Ao longo do ciclo de desenvolvimento das culturas, diversas pragas podem surgir, ocasionando prejuízos tanto na qualidade dos produtos agrícolas quanto na produtividade da cultura. Nesse sentido, torna-se essencial a adoção de medidas de controle para evitar perdas, garantindo que a cultura cresça e se desenvolva de forma a expressar seu máximo potencial sem a interferência de potenciais ameaças à sua produção.
Na cultura do milho, os problemas com a presença de pragas, inicia-se com presença de lagartas na cobertura vegetal que deve ser dessecada para o plantio do milho, além de insetos do solo, seguidas por pragas de superfície que tendem a atacar principalmente as plântulas. Em seguida, surgem as lagartas que se alimentam de folhas e das espigas, e, por fim, os sugadores da parte aérea, como percevejos e pulgões, que atacam as folhas e os grãos em formação (Ávila, 2015). De acordo com o IRAC-BR, as principais pragas do milho são a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e os percevejos, ambos têm um tempo de geração de aproximadamente 30 dias.
Na cultura da soja, de acordo com Roggia et al. (2020), entre as principais pragas que causam prejuízos as que possuem maior importância são as lagartas, que causam danos as folhas e os percevejos, que sugam as vagens e os grãos. Além dessas pragas, a mosca branca também merece destaque, todas essas pragas possuem um tempo de geração entre 30 e 40 dias (IRAC-BR).
Tabela 1. Níveis de ação para as principais pragas da cultura da soja nos estádios vegetativos e reprodutivos. Os níveis foram estabelecidos com o número de insetos por metro de linha da cultura.
As orientações para o manejo da resistência a inseticidas, de acordo com o Comitê de Ação a Resistencia a Inseticidas (IRAC-BR), para soja e milho não-Bt, incluem a aplicação de inseticidas somente se a densidade populacional da praga atingir o nível de controle, utilizando as janelas de aplicação de inseticidas. Em caso de utilização de sementes tratadas, pode-se realizar pulverização de um inseticida com mesmo modo de ação apenas dentro da janela de 30 dias.
É fundamental dar preferência aos inseticidas seletivos aos inimigos naturais, evitando repetir a mesma mistura pronta de inseticidas. Caso uma mistura seja utilizada, recomenda-se não utilizar inseticidas que apresentem o mesmo mecanismo de ação na próxima janela ou em rotação. Além disso, é de suma importância não utilizar inseticidas para os quais existem casos comprovados recentemente de resistência na região de cultivo. Eliminar plantas tigueras e espontâneas e fazer rotação de culturas também são práticas que devem ser incorporadas ao sistema produtivo. No caso da tecnologia Bt, deve-se seguir as orientações fornecidas pelos fornecedores das sementes sobre a recomendação para pulverização foliar (IRAC-BR).
O uso de inseticidas tem um papel fundamental no controle de pragas, no entanto, é importante ressaltar que o uso repetido de um mesmo inseticida pode proporcionar o desenvolvimento de populações de insetos resistentes. Portanto, é essencial adotar o uso de inseticidas com diferentes mecanismos de ação nas janelas de aplicação, a fim de minimizar o risco de resistência e manter a eficiência no controle de pragas.
A janela de aplicação de inseticidas, refere-se ao tempo necessário para que uma praga passe por uma geração completa, ou seja, complete seu ciclo de vida, desde a fase de ovo, passando a fase juvenil e finalmente a fase adulta, ou a duração do efeito de uma única aplicação de inseticida, chamado efeito residual. Ao estabelecer e respeitar as janelas de aplicação, reduz-se significativamente o risco de gerações seguintes da praga desenvolverem resistência devido a exposição contínua ao mesmo modo de ação do inseticida (IRAC-BR).
Portanto, a janela de aplicação surge como uma ferramenta crucial no manejo da resistência de pragas a inseticidas, tornando fundamental o conhecimento do efeito residual dos inseticidas, bem como do ciclo da praga. Compreender esses fatores é essencial para implementar estratégias eficientes de controle e manejo a fim de garantir a produtividade das culturas por meio da aplicação responsável de práticas agrícolas.
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Referências:
ÁVILA, J. C. MANEJO INTEGRADO DAS PRINCIPAIS PRAGAS QUE ATACAM A CULTURA DO MILHO NO PAÍS. Visão Agrícola, Proteção de Plantas, n. 13, 2015. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA_13_Protecao_plantas-artigo2.pdf >, acesso em: 19/10/2023.
GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. PRAGAS DA SOJA E SEU CONTROLE. Tecnologia e Produção Safra 2018/2019, cap. 5. Fundação MS, Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 19/10/2023.
IRAC-BR. MILHO: ORIENTAÇÕES PARA O MANEJO DA RESISTÊNCIA A INSETICIDAS. Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas, Brasil. Disponível em: < https://www.irac-br.org/_files/ugd/6c1e70_fb6f15d35444471ca2e99394bbcf8ffb.pdf >, acesso em: 19/10/2023.
IRAC-BR. SOJA: ORIENTAÇÕES PARA O MANEJO DA RESISTÊNCIA A INSETICIDAS. Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas, Brasil. Disponível em: < https://docs.wixstatic.com/ugd/2bed6c_4c2de6d26f284614871c2803b05c174e.pdf >, acesso em: 19/10/2023.
IRAC-BR. VOCÊ SABE O QUE É UMA JANELA DE APLICAÇÃO PARA INSETICIDAS? Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas, Brasil. Disponível em: < https://www.irac-br.org/?wix-vod-video-id=1a6bf15cba054c719c77855b40cbaf27&wix-vod-comp-id=comp-kwcat66t >, acesso em: 19/10/2023.
ROGGIA, S. et al. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS. Tecnologias de Produção de Soja, Sistemas de Produção 17, cap. 9. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 19/10/2023.