O relatório mensal de Oferta & Demanda da Conab, divulgada nesta terça-feira, revelou um aumento de 2,3% na produção nacional, mas a distribuição dos aumentos não favorece a queda nos preços. A produção deverá aumentar 6,7% no Norte do país, 13,1% no Nordeste, 6,7% no Centro-Oeste, 3,4% no Sudeste, mas recuar 10,8% no Sul, principal pólo consumidor de milho do país, com destaque para a redução de 31,8% na produção do Rio Grande do Sul.
Com isto pode-se esperar a manutenção de preços elevados no que resta deste ano até a próxima safra de verão, podendo-se supor uma forte migração de lotes do Centro-Oeste para o Sul, para abastecimento dos compradores.
Sobre o quadro de Oferta& Demanda os comentários da Conab são os seguintes:
- O principal ajuste no quadro de oferta e demanda está no consumo. Em relação à safra 2018/19, houve uma pequena alteração no consumo doméstico, visto que o volume de milho destinado à produção de etanol foi de 3,48 milhões de toneladas para produção de 1,68 bilhão de litros no ano de 2019, ou seja, 476 mil toneladas de milho a mais para o consumo de milho, fazendo com que o estoque de passagem chegasse a 10,9 milhões de toneladas.
- Já para a safra 2019/20, o consumo terá uma leve redução na demanda do etanol, caindo de 6 milhões de toneladas para 5,6 milhões de toneladas, bem como uma diminuição em virtude da demanda do setor de proteína animal, que deverá crescer menos que se esperava. O setor de aves e suínos estimava um crescimento médio entre 4% e 5% em relação ao ano anterior. No entanto, diante da diminuição da demanda interna, por influência da Covid-19, estima-se um crescimento de apenas 1%, tendo em vista que as exportações de carnes devem permanecer bem aquecidas. Assim, há uma diminuição na projeção de consumo interno na ordem de 1,93 milhão de toneladas de milho, fechando num volume total de 68,52 milhões de toneladas.
- A estimativa de exportação deve seguir com um volume de 34,5 milhões de toneladas, porém há espaço para incremento até o final do ano, tendo em vista o câmbio mais elevado historicamente e a paridade seguindo acima de R$ 45 a saca de 60 quilos no porto e próxima dos R$ 30 a saca de 60 quilos no interior do Mato Grosso.
- Nesse cenário, os estoques de passagem estão estimados em 11,14 milhões de toneladas, cenário bem mais confortável que se estimava antes da crise do novo coronavírus e a disputa comercial do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita
CONCLUSÃO DA T&F: Com estoques finais maiores do que se esperava, não esperamos que os preços do milho mais que cheguem a R$ 60,00 na B3, mas deverão manter-se nos níveis ao redor de R$ 50,00, que atingiram nesta semana, não devendo cair muito (porque existe demanda), nem subir muito (porque a disponibilidade aumentou).
Então, a tendência dos preços está muito mais nas mãos dos vendedores, que deverão saber calibrar bem as vendas para manter a sua lucratividade, do que dos compradores, que tentarão jogar os preços mais para baixo. Acreditamos que a linha de suporte no interior dos três estados do Sul seja de R$ 44,00 no PR e R$ 46,00 em SC e RS e a de resistência ao redor de R$ 48,00, nos três estados.
Fonte: T&F Agroeconômica