O caruru (Amaranthus spp.) é uma planta invasora que compete com a soja por recursos essenciais, como água, luz e nutriente, ocasionando perdas significativas de produtividade. Desde a confirmação da resistência do caruru ao glifosato, a Embrapa (2023) afirma haver um aumento gradativo da presença dessa planta daninha nas lavouras.
Quando infestam culturas agrícolas, os carurus podem ser caracterizados como plantas de difícil manejo, devido a vários fatores. Primeiramente, destacam-se o extenso período de germinação do banco de sementes e o rápido crescimento e desenvolvimento das plantas. Além disso, as espécies do gênero Amaranthus apresentam elevada produção de sementes viáveis, que permanecem viáveis por longos períodos no solo. A dificuldade na identificação das diferentes espécies no campo também contribui para o desafio de manejo. Devido ao seu hábito de crescimento agressivo e à grande produção de sementes, as plantas de Amaranthus competem intensamente com as culturas agrícolas (Nicolai et al., 2021).
Figura 1. Sementes e plantas de A. hybridus em diferentes estádios de desenvolvimento.
Resistência, características e momento de controle do caruru
A presença de biótipos de Amaranthus hybridus resistentes nas lavouras brasileiras está tornando o manejo cada vez mais desafiador. Isso ocorre porque a resistência desses biótipos torna ineficiente a aplicação de certos herbicidas, como o glifosato, o qual é amplamente utilizado no manejo de plantas daninhas na cultura da soja. Nesse sentido, torna-se necessário o uso de outros produtos, o que pode aumentar os custos com o controle de plantas daninhas (Barroso et al., 2021).
De acordo com Borsato et al. (2022), uma das características que contribuem para a alta dispersão do caruru é sua capacidade de formar sementes em grande quantidade. Uma única planta pode produzir até 600.000 sementes, sendo as condições ideias para a germinação das sementes temperaturas em torno de 20 °C, podendo ocorrer mesmo na ausência de luz. Durante os meses de maio a julho, observa-se um baixo fluxo de germinação. Por outro lado, o pico de emergência ocorre entre os meses de outubro e novembro, prolongando-se até os meses de dezembro e fevereiro.
O pesquisador Mário Bianchi (2024) destaca que as condições favoráveis ao crescimento e desenvolvimento do caruru têm criado um ambiente propício para a maior manifestação dessa planta nas lavouras. Além disso, um aspecto importante a ser considerado no manejo do caruru é o estágio de desenvolvimento das plantas presentes na lavoura. Portanto, recomenda-se que o controle seja realizado quando as plantas apresentarem até 4 folhas para garantir sua eficiência.
Figura 2. Estádio recomendado para o controle de caruru em pós-emergência.
Importância do manejo integrado e boas práticas agrícolas
O manejo integrado de plantas daninhas, aliado a ao monitoramento, desempenha um papel fundamental na prevenção de perdas causadas pelo caruru em qualquer cultura. Além disso, a inclusão de culturas de cobertura durante a entressafra deve ser considerada como parte integrante da estratégia de manejo em lavouras que têm histórico de ocorrência de caruru (Agro Bayer Brasil, 2023).
O Comitê de Ação à Resistência aos Herbicidas (HRAC-BR, 2023), ressalta a importância e a necessidade da adoção das boas práticas agrícolas no controle de plantas daninhas resistentes, destacando:
- Utilização correta das informações e tecnologias disponíveis para o manejo integrado de plantas daninhas;
- Evitar o pousio sem culturas de cobertura e realizar o manejo de plantas remanescentes;
- Realizar a limpeza do maquinário antes da utilização ou mudança de área, especialmente após o uso em áreas com falhas de controle;
- Utilizar sementes certificadas e de origem nacional tanto para as culturas de interesse econômico quanto para as espécies forrageiras;
- Fazer rotação de culturas;
- Eliminar as plantas daninhas resistentes;
- Ao utilizar herbicidas como ferramenta de controle, seguir as especificações da bula e realizar a rotação dos diferentes mecanismos de ação sempre que possível;
- Aproveitar os benefícios dos herbicidas com aplicação em pré-emergência;
- Adotar as melhores práticas e tecnologias de aplicação.
Desafios no manejo do caruru
Por fim, Lamego et al. (2021) destacam que o desafio de manejar a resistência aos herbicidas reside em estabelecer sistemas produtivos que evitem as monoculturas, tanto no inverno quanto no verão. Além disso, ressaltam a importância da implantação de plantas de cobertura ou pastagens no inverno, juntamente com a manutenção da palhada para a semeadura da cultura de verão. Isso se deve ao potencial da palhada em reduzir em até 60% a emergência de plântulas de caruru.
Veja, a seguir, o que o pesquisador da CCGL Mario Bianchi fala sobre o controle de caruru resistente ao glifosato.
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Referências:
AGRO BAYER BRASIL. COMO CONTROLAR O CARURU. Agro Bayer Brasil. 2023. Disponível em: < https://www.agro.bayer.com.br/conteudos/como-controlar-caruru >, acesso em: 06/03/2024.
BARROSO, A. A. M. et al. CONTROLE DE ESPÉCIES RESISTENTES AO GLIFOSATO. Matologia: Estudos sobre plantas daninhas, UFPR, ed. 1, cap. 12, 2022. Disponível em: < https://www.matologia.com/_files/ugd/1a54d2_3829fc6f7e9145f8bbdc7a2eecafd4d3.pdf#page=7 >, acesso em: 06/03/2024.
BORSATO, EL. F. et al. Amaranthus hybridus, COMO ESTÁ O CONTOLE DESSA PLANTA DANINHA NA SUA LAVOURA? Fundação ABC, Revista FABC, ed. 50, 2022. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2022/09/202209revista-pdf.pdf >, acesso em: 06/03/2024.
EMBRAPA. PESQUISAS INDICAM QUE ILP É CAPAZ DE REDUZIR INFESTAÇÕES DE CARURU NA SOJA. Embrapa News, 2023. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/78594923/pesquisas-indicam-que-ilp-e-capaz-de-reduzir-infestacoes-de-caruru-na-soja#:~:text=O%20caruru%20(Amaranthus%20hybridus)%20%C3%A9,ocorr%C3%AAncia%20da%20planta%20nas%20lavouras >, acesso em: 06/03/2024.
HRAC-BR. COMUNICADO DE RESISTÊNCIA NO PARAGUAI: REFERENTE AO RELATO DE RESISTENCIA MULTIPLA DE Amaranthus hybridus. Comitê de Ação à Resistência aos Herbicidas, 2023. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/_files/ugd/6c1e70_cd7d8034260b4b3bbc7cb4bbdf3f0a2e.pdf >, acesso em: 06/03/2024.
LAMEGO, F. P. et al. CARURU RESISTENTE. Revista Cultivar, Grandes Culturas, n. 267, 2021. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1134394/1/Caruru-resistente.pdf >, acesso em: 06/03/2024.
NICOLAI, M. et al. IDENTIFICAÇÃO E CONTRLE DE Amaranthus palmeri E Amaranthus hybridus. Comitê de Ação à Resistência aos Herbicidas, HRAC-BR, 2021. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1WTIjh60bkeAv-JBUX-6KJrYwKwdH54OL/view?pli=1 >, acesso em: 06/03/2024.
OLIVEIRA, C. et al. NOVO DESAFIO PARA O AGRICULTOR: MANEJO DE Amaranthus hybridus RESISTENTE AO GLIFOSATO E ALS NO SUL DO BRASIL. Revista Plantio Direto & Tecnologia, 2021. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/artigos/22 >, acesso em: 06/03/2024.
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