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Controle biológico do percevejo-marrom utilizando fungos entomopatogênicos

O manejo e controle de pragas na cultura da soja é essencial para reduzir perdas de ordem quantitativa e qualitativa. Ainda que o adequado monitoramento da lavoura possa contribuir significativamente para a melhor assertividade do momento de aplicação de inseticidas, em algumas situações a elevada pressão de pragas em diferentes estádios do desenvolvimento da soja torna necessário práticas de manejo integradas, visando o melhor controle dos insetos e manejo da resistência a inseticidas.

Dentre os principais insetos pragas que acometem a soja, podemos destacar os percevejos, sendo o percevejo-marrom (Euschistus heros) uma das principais espécies e mais comuns em lavouras de soja. Ainda que em tese, os percevejos não causem maiores danos na cultura da soja durante o período vegetativo da cultura, o aumento populacional da praga nesse período e o controle ineficiente podem resultar maiores danos no período reprodutivo da soja.

Conforme observado por Nunes & Corrêia-Ferreira (2002), quando acomete a cultura da soja durante os períodos mais sensíveis, o percevejo-marrom pode causar significativa redução da qualidade fisiológica das sementes, afetando negativamente atributos como germinação e vigor. Além disso, o percevejo-marrom pode reduzir a produtividade da soja, sendo que para cada percevejo na área de produção, tem-se uma perda de aproximadamente 0,08 gramas dia-1.

Figura 1. Danos quantitativos dos principais percevejos na cultura da soja.

Saran (2008), assim como Zanon et al. (2018) destacam que o subperíodo do desenvolvimento da soja que compreende o enchimento de grãos, é considerado um período crítico da ocorrência dos percevejos em soja, sendo esse, o período em que é possível observar os maiores danos em decorrência da incidência da praga.

Figura 2. Períodos de ocorrência de percevejos na soja.

Fonte: Saran (2008).

Tendo em vista os danos ocasionados pelo percevejo-marrom, o monitoramento e controle da praga na cultura da soja é de suma importância para reduzir perdas quantitativas e qualitativas. Embora o controle químico com o emprego de inseticidas seja o método mais empregado, visando a maior sustentabilidade da cultura e o manejo da resistência a inseticidas, métodos alternativos, utilizados de forma integrada, como o controle biológico podem ser uma interessante opção de controle.

Integrando o controle biológico de pragas, uma das principais ferramentas disponíveis e com eficiência comprovada é a utilização de fungos entomopatogênicos. Fungos entomopatogênicos destacam-se entre os agentes de controle biológico mais utilizados no país e representam uma alternativa para o manejo de insetos sugadores, tais como percevejos (Michereff Filho et al., 2009).

Dentre os principais fungos entomopatogênicos utilizados na agricultura para controle de insetos sugadores, podemos destacar Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana. A eficiência de controle de Euschistus heros por bioinseticidas à base de Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana foi avaliada por Oliveira (2017).

Conforme dados observados pelo autor, ambos os fungos apresentaram bom controle do percevejo-marrom, principalmente quando utilizado o fungo Beauveria bassiana no controle de ninfas. Ainda que possa ser uma interessante estratégia para controle, cabe destacar que em virtude de maior eficiência de ambos os fungos em controlar ninfas, o momento de utilização do controle biológico é determinante para o sucesso do manejo.

Tabela 1. Porcentagem média (± EP) da mortalidade de ninfas de terceiro ínstar e adultos de Euschistus heros causados por bioinseticidas comerciais à base de Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana, em diferentes dosagens.

Médias (±EP) seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott (5%) Fonte: Oliveira (2017)

Pode-se dizer que com base nos resultados apresentados, os bioinseticidas comerciais a base de B. bassiana e M. anisopliae apresentaram patogenicidade e diferentes virulências sobre ninfas de terceiro ínstar e adultos de E. heros (Oliveira, 2017), sendo uma interessante ferramenta para o manejo da praga na cultura da soja. Confira o trabalho completo clicando aqui!

Figura 3. Controle biológico do percevejo-marrom utilizando o fungo Beauveria bassiana.

Fonte: Dalla Nora (2019)

Veja mais: Como utilizar Beauveria bassiana para um controle eficiente de insetos na lavoura


Referências:

DALLA NORA, DAIANE. ISOLAMENTEO E SELEÇÃO DE FUNGOS PARA O CONTROLE DO PERCEVEJO-MARRO. Universidade Federal de Santa Maria, Dissertação de Mestrado, 2019. Disponível em: < https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/19613/DIS_PPGCS_2019_DALLA_NORA_DAIANE.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 03/12/2021.

MICHEREFF FILHO, M. et al. DESENVOLVIMENTO DE BIOPESTICIDA À BASE DE Beauveria bassiana PARA CONTROLE DE Myzus persicae (Hemiptera: Aphididae). Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 58, 2009. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/783030/1/bpd58.pdf >, acesso em: 03/12/2021.

NUNES, M. C.; CORRÊA-FERREIRA. Danos CAUSADOS À SOJA POR ADULTOS DE Euschistus heros (Fabricius) (Hemiptera: Pentatomidae), SADIOS E PARASITADOS POR Hexacladia smithii Ashmead (Hymenoptera: Encyrtidae). Neotropical Entomology, 2002. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/ne/a/34VP8CfYqFVnGDpvhzq4rbS/?lang=pt >, acesso em: 03/12/2021.

OLIVEIRA, D. H. R. PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA DE Beauveria bassiana E Metarhizium anisopliae A Euschistus heros (HEMIPTERA: PENTATOMIDAE). a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Trabalho de Conclusão de Curso, 2017. Disponível em: < http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/16049/1/DV_COAGR_2017_1_02.pdf >, acesso em: 03/12/2021.

SARAN, P. E. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE PRAGAS DA SOJA. FMC, 2008. Disponível em: < http://www.ccpran.com.br/upload/downloads/dow_4.pdf >, acesso em: 03/12/2021.

ZANON, A. J. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 1, 2018.

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Equipe Mais Soja
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