Algumas lavouras de trigo no Rio Grande do Sul estão sendo irrigadas através do sistema de pivô. Segundo o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do estado, a FecoAgro/RS, Paulo Pires, que concedeu entrevista à Agência SAFRAS, essa é uma situação inédita. O motivo é a falta de chuvas no RS.

“O trigo vem sendo colhido em alta qualidade, mas o produtor sentiu que a planta precisava de umidade no momento de encher o grão. Em algum lugar, teremos queda de produção. Talvez um grão mais leve. Vem prejuízo por aí. Não é simples de quantificar, levando em conta as geadas de agosto e a seca recente, mas a expectativa inicial era de uma safra excepcional”, observou.

No início do plantio do grão, entidades projetavam a colheita em torno de 3 milhões de toneladas, em uma área de aproximadamente 920 mil hectares. Atualmente, Pires acredita que a produção deva ficar perto de 2 milhões de toneladas. A projeção de SAFRAS & Mercado para a safra 2020 de trigo no Rio Grande do Sul é de 2,15 milhões de toneladas, 2% abaixo do produzido em 2019.

Além das intempéries climáticas, o dirigente fala em outra frustração para o produtor neste ano. “Estimamos que 950 mil toneladas – praticamente 50% da produção nesta temporada – já esteja negociada. Os preços dessa negociação ficam até 40% abaixo dos praticados hoje. Muitos contratos foram feitos entre R$ 40,00 e R$ 50,00 por saca. Atualmente, a cotação média oscila em torno R$ 70,00. Cumprindo estes contratos, o produtor vai ter mais uma frustração na sua renda”, lamentou.

Mesmo com essas dificuldades, o presidente da FecoAgro/RS acredita que os produtores gaúchos devam seguir investindo no trigo, levando em conta a perspectiva de bons preços. “O produtor é um incansável. E é teimoso com a questão de preços. Onde tiver preços bons, ele vai plantar. Vai aumentar a área. O preço a faz aumentar. Isso só não deve acontecer se uma frustração na safra de verão complicar economicamente o produtor”, projetou.

Culturas de verão

O clima adverso prejudica, além do trigo, as culturas de verão. “Faz cerca de 30 dias que não chove. E estamos enfrentando altas temperaturas. Isso já traz perdas para o milho, que vai sendo plantado. É difícil de quantificar. Sobre a soja, que historicamente já teria de 10 a 15% da área semeada, praticamente não fiquei sabendo de áreas plantadas”, comentou. A Emater/RS apontava, até o último dia 15, o plantio da oleaginosa em 4% da área no estado. “Está muito difícil pegar esse trem dos preços bons”, disse fazendo alusão ao cruzamento de cotações atrativas com o as perdas significativas na última safra de verão e na atual para o trigo.

Fonte: Disponível em Agência SAFRAS

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