Autores: Rafaella Pretto Moreira¹; Mateus Felipe da Silva Ramos²; Gilmar Seidel³; Leonardo Andrei Graminho Tassi³; Luiz Felipe Kuhn³; Geomar Mateus Corassa³; Glauber Renato Stürmer³.

Introdução

A cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott) (Hemiptera: Cicadellidae), tem assumido papel relevante nos últimos no Brasil por ser espécie vetora de três fitopatógenos: Spiroplasma kunkelii Whitcomb (‘corn stunt spiroplasma’- CSS), Phytoplasma sp. (‘maize bushy stunt phytoplasma’ – MBSP), agentes causais do enfezamento pálido e do enfezamento vermelho, respectivamente, e do Maize Rayado Fino virus (‘Marafivirus’ – MRFV).

O ciclo de vida da D. maidis varia conforme a temperatura e o fotoperíodo, durando de 25 a 30 dias em temperaturas médias de 25ºC, podendo apresentar um ciclo maior em temperaturas mais baixas. A ninfa apresenta cinco instares de desenvolvimento até se tornar adulta. Dentre as espécies de Dalbulus, a D. maidis é a que apresenta o mais rápido período de ovo a adulto e a maior fecundidade, é capaz de produzir, no mínimo, duas gerações durante o ciclo do milho (Madden et al., 1986; Nault & Madden, 1985; Todd et al., 1991).

No Brasil, a incidência de doenças do milho associadas aos molicutes aumentou consideravelmente nos últimos anos em quase todo o território brasileiro (Oliveira et al., 2013). Em 2006 foi constatado surto epidêmico de enfezamentos em milho, no oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, provavelmente devido ao aumento populacional de D. maidis detectado nesse mesmo ano (SABATO et al., 2008). Isso se deve ao aumento da área cultivada com milho e a redução da sazonalidade de seu cultivo, podendo ser cultivado durante o ano todo.

Devido à importância da Dalbulus maidis como vetor de fitopatógenos, o seu controle precisa ser realizado, visando permitir o estabelecimento da mesma sem a ocorrência do inseto, por consequência se faz necessário realizar o tratamento da semente que será utilizada e também como complemento utilizar de manejos químicos e biológicos para um eficiente controle.

O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito de inseticidas utilizados no controle de Dabulus maidis no peso de mil grãos do milho híbrido DKB 240 PRO 3.

Material e Método

O experimento foi conduzido a campo, na área experimental da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL), localizada no município de Cruz Alta – RS. O híbrido utilizado foi DKB 240 PRO 3, semeado no dia 11/01/2021, com espaçamento de 0,47 m entre linhas e 0,25 m entre plantas. Cada parcela foi composta por 7 linhas de 12 m de comprimento. Para a adubação de base foram utilizados 350 Kg/ha de NPK 10-20-20. Para adubação de cobertura realizada com 200 Kg/ha de Uréia 46-00-00, distribuídos a lanço.

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 10 tratamentos e duas repetições.

Os tratamentos utilizados foram:

1) testemunha;

2) metomil (323 i.a./ha);

3) clorpirifós (720 i.a./ha);

4) acefato (970 i.a./ha);

5) etiprole (150 i.a./ha);

6) cipermetrina + profenofós (16 i.a./ha + 160 i.a./ha);

7) tiametoxam + lambda-cialotrina (42 i.a./ha + 32 i.a./ha);

8) carbosulfato + bifrentrina (90 i.a./ha + 30 i.a./ha);

9) Isaria fumosorosea (43 i.a./ha) e;

10) Isaria fumosorosea + cipermetrina + profenofós (43 i.a./ha + 16 i.a./ha + 160 i.a./ha).

Os tratamentos foram aplicados com o auxílio de um pulverizador costal pressurizado com CO2 (Dióxido de Carbono) e uma barra de aplicação lateral de 3 metros, composta por 6 bicos do tipo leque duplo (110.015) e uma vazão de 150 L/ha de volume de calda. No total foram realizadas 5 aplicações, sendo as 3 primeiras espaçadas por um intervalo de 5 dias entre aplicações e as duas aplicações restantes espaçadas em um intervalo de 10 dias.

A colheita foi realizada manualmente considerando 3 linhas por 3 m de comprimento por parcela, das quais se avaliou o peso total, umidade e o peso de mil sementes, os grãos foram separados da espiga com auxílio de um debulhador elétrico.

Resultados e Discussão 

A análise estatística pelo teste de Tukey mostrou que houve diferença significativa entre a massa média de mil grãos dos tratamentos com inseticidas em pulverização, ao nível de significância estabelecido de 0.05, quando comparada à média da testemunha (Tabela 1).

As aplicações feitas com acefato e metomil obtiveram um melhor desempenho quando comparados a média dos demais tratamentos. Os restantes dos tratamentos não obtiveram diferenças significativas quando comparados com o tratamento testemunha.

Conclusão 

O PMS (peso de mil sementes) variou de acordo com os diferentes produtos utilizados, obtendo melhores resultados nos tratamentos acefato e metomil, respectivamente.

Informações sobre os autores:

  • ¹ Acadêmica do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS. E-mail: rafaellamoreira1@hotmail.com
  • ² Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade de Cruz Alta (Unicruz), Cruz Alta/RS. E-mail: mateus.ramos79.mr@gmail.com
  • ³ Pesquisa em Entomologia, Cooperativa Central Gaúcha Ltda. (CCGL), Cruz Alta/RS. E-mail: gilmar.seidel@ccgl.com.br; leonardo.graminho@ccgl.com.br; luiz.kuhn@ccgl.com.br; geomar.corassa@ccgl.com.br; Glauber.sturmer@ccgl.com.br

Referências:

HEADY, S. E. & NAULT, L. R. Escape behavior of Dalbulus and Baldulus leafhoppers (Homoptera: Cicadellidae). Environmental Entomology, 14: 154-158, 1985.

MADDEN, L. V.; NAULT, L. R.; HEADY, S. E. & STYER, W. E. Effect of temperature on the population dynamics of three Dalbulus leafhopper species. Annals of applied biology, 108: 475-485, 1986.

NAULT, L. R. Maize bushy stunt and corn stunt: a comparison of disease symptoms, pathogen host ranges, and vectors. Phytopathology, 70: 659-662, 1980.

NAULT, L. R. & MADDEN, L. V. Ecological strategies of Dalbulus leafhoppers. Ecological Entomology, 10: 57-63, 1985.

NAULT, L. R. Evolution of an insect pest: maize and the corn leafhopper, a case study. Maydica, 35: 165-175, 1990.

OLIVEIRA, C. M.; LOPES, J. R. S.; NAULT, L. R. Survival strategies of Dalbulus maidis during maize off‐season in Brazil. Entomologia Experimentalis et Applicata, 147: 141-153, 2013.

SABATO, E.; SOUZA, I.; ALVES, E. & OLIVEIRA, C. Incidência do inseto-vetor de molicutes e de enfezamentos em milho. In: Embrapa Milho e Sorgo-Resumo em anais de congresso (ALICE). Summa Phytopathologica, Botucatu, 34:95, 2008.

TODD, J. L.; MADDEN, L. V. & NAULT, L. R. Comparative growth and spatial distribution of Dalbulus leafhopper populations (Homoptera: Cicadellidae) in relation to maize phenology. Environmental Entomology, 20: 556-564, 1991.

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