Dentre as pragas que podem incidir sobre a cultura da soja, os percevejos destacam-se pela elevada capacidade em causar danos quantitativos e qualitativos nos grãos e sementes. Embora o percevejo-marrom (Euschistus heros) seja a espécie mais comum encontrada nas lavouras de soja, os maiores danos á cultura são ocasionados pelo percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii) que segundo Corrêa-Ferreira & Azeredo (2002 apud Gassen) pode consumir até 0,21 g.dia-1.

Figura 1. Potencial de danos dos principais percevejos da cultura da soja.

Conforme destacado por Saran (2008), o período crítico de interferência dos percevejos na cultura da soja é varia de R4 a R6, sendo que durante esse período podem ocorrem os maiores danos à cultura da soja.

Figura 2. Período de ocorrência de percevejos em soja.

Fonte: Saran (2008).

Embora os percevejos não causem danos econômicos na cultura da soja durante seu período vegetativo, grande parte deles já estão presentes na área de cultivo, além disso, podem atuar como agentes transmissores de viroses.

Com isso em vista e tendo em consideração o potencial em causar danos dos percevejos, o monitoramento da praga é essencial para embasar práticas de manejo, tais como o controle químico da praga. Ainda que o controle químico seja realizado normalmente no período reprodutivo da soja, existem alternativas de manejo que possibilitam a redução da população da praga e seu controle parcial.

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Trata-se do controle biológico de percevejos em soja, utilizando agentes biológico como o Telenomus podisi e Trissolcus basalis. Conforme destacado por Godoy; Ávila; Arce (2007), esses agentes biológicos atuam parasitando os ovos dos percevejos, sendo o Trissolcus basalis o principal fator de mortalidade de Nezara viridula e o Telenomus podisi o principal fator de mortalidade do Euschistus heros.

Em vídeo no canal Soja Radar da Tecnologia, o Pesquisador da Embrapa Soja, Adeney de Freitas Bueno explica que basicamente, o parasitoide ovipositar dentro do ovo do percevejo, matando-o e dando origem a novos parasitoides os quais darão continuidade no processor de controle biológico de percevejos.

Figura 3. Micro vespa parasitoide Telenomus podisi.

Fonte: Koppert.

Com o objetivo de incrementar as populações já existentes a campo, os parasitoides de ovos podem ser liberados a campo. Podem ser liberados como adultos (5000 vespinhas.ha-1), ou em ovos parasitados (Embrapa).

Avaliando o “Controle Biológico de Percevejos Fitófagos da Soja na Região de Dourados, MS”, Godoy; Ávila; Arce (2007), observaram significativa porcentagem de parasitismo em ovos de E. heros quando utilizados o parasitoide Telenomus podisi (tabela 1).

Tabela 1. Total de posturas e de ovos de E. heros avaliados em cada local de coleta, porcentagem média de parasitismo dos ovos e espécies de parasitoides observados em lavouras de soja de três municípios durante a safra 2004/2005. Dourados, MS.

Fonte: Godoy; Ávila; Arce (2007).

Os autores atribuem a alta porcentagem de parasitismo nos ovos dos percevejos, na área de Itaporã, provavelmente ao fato de que nessa lavoura vem sendo adotado o manejo integrado, principalmente com uso de produtos menos agressivos aos parasitóides, tanto para o controle da lagarta da soja quanto para os percevejos fitófagos (Godoy; Ávila; Arce, 2007). Isso enfatiza a intima relação do controle biológico com o Manejo Integrado de Pragas (MIP), destacando a importância de ambos estarem em harmonia.



Tendo em vista os aspectos observados, pode-se dizer que o uso de parasitoides de ovos é uma alternativa de grande valia no manejo de percevejos da soja. Em algumas situações pode não substituir o controle químicos das pragas, entretanto pode ser uma alternativa interessante para a antecipação do controle de percevejos, reduzindo a densidade populacional da praga no período reprodutivo da soja, além disso, é uma ferramenta de grande valia para o MIP, auxiliando na sustentabilidade do cultivo e manejo da resistência de pragas.

Confira o vídeo abaixo com as dicas do pesquisador da Embrapa Soja Adeney de Freitas Bueno.


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Referências:

CORRÊA-FERREIRA, B. S; AZEVEDO, J. D. SOYBEAN SEED DAMAGE BY DIFFERENT SPECIES OF STINK BUGS. Agricultural and Forest Entomology, p. 145-150, 2002. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.1461-9563.2002.00136.x >, acesso em: 30/11/2020.

EMBRAPA. O CONTROLE BIOLÓGICO DE PERCEVEJOS E SUA APLICAÇÃO NO MIP-SOJA. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105491/1/ID-1791.pdf >, acesso em: 30/11/2020.

GODOY, K. B.; ÁVILA, C. J.; ARCE, C. C. M. CONTROLE BIOLÓGICO DE PERCEVEJOS FITÓFAGOS DA SOJA NA REGIÃO DE DOURADOS, MS. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 40, 2007. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/254791/1/BP200740.pdf >, acesso em: 30/11/2020.

GODOY, K. B.; ÁVILA, C. J.; ARCE, C. C. M. CONTROLE BIOLÓGICO DE PERCEVEJOS FITÓFAGOS DA SOJA NA REGIÃO DE DOURADOS, MS. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 40, 2007. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/254791/1/BP200740.pdf >, acesso em: 30/11/2020.

SARAN, P. E. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE PERCEVEJOS DA SOJA. FMC, 2008. Disponível em: < http://www.ccpran.com.br/upload/downloads/dow_4.pdf >, acesso em: 30/11/2020.


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