O solo é um sistema trifásico, constituído por fases sólidas, líquidas e gasosas, formado por partículas de natureza mineral, orgânica, água e ar REINERT & REICHERT (2006).  Segundo CAMARGOS (2005), um solo ideal apresenta as respectivas proporções de material mineral, matéria orgânica, água e ar de 45%, 5%, 25% e 25% (figura 1).

Figura 1. Fases da composição do solo.

CAMARGOS (2005).

Para o bom desenvolvimento e crescimento de uma planta é necessário que o solo apresente boa disponibilidade de água, nutrição e espaço aéreo. De modo geral a nutrição é corrigida através da utilização de fertilizantes minerais, já a disponibilidade de água e o espaço aéreo do solo são diretamente influenciados pela quantidade de macroporos presentes no solo.

Os macroporos são espaços  presentes entre os agregados do solo e são responsáveis pela infiltração da água e armazenamento de ar no solo. O armazenamento de água no solo é de responsabilidade dos microporos, contudo, os macroporos possibilitam a infiltração de água no sistema, sendo assim, quanto maior a macroporosidade do solo, maior a taxa de infiltração de água. Em relação ao espaço aéreo, é imprescindível que esteja presente no solo a fim de possibilitar a respiração celular e aeração das raízes das plantas.

O trafego de máquinas agrícolas e o uso indiscriminado de monocultivos pode alterar características físicas do solo, diminuindo sua macroporosidade, aumentando a densidade do solo e consequentemente reduzindo a infiltração de água no solo e espaço aéreo (figura 2).

Figura 2. Compactação do solo causado pelo tráfego de máquinas agrícolas.

Foto: Henrique Debiasi.

Dentre as alternativas que se tem para auxiliar na descompactação do solo, vários equipamentos e implementos agrícolas podem ser utilizados no sistema de produção, como por exemplo escarificadores e subsoladores. Contudo, práticas de manejo como tráfego controlado de máquinas e uso de plantas de cobertura com potencial para descompactação do solo são alternativas que podem representar menor custo de produção.

O uso do tráfego controlado de máquinas atua em caráter preventivo à compactação do solo e requer planejamento. Nem sempre é de fácil implantação e exige disciplina e atenção nas operações agrícolas.

Já o uso de plantas de cobertura com capacidade de descompactação do solo, atua de caráter preventivo e corretivo no solo. Em sistemas produtivos que apresentam característica de solos compactados, o uso de plantas de cobertura como o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), podendo ainda ser utilizado em conjunto com outras plantas de cobertura como aveia preta (Avena strigosa), ervilhaca (Vica sativa), auxiliam no aumento a porosidade e diminuição da densidade do solo além de beneficiar o sistema produtivo com o uso da rotação de culturas pelo incremento de massa seca e ciclagem de nutrientes. (figura 3).

Figura 3. Sistema radicular do nabo forrageiro.

Foto: Maria da Penha Angeletti.

Além das características voltadas ao desenvolvimento radicular das plantas de cobertura auxiliando na descompactação do solo, é importante optar por plantas que também apresentem boa produção de massa seca como característica. A utilização da palhada residual na cobertura do solo tende a diminuir sua compactação, além de conservar o sistema plantio direto e contribuir para o aumento da matéria orgânica do solo.

Segundo NICOLOSO et. al, (2008), o uso de plantas de cobertura na rotação de culturas não só auxilia na melhoria das condições físicas do solo, mas também pode aumentar a produtividade de culturas sucessoras como a soja em virtude do melhor desenvolvimento do sistema radicular e consequentemente absorção de água e nutrientes pelas plantas.


Veja também: Diagnóstico, Mitigação e Monitoramento da Compactação do Solo em Sistema Plantio Direto no Brasil.


A adoção de plantas de cobertura no auxilio a descompactação do solo é uma das formas mais eficientes de resolver problemas de compactação do solo, além de ser economicamente mais viável em comparação a práticas mecânicas de descompactação. A escolha das plantas de cobertura deve levar em consideração a disponibilidade de aquisição, o manejo, rotação e características morfológicas das plantas de forma a atender  as necessidades do sistema.

Referências:

BARROS, T. D.; JARDINE, J. G. NABO-FORRAGEIRO, Agência Embrapa de Informação e Tecnologia. Disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agroenergia/arvore/CONT000fbl23vn002wx5eo0sawqe38tspejq.html, acesso em fevereiro de 2020.

CAMARGOS, S. L. CONCEITOS SOBRE FERTILIDADE E PRODUTIVIDADE. Universidade Federal de Mato Grosso, Departamento de Solos e Eng. Rural, Cuiabá, 2005.

NICOLOSO, et. al, EFICIÊNCIA DA ESCARIFICAÇÃO MECÂNICA E BIOLÓGICA NA MELHORIA DOS ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM LATOSSOLO MUITO E NO INCREMENTO DO RENDIMENTO DE SOJA. R. Bras. Ci. Solo, 32:1723-1734, 2008.

REINERT, D. J.; REICHERT, J. M. PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO. Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Rurais, Santa Maria, mai. 2006.

TIECHER, T. MANEJO E CONSERVAÇÃO SO SOLO E DA ÁGUA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS NO SUL DO BRASIL: PRÁTICAS ALTERNATIVAS DE MANEJO VISANDO A CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2006.

Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo.

Foto de capa:  Marco Antônio Lenz Scotto

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