Os danos ocasionados por Melanagromyza sojae na cultura da soja ocorrem durante sua fase larval, cuja injúria reduz a capacidade de translocação de água e nutrientes do xilema (Figura 1). Além do acúmulo de massa seca nas plantas ser restringido pela formação das galerias no interior das hastes, a produção de grãos é afetada diretamente, já que a haste da planta de soja é o principal órgão de armazenamento de fotoassimilados que são translocados às sementes durante a fase de enchimento de grãos.
Figura 1 – Ciclo de vida de M. sojae em plantas de soja.
Fonte: Henrique Pozebon e Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM.
Altura de planta, área foliar total, número de flores, número de vagens, número de grãos e nodulação radicular por Rhizobium são alguns dos componentes de produtividade da soja afetados negativamente pelo ataque da mosca-da-haste. A área foliar pode ser reduzida em mais da metade (Tabela 1). Sob altas infestações, ocorre ainda murcha e aceleramento da maturação.
Tabela 1 – Componentes de produtividade em plantas de soja sem e com injúria causada por M. sojae.
Componentes da soja | Sem injúria¹ | Com injúria |
Nº de ramificações/planta | 2,6² | 1,2 |
Altura de planta (cm) | 51,9 | 41,8 |
Nº de trifólios/planta | 12,3 | 9,0 |
Área foliar (cm²/planta) | 1093,9 | 423,8 |
Área foliar (cm²/trifólio) | 89,3 | 47,1 |
Fonte: Talekar e Chen (1985)
A localização do orifício de saída pode ser um indicativo do momento de infestação da praga. Em infestações precoces, o orifício de saída é encontrado abaixo da cicatriz de inserção dos cotilédones. Em infestações tardias, o orifício de saída é encontrada nos entrenós acima da região do hipocótilo, pois o desenvolvimento das fibras do xilema nos entrenós próximos ao nível do solo dificulta o broqueamento pelas larvas.
Embora os adultos de M. sojae não causem dano econômico à cultura da soja, podem ser facilmente controlados por pulverizações de inseticidas piretroides ao sobrevoar a lavoura, ao passo que larvas e pupas permanecem enclausuradas e protegidas no interior das hastes. Outras possibilidades de controle incluem o tratamento de sementes com diamidas (p. ex. clorantraniliprole), visando interromper infestações no estabelecimento da cultura; e inseticidas com ação ovicida e efeito translaminar na folha, visando atingir os ovos depositados no mesófilo ou as larvas recém-eclodidas (Figura 2).
Figura 2 – Possibilidades de controle de M. sojae com aplicação de inseticidas, de acordo com o ciclo de vida da praga.
Fonte: Henrique Pozebon e Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM.
Independentemente da estratégia escolhida, a janela de controle restringe-se ao período anterior à entrada da larva na haste principal (cerca de dois dias após a eclosão dos ovos), e ao período posterior à emergência do adulto: no intervalo compreendido entre esses dois momentos críticos do ciclo de vida da praga, as chances de controle são praticamente nulas. Entretanto, diferentes estágios de vida do inseto costumam ocorrer simultaneamente na lavoura e, inclusive, nas mesmas plantas de soja, dificultando a tomada de decisão baseada apenas na biologia da praga. Para saber mais sobre a suscetibilidade de cultivares de soja ao ataque de mosca-da-haste e outras estratégias de controle, acesse: aqui.
Revisão: Prof. Jonas Arnemann, PhD. e coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
REFERÊNCIAS:
POZEBON, H. et al. Arthropod invasions versus soybean production in Brazil: a review. Journal of Economic Entomology, v. 113, n. 4, p. 1591–1608, 2020.
POZEBON, H. et al. Highly diverse and rapidly spreading: Melanagromyza sojae threatens the soybean belt of South America. Biological Invasions, v. 23, p.1405–1423, 2021.
TALEKAR, N. S.; CHEN, B. S. Soybean in tropical and subtropical cropping systems. Taiwan: Asian Vegetable Research and Development Center, p. 257-271, 1985.