Por Leonnardo Cruvinel Furquim, gerente de formação profissional rural do Senar Goiás
Ao abordar produção sustentável é necessário tratar de manejo conservacionista e qualidade do solo. Os atributos mais utilizados como indicadores de qualidade física do solo são aqueles que consideram a profundidade efetiva de enraizamento, porosidade total, distribuição e tamanho dos poros, distribuição do tamanho das partículas, densidade do solo, resistência do solo à penetração das raízes, intervalo hídrico ótimo, índice de compressão e estabilidade dos agregados.
A porosidade do solo representa a fração do solo em volume não ocupada por sólidos. A caracterização do sistema poroso é importante no armazenamento e movimento de água e gases no solo, desenvolvimento do sistema radicular, problemas relativos ao fluxo e retenção de calor e resistência mecânica dos solos à penetração de raízes.
O armazenamento, disponibilidade e transporte da solução e do ar no solo não só dependem da porosidade total, mas também, e principalmente, de como o espaço poroso total é distribuído por tamanho. Os microporos são responsáveis pela retenção de água e solutos, e os macroporos pela infiltração, drenagem e aeração do solo.
A diminuição dos macroporos constitui um tema de crescente importância em face do aumento da mecanização nas atividades agrícolas, que acarreta alteração no arranjo das partículas do solo, tornando-o mais denso. Os principais efeitos negativos deste fato são o aumento da resistência mecânica ao crescimento radicular, a redução da aeração (macroporos) e a disponibilidade de água (microporos) e de nutrientes, compactação, e, consequentemente, decréscimo na produtividade agrícola.
Observa-se que, quando a macroporosidade do solo é reduzida a valor inferior a 15%, o crescimento das raízes é prejudicado. Além disso, ao diminuir a macroporosidade, parte significativa da água fica retida nos microporos sob altas tensões e, portanto, indisponível às plantas. Quando a porosidade de aeração é menor que 10%, a taxa de fluxo de oxigênio em direção ao sistema radicular das plantas é severamente prejudicada afetando, assim, os processos fisiológicos/metabólicos e, consequentemente, o crescimento das raízes das plantas.
Em uma visão holística, a afirmação à frente é verdadeira: áreas sujeitas ao manejo com uso do fogo, máquinas agrícolas pesadas e/ou pisoteio intensivo podem apresentar problemas físicos em seus solos com o passar do tempo. As máquinas agrícolas e o pisoteio do gado compactam os horizontes mais superficiais do solo, diminuindo sua macroporosidade. Por outro lado, com o uso do fogo há oxidação das moléculas orgânicas, que são um dos componentes que mais auxiliam no desenvolvimento da agregação do solo, além de promover a eliminação de grande parte da fauna do solo, que também contribui significativamente para o processo de formação de agregados. A matéria orgânica contribui com altas quantidades de carga capazes de promover a agregação das partículas primárias, e a fauna do solo, com a liberação de exsudados, também capazes de agregar essas partículas. Se a estrutura for degradada pelo pisoteio, por máquinas ou pelo fogo, a porosidade, a aeração, a infiltração e a circulação da água serão prejudicadas, por causa da eliminação da organização primária natural das partículas em forma de agregados.
Acompanhar o sistema solo-água-planta-atmosfera na mensuração da qualidade física do solo é indispensável para alcançar patamares de produtividade que extrapolem a genética das sementes, fitossanidade ou a fertilidade da sua propriedade.
Fonte: Portal do Sistema FAEG