A soja se destaca como uma cultura altamente responsiva às condições do ambiente onde é cultivada, diversos fatores exercem influência em seu desenvolvimento. Nesse sentido, é importante que algumas condições sejam consideradas ao selecionarmos uma cultivar. Além disso, compreender a fisiologia e a fenologia das plantas é fundamental para estabelecer estratégias de manejo que promovam o aumento da produtividade.

Conforme destacam Neumaier et al. (2020), além das exigências de temperatura e água, a soja também apresenta exigências quanto ao fotoperíodo. Ambos os fatores, combinados, influenciam a adaptação das cultivares a determinada região de cultivo. O fotoperíodo consiste no comprimento de um dia e as respostas das plantas ao fotoperíodo são denominadas fotoperiodismo. As plantas são classificadas quanto a sua resposta ao fotoperíodo em plantas de dia curto, plantas de dia longo e plantas de dia neutro (Bergamaschi). As cultivares de soja demonstram respostas distintas ao fotoperíodo, ou seja, cada cultivar possui fotoperíodo crítico próprio, acima do qual o florescimento é atrasado. Nesse sentido, a soja, é denominada uma planta de dia curto (Neumaier et al., 2020).

De acordo com Farias et al. (2007), a sensibilidade da soja ao fotoperíodo representa uma limitação para uma adaptação mais ampla da cultura. Devido a essa característica, a faixa de adaptabilidade de cada cultivar varia à medida que se desloca em direção ao norte ou ao sul, ou seja, conforme a latitude da região de cultivo. Sendo que, quanto mais próximo a linha do equador, menor é a amplitude do fotoperíodo ao longo do ano. O fotoperíodo de um determinado local depende da latitude e da época do ano. A variação do fotoperíodo ao longo do ano, é consequência da variação do ângulo de incidência da radiação solar, que é resultado da declinação solar (Zanon et al., 2018).

Figura 1. Fotoperíodo (horas) ao longo do ano em função da latitude do local.

Fonte: Neumaier et al. (2020).

De modo geral, o processo de floração da soja é influenciado por estímulos termo-fotoperiódicos, onde temperaturas inferiores a 13 ºC têm o efeito de inibir ou retardar a indução da soja ao florescimento. Variações na data de floração, mesmo para uma mesma cultivar semeada na mesma data e latitude, decorrem principalmente das oscilações de temperatura. A ocorrência de atas temperaturas durante a fase de crescimento vegetativo tendem a resultar em florescimento precoce e redução da estatura da planta. Além disso, quando combinadas com deficiência hídrica ou condições de fotoperíodo, esses problemas podem ser agravados. Por outro lado, quando ocorrem altas temperaturas na fase reprodutiva, pode acarretar na maturação da lavoura (Neumaier et al., 2020).

Conforme destaca Barbosa (2019), o efeito da região de cultivo sobre uma cultivar de soja com fotoperíodo crítico de 12h30m, quanto mais próximo da linha do Equador estiver, menor será o período de crescimento vegetativo e mais precoce será o florescimento dessa cultivar. Por outro lado, quanto mais ao Sul estiver uma região, maior será o período de crescimento vegetativo e mais tardio o florescimento.

Figura 2. Período indutivo e não indutivo de florescimento da soja de uma cultivar com fotoperíodo crítico de 12h30m para Sorriso/MT e Passo Fundo/RS.

Fonte: Barbosa (2019).

Farias et al. (2007) ressaltam que uma solução para a sensibilidade da soja ao fotoperíodo é a introdução do período juvenil longo, visto que cultivares com esse atributo possuem uma adaptabilidade mais abrangente, permitindo sua utilização em faixas de latitudes mais amplas e em diferentes épocas de semeadura. Por apresentar um florescimento tardio, cultivares de soja com período juvenil longo, permanecem em fase vegetativa por maior tempo em comparação a cultivares convencionais quando expostas a dias curtos.



O período juvenil representa uma fase em que a planta não responde ao fotoperíodo, mesmo em condições climáticas favoráveis, ela não entra na fase de indução floral, mantendo-se na fase vegetativo. Se uma cultivar com fotoperíodo crítico de 12h30m for posicionada na região de Sorriso/MT, a planta logo após emergir, terá condições climáticas propícia para o florescimento. No entanto, o florescimento ocorreria em uma planta em estádio inicial de desenvolvimento, não apresentando estruturas reprodutivas para atingir altas produtividades (Barbosa, 2019).

Figura 3. Período indutivo e não indutivo de florescimento da soja de uma cultivar com fotoperíodo crítico de 12h30m para Sorriso/MT.

Fonte: Barbosa (2019).

Nesse sentido, a variação do período de floração da soja pode ser influenciada pelo fotoperíodo, situações de posicionamento inadequado de cultivares, como quando uma cultivar desenvolvida para determinada região é cultivada em regiões com menor latitude ou tem sua semeadura adiada, podem resultar em efeitos prejudiciais, como a redução da altura de plantas, e consequentemente, da produtividade. Portanto, é essencial o adequado posicionamento de cultivares, levando em consideração as características específicas da região de cultivo.


Veja mais: Entenda a fenologia da soja



Referências:

BARBOSA, A. M. ECOFISIOLOGIA DO FLORESCIMENTO DA SOJA. Unoeste, SP, 2019. Disponível em: < https://alexandriusmb.blogspot.com/2019/10/ecofisiologia-do-florescimento-da-soja.html >, acesso em: 16/11/2023.

BERGAMASCHI, H. FOTOPERIODISMO. UFRGS. Disponível em: < https://wp.ufpel.edu.br/agrometeorologia/files/2014/08/fotoperiodismo.pdf >, acesso em: 16/11/2023.

FARIAS, J. R. B. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Embrapa, Circular técnica, 48. Londrina – PR, 2007. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO-2009-09/27615/1/circtec48.pdf >, acesso em: 16/11/2023.

NEUMAIER, N. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, Sistemas de produção, 17, cap. 2. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 16/11/2023.

ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Ed. 1, 136 p. Santa Maria – RS, 2018.

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