As cotações da soja, em Chicago, subiram um pouco nesta semana, com o fechamento
do dia 02/11 (quinta-feira), para o primeiro mês cotado, ficando em US$ 13,04/bushel,
contra US$ 12,79 uma semana antes. O mercado está muito atento ao clima na América do Sul, especialmente no Brasil e na Argentina, onde há problemas de falta de chuvas em muitas regiões e, em outras, excesso de chuvas, caso do sul brasileiro. Tudo coloca em xeque o potencial produtivo das lavouras levando à redução nas projeções finais de colheita.

Afora isso, a colheita da soja nos EUA chegou a 85% da área no dia 29/10, contra 78% na média histórica. Enquanto isso, na semana encerrada em 26/10 os EUA embarcaram 1,89 milhão de toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. Em todo o ano comercial atual os embarques somam 9,95 milhões de toneladas, representando 3% a menos do que em igual momento do ano anterior.

Enquanto isso, no Brasil, os preços recuaram um pouco, na medida em que o câmbio veio a R$ 4,97 por dólar em alguns momentos da semana, interrompida pelo feriado de Finados. Assim, a média gaúcha fechou a curta semana em R$ 135,17/saco, enquanto as principais praças trabalharam com R$ 133,00 a R$ 134,00. Já no restante do país, os preços oscilaram, neste início de novembro, entre R$ 116,00 e R$ 124,00/saco.

Dito isso, o plantio da soja brasileira chegou, no início da presente semana, a 38,4% da área esperada, contra 52,3% em 2022 e 44,9% na média histórica. O atraso se dá justamente pelos problemas climáticos generalizados. É o pior desempenho do plantio nacional da oleaginosa desde 2015. Paralisações de plantio foram observadas no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins por falta de chuvas. Além disso, em Minas Gerais, oeste da Bahia e Piauí muitos produtores ainda não haviam iniciado o plantio na virada do mês. Por outro lado, se torna comum a necessidade de replantio na região Central do país. (Cf. AgRural)

Especificamente no Paraná, por outro lado, o plantio da soja chegava a 69% no final da semana passada, estando um pouco adiantado em relação a 2022, que registrava 67% semeado nesta época do ano. Em áreas do sul daquele Estado o excesso de umidade vem atrasando a semeadura neste momento. O Paraná ainda espera colher 21,9 milhões de toneladas nesta nova safra. (Cf. Deral)

Pelo lado das exportações brasileiras de soja, o país espera, agora, exportar 104 milhões de toneladas neste ano 2023. Este recorde histórico alivia a pressão baixista sobre os preços, assim como as dificuldades climáticas atualmente presentes nas regiões produtoras. Além disso, se tal volume de exportação se confirmar, os estoques finais de soja, no Brasil, poderão ficar em um de seus menores níveis nos últimos anos (ao redor de 4 milhões de toneladas no final de janeiro/24, quando fecha o ano comercial da soja no Brasil). Com isso, no início do próximo ano o mercado nacional da soja tenderá a sofrer pressão altista de dois fatos: os estoques apertados e o atraso na colheita em função do retardamento no plantio. (Cf. Pátria Agronegócio)

E não se pode ignorar que uma parte do mercado já cogita uma safra menor do que o esperado devido ao clima no plantio. Das 164 milhões de toneladas inicialmente previstas, muitos avançam a possibilidade de a colheita ficar abaixo das 160 milhões. Soma-se a isso o fato de que, a partir de janeiro/fevereiro, diante do atraso na colheita,  a oferta de produto para exportação tende a ser menor, já elevando os prêmios nos portos, fato que auxilia na melhoria do preço futuro da oleaginosa. Na sequência, com a colheita entrando na normalidade, os prêmios devem recuar, podendo mesmo serem negativos entre março e julho de 2024.

Enfim, confirmando a tendência de exportações recordes neste ano, a Secex informou, no dia 1º de novembro, que o Brasil já havia exportado 93,5 milhões de toneladas de soja entre janeiro e outubro, contra pouco mais de 74 milhões no mesmo período do ano anterior. Somente em outubro o país exportou 5,5 milhões de toneladas, ou seja, 31,8% mais do que em outubro de 2022. E ainda havia uma fila de embarques de 8 milhões de toneladas, sendo que grande parte deste volume estaria sendo difecionada para os portos do sul do país devido a dificuldade de escoar o produto pelo chamado Arco Norte, também em função do clima. (cf. Pátria Agronegócios)

Mesmo assim, segundo a Brandalizze Consulting, ainda haveria muita soja disponível em mãos dos produtores nacionais. Calcula-se que cerca de 33 a 34 milhões de toneladas, fato que pode segurar, por enquanto, uma elevação de preços da
oleaginosa.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).

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