Foto de capa: Adair Carneiro/Arquivo Embrapa.

O controle biológico é um fenômeno natural que regula o número de plantas e animais no ambiente, mantendo as espécies em um estado de equilíbrio. Na agricultura, o controle biológico aplicado envolve a introdução e manipulação dos inimigos naturais para o controle de pragas.

Esses inimigos naturais, também denominados organismos benéficos, podem ser classificados como predadores e parasitoides. Muitas vezes tratados como sinônimos, esses agentes de controle biológico apresentam diferenças importantes entre si.

Insetos predadores

São as espécies que se alimentam de outros insetos e/ou ácaros. O predador é geralmente maior do que a presa, a qual ele paralisa rapidamente para em seguida devorar, ou para sugar o conteúdo fluido do corpo. Um inseto predador típico consome vários indivíduos de sua presa durante o seu ciclo de desenvolvimento, podendo alimentar-se indistintamente de todas as fases do hospedeiro: ovo, larva (ou ninfa), pupa e adulto.

Em relação ao hábito alimentar, os insetos predadores podem ser de dois tipos: aqueles com aparelho bucal mastigador, que simplesmente mastigam a sua presa como um todo; e aqueles com aparelho bucal sugador, que sugam os fluidos internos da vítima. As joaninhas (família Coccinellidae) são o exemplo mais representativo de insetos benéficos mastigadores, alimentando-se principalmente de pulgões e sendo encontrados em diversos cultivos agrícolas. Já os percevejos da família Reduviidae são um bom exemplo de insetos benéficos sugadores.

Figura 1. Joaninha da espécie Hippodamia variegata alimentando-se de pulgões (Aphis nerii).

Fonte: Pavlos Skenteridis/Bio-Insecta.

Independentemente do tipo de predador, eles geralmente se alimentam de um grupo específico de pragas. Nesse sentido, um inseto predador pode ser classificado como monófago (altamente específico de uma presa), oligófago (faixa restrita de presas) ou polífago (faixa ampla de presas).

Insetos parasitoides

Diferentemente dos predadores, os insetos parasitoides não utilizam a praga como fonte primária de alimento, mas sim como hospedeiro para o desenvolvimento dos seus estágios imaturos (larvas). O hospedeiro pode ser um ovo, uma larva ou uma pupa da espécie-praga, que é destruído à medida que a larva do parasitoide completa seu desenvolvimento. Já o parasitoide adulto é um inseto de vida livre que se alimenta de néctar e, ocasionalmente, fluidos dos ovos de suas presas.

Os parasitoides podem ser de dois tipos: endoparasitoides, que se desenvolvem dentro do corpo do hospedeiro; e ectoparasitoides, que completam seu ciclo sobre o corpo da vítima. No primeiro caso, pode ser difícil certificar-se se o parasitismo está ou não ocorrendo; mas o inseto parasitado praticamente não se alimenta e, portanto, não causa danos à cultura. No caso específico dos pulgões, o inseto parasitado também adquire uma cor amarelada e fica aderido à folha, sendo denominado de “múmia”.

Figura 2. Exemplo de parasitismo em mosca-das-frutas (Drosophila melanogaster).

Fonte: Adaptado de Yang et al. (2021).

Já os ectoparasitoides podem ser observados visualmente, pois desenvolvem-se sobre o corpo do hospedeiro. Geralmente, há a presença de pequenos casulos aderidos sobre o corpo da praga, do qual emergem posteriormente pequenas vespas. Um exemplo comum são as vespas pertencentes ao gênero Apanteles. Outras espécies de microvespas atuam como parasitoides de ovos.

É o caso de Trissolcus basalis e Telenomus podisi, importantes agentes de controle do percevejo-verde (Nezara viridula) e do percevejo-marrom (Euschistus heros), respectivamente. Ambos podem ser adquiridos comercialmente e liberados de forma massal nas lavouras para controle das pragas-alvo.

Figura 3. Microvespas da espécie Telenomus podisi parasitando ovos de Euschistus heros.

Fonte: Adair Carneiro/Arquivo Embrapa.

A liberação de parasitoides nas lavouras deve ser realizada preferencialmente ao final da tarde, evitando condições de ventos fortes e temperaturas altas. Dessa forma, o desempenho dos agentes biológicos de controle é maximizado. Caso seja necessário também aplicar inseticidas químicos, devem ser priorizados produtos com alta seletividade, como diamidas e benzoilureias, que ajudam a preservar as populações de insetos benéficos.

Sobre o autor: Henrique Pozebon, Engenheiro Agrônomo na Prefeitura Municipal de Santa Maria, Doutorando em Agronomia pela UFSM.

Referências:

CRUS, J. C.; MAGALHÃES, P. C.; PEREIRA FILHO, I. A.; MOREIRA, J. A. A. Milho: 500 Perguntas, 500 Respostas. Embrapa, Brasília-DF, 2011. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/101790/1/500perguntasmilho.pdf>

YANG, L.; QIU, L.-M.; FANG, Q.; STANLEY, D.W.; YE, G.-Y. Cellular and humoral immune interactions between Drosophila and its parasitoids. Insect Science, v. 28, p. 1208-1227, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.1111/1744-7917.12863>


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