A colheita da soja é um dos processos mais importantes da produção da soja. Durante a colheita, adotar estratégias que permitam reduzir as perdas proveniente desse processo é determinante para a manutenção da produtividade alcançada durante o ciclo da soja.

Nesse sentido, reduzir as perdas de colheita é tão importante quanto realizar um adequado manejo fitossanitário da cultura para assegurar a boa produtividade. Dentre os principais fatores relacionados às perdas de colheita, destacam-se a velocidade inadequada de deslocamento da colhedora, a regulagem de componentes internos e externos da colhedora, e o ajuste de mecanismos de corte, alimentação e trilha.

No entanto, mesmo com o avanço tecnológico das colhedoras, é praticamente inevitável haver perdas de colheita. Conforme estabelecido pela Embrapa, há um nível tolerado de perdas de colheita em soja, que é de 60 kg ha-1 (1 sc ha-1).

Perdas iguais e/ou inferiores ao nível tolerado, permitem que o processo de colheira continue sem interrupções (Silveira et al., 2018). Para tanto, é preciso quantificar as perdas de colheita para avaliar se estão dentro do considerado aceitável.

Como avaliar as perdas de colheita?

Vários métodos podem ser empregados com o intuito de quantificar as perdas de colheita, alguns deles, podem inclusive direcionar o foco da avaliação para perdas por abertura dos legumes, perdas pela plataforma de corte e/ou mecanismo de trilha. Sobretudo, o método mais comum consiste na medição direta das perdas de colheita, pela coleta e pesagem dos grãos ou sementes em área conhecida (normalmente 2 m²) e posterior ajuste para a área de um hectare (10.000 m²), por meio de uma regra de três simples.

Exemplo:

Para uma quantidade de grãos/sementes coletadas em 2m² = 0,015 kg tem-se:

*Para maior representatividade dos resultados, recomenda-se fazer a correção da umidade dos grãos/sementes para 13%.

Veja mais : Como fazer a correção do peso de grãos com base na umidade?


Cabe destacar que a largura e comprimento da área de coleta pode ser ajustada para comportar a largura de corte da colhedora, contudo, deve conter área conhecida (2m²). Os grãos devem ser coletados, pesados e sua umidade deve ser preferencialmente corrigida para 13%. Após, realiza-se o cálculo para mensuração da perda de colheita por hectare.

Figura 1. Área de coleta para análise de perdas de colheita.
Fonte: Bandeira (2017)
Figura 2. Detalhe da armação para coleta dos grãos, com área total de 2,0 m², onde pela fórmula X = 2/Y é calculado o valor do comprimento (X) em função da largura (Y) da plataforma de corte/alimentação da colhedora.
Fonte: Silveira et al. (2018)

Além do método de pesagem, um dos métodos mais utilizados a nível de campo por proporcionar maior praticidade é o método do copo medidor, proposto pela Embrapa. Da mesma forma, é necessário determinar uma área de coleta de grãos ou sementes, sendo a mais utilizada por convenção 2m².

O copo medidor (figura 2), consistem em um recipiente cilíndrico transparente que contém uma escala graduada de 1,0 a 11,0 sacas de 60,0 kg por hectare, que indica, de maneira direta, a quantidade perdida (Silveira et al., 2018).

Figura 3. Detalhes da parte frontal e da escala graduada do copo volumétrico desenvolvido pela Embrapa para a determinação das perdas de grãos na colheita de soja.

Figura 4. Copo medidor de perdas de colheita – Embrapa.
Fonte: Ascom Aprosoja-MT

Quando o nível de perda ultrapassar o limite de 60 kg ha-1,deve-se rever possíveis causar causadoras das perdas. Além do sistema de trilha, grande parte das perdas de colheita são originárias do sistema de corte a alimentação da colhedora. Os ajustes principais nesse sistema são a rotação e posição do molinete e a velocidade de trabalho da colhedora.

A velocidade periférica do molinete deve ser um pouco superior à da colhedora e que o mesmo opere com seu eixo central um pouco à frente da barra de corte (figura 5). Já no sistema de trilha, as principais regulagens são a abertura entre o cilindro/rotor e o côncavo; a rotação do cilindro e o paralelismo entre o cilindro/rotor e o côncavo (Silveira & Conte, 2013).

Figura 5. Detalhamento do molinete em relação à barra de corte e à altura das plantas de soja.
Fonte: Mesquita et al. (1998), apud. Silveira & Conte (2013)

Além desses fatores, a velocidade de deslocamento da colhedora também pode resultar em perdas de colheita. No geral, recomenda-se que a velocidade de descolamento da colhedora deva estar em harmonia com a velocidade recomendada para o sistema corte, alimentação e trilha. Quando observados níveis de perdas iguais ou inferiores a 60 kg ha-1, a colheita pode prosseguir ser interrupções.

 

Referências:

BANDEIRA, G. J. PERDAS NA COLHEITA DA SOJA EM DIFERENTES VELOCIDADES DE DESLOCAMENTO DA COLHEDORA. Universidade Federal da Fronteira Sul, Trabalho de Conclusão de Curso, 2017. Disponível em: < https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/1895/1/BANDEIRA.pdf >, acesso em: 22/01/2025.

SILVEIRA, J. M. et al. KIT PERDAS: MONITORAMENTO DAS PERDAS DE GRÃOS DURANTE A COLHEITA DE SOJA. Embrapa Soja, 2018. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1092762/1/foldercopomedidor.pdf >, acesso em: 22/01/2025.

SILVEIRA, J. M.; CONTE, O. DETERMINAÇÃO DE PERDAS NA COLHEITA DE SOJA: COPO MEDIDOR DA EMBRAPA. Embrapa Soja, disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/97495/1/Manual-Copo-Medidor-baixa-completo.pdf >, acesso em: 22/01/2025.

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