

Culturas de Verão

Soja – A semeadura da soja foi dificultada até o último domingo (07/12) em função da acentuada restrição hídrica no solo. O predomínio de temperaturas elevadas, a baixa umidade e a irregularidade das precipitações abreviaram os trabalhos de campo e prejudicaram o estabelecimento das áreas implantadas de forma tardia, especialmente aquelas conduzidas em condições de solo seco. A área plantada totaliza 76% da projetada.

As lavouras de soja estão em desenvolvimento vegetativo. Nas áreas semeadas até 15/11, o estande está satisfatório, assim como o desenvolvimento, que ainda não expressa estresse hídrico severo devido ao baixo índice foliar, típico da fase inicial. Entretanto, nas lavouras implantadas posteriormente, a emergência está desuniforme, com sementes em diferentes estágios fisiológicos no mesmo talhão, situação que tende a aumentar a variabilidade intralavoura. No período, os produtores que dispõem de irrigação suplementar acionaram os sistemas, reduzindo riscos de perdas iniciais. Para a Safra 2025/2026 no Rio Grande do Sul, a projeção da Emater/RS-Ascar indica o cultivo de 6.742.236 hectares e produtividade média de 3.180 kg/ha.

Milho – A área semeada permanece em 89%, em razão da persistente escassez de chuvas, por três semanas até o último domingo (07/12). A onda de calor intensificou a evapotranspiração e reduziu a umidade do solo. O estresse hídrico atingiu lavouras em todas as fases, com efeito mais marcante nas áreas em estádio reprodutivo (60%), período considerado crítico para a definição de produtividade. Nessas áreas, há perdas no potencial produtivo e na qualidade. Porém, a magnitude das perdas varia conforme a região, as condições de solo e o material genético utilizado.

Nas lavouras de milho irrigadas, o desenvolvimento da cultura está excelente, favorecido pelas temperaturas noturnas, indicando potencial produtivo acima da média. Em áreas de sequeiro, observa-se porte irregular das plantas, associado à competição com azevém e às oscilações climáticas recentes. As lavouras de ciclo hiperprecoce iniciam a fase de maturação fisiológica. A Emater/RS-Ascar estima o cultivo de 785.030 hectares e produtividade de 7.370 kg/ha.

Arroz – A semeadura se aproxima do encerramento, favorecida pelo intervalo prolongado de dias ensolarados e pela boa disponibilidade hídrica nos principais sistemas de irrigação. Resta parcela próxima a 5% da área para conclusão, mas, além das condições edáficas, a finalização da operação está sujeita a outros fatores, como a redução do potencial produtivo das semeaduras tardias e o desestímulo econômico decorrente dos preços do grão, que podem condicionar a execução da operação nas áreas remanescentes.

As lavouras de arroz implantadas no início do período recomendado apresentam estabelecimento uniforme e desenvolvimento vegetativo compatível com o esperado. As mais antigas iniciaram o florescimento, mas o índice está inferior a 1%. Foram efetuados manejos de irrigação, aplicação de herbicidas e adubação nitrogenada em cobertura. Em áreas semeadas recentemente, especialmente aquelas implantadas em novembro, observam-se falhas de estande associadas ao déficit de precipitação, ocorrido nas três últimas semanas. De modo geral, o quadro é de evolução normal da cultura. A área a ser cultivada está estimada pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga) em 920.081 hectares. A produtividade, em 8.752 kg/ha, segundo a Emater/RS-Ascar.

Feijão 1ª safra – A semeadura permanece em torno de 60% da área esperada. A expansão do plantio prevista para o início de dezembro nos Campos de Cima da Serra foi adiada para depois da ocorrência de chuvas. A cultura se encontra 51% em crescimento vegetativo; 19% em floração; 17% em enchimento de grãos; 9% em maturação; e 4% foi colhido.

Em geral, as lavouras de feijão apresentam avanço vegetativo e reprodutivo adequado, mas o estresse hídrico ocasionou perdas de produtividade em algumas regiões, onde a combinação de solo seco e ondas de calor consecutivas desacelerou o desenvolvimento das plantas, provocou abortamento de flores e limitou o pegamento de vagens. A Emater/RS-Ascar projetou área de 26.096 hectares e produtividade média de 1.779 kg/ha.

Pastagens e Criações

As pastagens anuais e as perenes apresentam forte desaceleração no crescimento vegetativo e na rebrota, devido à combinação das altas temperaturas e à ausência prolongada de chuvas, o que reduziu de forma significativa a oferta de massa verde. O estresse hídrico tem causado sintomas evidentes em todas as regiões, como murchamento severo das áreas de capim-sudão e de milheto durante grande parte do dia, diminuindo sua palatabilidade. Os efeitos da falta de umidade são mais intensos em áreas de solos rasos, pedregosos ou arenosos. Nessas condições, aumenta a pressão de pastejo sobre as áreas de várzea, potencializando riscos de compactação e reduzindo a capacidade de retenção de água desses ambientes, o que amplia os impactos da estiagem sobre o manejo dos rebanhos.

Apicultura – A atividade está em ritmo intenso. A ausência de chuvas no período favoreceu a permanência prolongada das abelhas campeiras a campo, ampliando o fluxo de néctar e elevando o volume de mel armazenado nas colmeias. Observa-se aumento significativo na população interna e forte atividade forrageira, resultando em perspectivas otimistas para a colheita desta safra.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, os apicultores relatam baixa eficiência na captura de novos enxames. Apesar disso, nos apiários já estabelecidos, observou-se população elevada nas colmeias e acúmulo expressivo de mel nas melgueiras, indicando que a produção nas colmeias ativas segue em ritmo acelerado. Na região de Lajeado, a maioria das colmeias apresentou acúmulo satisfatório de mel nas melgueiras, com registro de enxameações em diferentes municípios. Foram relatados casos pontuais de mortalidade de abelhas em algumas propriedades da região.

Meliponicultura – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Lajeado, a meliponicultura segue em expansão no Vale do Taquari. Na de Porto Alegre, as multiplicações e as divisões dos enxames evoluíram de forma apropriada no período. Há intensa revisão das iscas instaladas, com verificação sistemática das capturas. Cresce também a preocupação com a presença de forídeos, considerando o aumento dos relatos dessa praga na região ao longo do ano. Na região de Santa Rosa, a colheita está em andamento, e tem se mostrado uma das melhores nos últimos oito anos. A demanda pelos méis das abelhas sem ferrão (ASF) está elevada, e a comercialização na região varia entre R$ 80,00 e R$ 100,00/kg.

Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação



 

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