A cultura do trigo (Triticum aestivum) é uma das principais culturas no período de inverno na região Sul do Brasil, sendo essa de extrema importância para dentro do sistema plantio direto e de grande importância na alimentação humana e animal. Dentre os vários fatores que podem impactar na redução da produtividade, algumas pragas são importantes, sendo uma delas o Coró.
Dentre os corós existentes, há duas espécies predominantes, o coró das pastagens (Diloboderus abderus) e o coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga), (Cunha & Cairão, 2023). De acordo com Pereira & Salvadori (2021), as larvas dos corós se caracterizam por possuírem o seu corpo em forma de C, corpo esbranquiçado e a cabeça e os três pares de pernas mais escuros.
Os adultos do coró das pastagens se caracterizam por possuir coloração quase preta, medindo em torno de 1,3cm de largura e 2,5cm de comprimento. Possuem geração anual e são polífagos, consumindo diversas espécies de plantas, até mesmo daninhas, dificultando o seu controle.
Sua fase larval é caracterizada por possuir três ínstares, e podem ser encontradas em galerias, de 10 a 20cm de profundidade. Sua ocorrência está relacionada com solos não resolvidos e uma boa disponibilidade de palhada, que são utilizadas para alimentação de larvas jovens (Pereira & Salvadori, 2006).
Figura 01: Coró-das-pastagens, A) Adulto; B) Larva.
O coró-do-trigo, de acordo com Salvadore & Pereira (2006) também é polífago, mas de hábitos caracteristicamente rizófagos, ou seja, pode atacar o sistema radicular do trigo. O seu ciclo de vida é caracterizado por se completar em torno de 2 anos.
São encontrados tanto em solos com revolvimento como também em sistema de plantio direto, as larvas são favorecidas em solos não compactados e desestruturados. Geralmente ficam em uma camada.de solo de até 10 cm de profundidade, podendo-se encontrar em profundidades maiores quando possuir temperaturas amenas. Os adultos possuem coloração marrom avermelhada brilhante com pêlos dourados. Medem em torno de 1,8cm de comprimento e 0,8cm de largura.
Figura 02: A) Adulto; B) Larva.
Os danos de ambos os corós, são causados pelas larvas, sendo principalmente as de 3º ínstar, essas se alimentam das raízes e de alguns casos de sementes e parte aérea das plantas. Os sintomas de ataque de corós na cultura do trigo são vistos nas lavouras através do murchamento, morte e desaparecimento das plântulas.
Além disso, pode também ser visualizado a morte de perfilhos e mal desenvolvimento da planta, devido ao comprometimento do sistema radicular. De acordo com Cunha e Cairão (2023) a presença de corós na área é visualizada em reboleiras, e sua ocorrência varia ano a ano, devido a praga sofrer com altas umidades e ao ataque de inimigos naturais.
De acordo com Gassen (1999), apesar dos danos causados, estes podem contribuir de forma positiva em alguns aspectos, abrindo galerias que irão permitir uma melhor infiltração de água, melhorias nas características físicas, químicas e biológicas, devido a incorporação e decomposição de restos culturais.
Para evitar perdas de produtividade com corós, recomenda-se o monitoramento regular das áreas, tanto no inverno quanto no verão. Como forma de prevenção, utiliza-se tratamento de sementes com inseticidas, como também a rotação de culturas com plantas não hospedeiras desta praga.
Com o advento do sistema plantio direto, a discussão que se tinha no início da adoção desse sistema que se caracteriza pela semeadura sem revolvimento do solo, era um aumento da pressão dessa praga, o que não vem se confirmando, onde o produtor consegue conviver tranquilamente com as práticas de manejo e tratamento de semente.
Autores: Igor Streit e Márlon Ribeiro Feldens acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.
Referências
DA CUNHA, Gilberto Rocca; CAIRÃO, Eduardo; Informações Técnicas para Trigo Triticale. 2023. Disponível em:<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1153536/1/InformacoesTecnicasTrigoT riticale-Safra2023.pdf> Acesso em: 12/06/2024.
SALVADORI, José Roberto; PEREIRA, Paulo Roberto V. S. Manejo integrado de corós em trigo e culturas associadas. 2006. Disponível em:<http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co203.pdf> Acesso em: 14/06/2024.
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