No programa de rádio Prosa Rural, da Embrapa, o pesquisador Edson Patto Pacheco fala sobre o consórcio de braquiária com milho, capaz de melhorar o solo e a produtividade da soja.
Confira algumas perguntas que foram feitas ao pesquisador durante a prosa:
Como funciona o sistema de consórcio de braquiária e grãos?
O sistema surgiu com a cultura do milho numa necessidade de recuperação e formação de novas pastagens. Para ganhar tempo faz-se um cultivo simultâneo de milho e braquiária onde a semente da braquiária é misturada ao fertilizante sendo semeada paralelamente com o milho. O capim é semeado numa profundidade maior para que o milho se desenvolva primeiro. Quando o cereal entra em senescência no final do ciclo o capim começa a se desenvolver em função da entrada de luz na lavoura e assim que é colhido o milho se tem um pasto formado.
O sistema pode ser realizado com outro grão?
Também se utiliza um sistema chamado sobre-semeadura na soja porém nesse caso se utiliza outro tipo de capim, o capim Panicum, em que a semente é jogada a lanço no final do ciclo da lavoura de soja e assim que a leguminosa é colhida tem-se o capim germinado.
Qual a diferença desse sistema de plantio para o convencional?
A diferença se dá em função de haver uma grande dificuldade na região Nordeste de produzir cobertura morta no plantio direto. Então esse capim que cresce dentro do milho tem na verdade uma dupla finalidade: pastejo e cobertura morta do solo.
Qual o benefício da braquiária para a melhoria da qualidade do solo?
A braquiária tem um sistema radicular que se aprofunda bastante no solo no qual existem registros de raízes de 2,5 metros até 3 metros de profundidade. Quando essas raízes morrem são formados pequenos canais no solo que melhoram a infiltração de água; aeração do solo e proporcionam o carregamento de nutrientes para camadas mais profundas do solo.
Qual a importância do consórcio braquiária com grãos para a região Nordeste?
Como essa região possui um regime de chuva de apenas 4-5 meses no ano, sendo o restante um período seco, isto dificulta a produção de cobertura morta para o plantio direto. A braquiária facilita bastante a formação dessa cobertura sendo responsável por fornecer matéria orgânica, proteger o solo contra a incidência de raios solares mantendo a temperatura do solo e contra o processo de erosão.
Quais são as cultivares de braquiárias mais indicadas para a região nordeste?
- Brachiaria ruziziensis sendo mais indicada para produção de cobertura morta do solo;
- Brachiaria decumbens que é mais indicada para a recuperação e formação de pastagens.
Para saber mais acesse a prosa completa aqui!
Em outro momento, desta vez em vídeo, também divulgado pela Embrapa, o pesquisadores Júlio Franchini e Henrique Debiasi, da Embrapa Soja mostram como manejar adequadamente o solo melhora o crescimento das raízes e a infiltração de água. No manejo, entra braquiária, e alguns pontos chamam atenção:
Em simulação de chuvas, com chuvas de 55 mm, na área onde o cultivo anterior foi braquiária, 54.2 mm infiltrou-se, escoando (perdendo) apenas 0.8 mm. Já na área sem braquiária (apenas 01 ano, nos demais ocorreu rotação), perderam-se 17 mm.
Na metade da parcela onde cultivou-se a braquiária as raízes da soja “exploraram” 1.4 metros do solo, ou seja, um crescimento de raiz de 2 cm por dia, ocupando de forma homogênea o solo e obtendo máximo aproveitamento da água disponibilizada.
Em solo compactado sem braquiária o sistema radicular limitou-se a 0.7 m de profundidade, ou seja, apenas metade da área explorada quando a braquiária foi cultivada anteriormente a soja.
No solo não compactado e com braquiária, a infiltração da água foi de 100%, ou seja, toda chuva penetrou no solo podendo ser utilizada pela planta para produção.
Será que o perfil de solo pode incrementar os rendimentos? Evitar maiores prejuízos em situação de stress hídrico?
Solos compactados, perfil de solo, produtividade… confira maiores informações no vídeo.
Fonte: Embrapa
Foto de capa: Fonte: SOESP.