Nos primeiros meses de 2021, a tendência de alta das cotações da soja em Chicago foi intensificada, em meio a perspectivas de de- manda aquecida e produção aquém do consumo. A valorização do contrato contínuo da soja no último trimestre superou 10%, destacando que no dia 31/03, o limite de alta na CBOT foi alcançado, após a divulgação das intenções de plantio para a safra 2021/22 nos EUA.

As estimativas indicam que o consumo mundial da oleaginosa vai ficar acima da produção no ciclo 2020/21, situação já observada na safra anterior. As compras chinesas estão aquecidas, à medida que o rebanho suíno do país foi se recuperando, apesar de as preocupações com a peste suína africana permanecerem. No Brasil, o recorde de produção está se confirmando, estimado em 134 milhões de toneladas pela StoneX, enquanto a Argentina começou a colher um volume menor e o balanço de oferta e demanda dos EUA caminha para uma situação de maior aperto. Para a safra 2021/22, as intenções de plantio dos produtores norte-americanos, em 35,45 milhões de hectares, ficaram abaixo do que o mercado esperava e também do divulga- do no Fórum Agrícola, em fevereiro, e podem resultar em um cenário de restrições pelo lado do consumo. Considerando a produtividade e as variáveis de demanda do Fórum, os estoques finais do país ficariam no nível mais baixo já registrado, na casa de 700 mil toneladas.

De qualquer forma, a produção dos EUA ainda pode pas-sar por mudanças significativas, não somente em decorrência do clima durante o desenvolvimento da safra, mas também quanto à área, diante preços elevados e uma vez que trocas de última hora são recorrentes no país. A oleaginosa tem a “vantagem” de ter uma janela algumas semanas mais tardia que o milho e pode “roubar” área do cereal em caso de atrasos.

No Brasil, apesar do plantio mais tardio, impactando a colheita, retardada, ainda, por chuvas pesadas em algumas regiões, as atenções estão cada vez mais voltadas para a demanda. No mercado interno, as expectativas são de que o esmagamento continue crescendo, destacando não somente o uso de farelo para ração, mas de óleo de soja para biodiesel, a despeito do corte na mistura obrigatória realizado durante o leilão 79. É importante lembrar que mesmo num ano conturbado, como o de 2020, a produção do biocombustível avançou 9%.

Pelo lado das exportações, esperam-se volumes elevados nos próximos meses, com março já tendo superado 13 milhões de toneladas e com o line-up para abril indicando mais de 16 milhões de toneladas. A safra 2020/21 de soja já está perto de 70% comercializada, sinalizando que os embarques devem alcançar níveis significativos nesse primeiro semestre, com o cenário sendo favorecido pela taxa de câmbio e o acumulado do ano devendo, mais uma vez, superar os 80 milhões de toneladas.

Um ponto de atenção é a situação chinesa em relação à peste suína africana, com novos focos da doença sendo reportados, além de variantes com menos sintomas e mais difíceis de serem identificadas. Caso a doença se espalhe, a demanda por soja poderia ser afetada, com consequências para o balanço mundial da oleaginosa.

Em relação à Argentina, a menor produção de soja, que caiu de estimativas iniciais ao redor de 55 milhões de toneladas para 43 milhões, de acordo com a Bolsa de Buenos Aires, deve impactar o esmagamento e também as exportações dos subprodutos, abrindo caminho para uma maior demanda de farelo e mesmo de óleo de soja do Brasil. No caso do óleo, é preciso monitorar a mistura obrigatória do biodiesel, que pode acabar limitando o espaço para se exportar o óleo vegetal.

Em resumo, os fatores altistas predominam no mercado de soja, destacando que os preços domésticos se mantêm em patamares elevados, mesmo com a pressão da colheita. O farelo e o óleo também estão diante do período de incremento do esmagamento, o que tende a pesar sobre os preços, mas destaca-se que o óleo de soja vinha mostrado maior resistência, num cenário de perspectivas de aumento do uso para biodiesel (que agora enfrenta incertezas) e de uma demanda aquecida por óleos vegetais ao redor do mundo, com preços fortalecidos.

Fonte: Assessoria de imprensa Stonex

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