A cotação do trigo, em Chicago, para o primeiro mês, voltou a cair abaixo dos US$ 8,00/bushel nesta semana, fechando a quarta-feira (23), véspera do feriado de Ação de Graças nos EUA, em US$ 7,93/bushel. Este valor é o mais baixo desde o início de setembro passado.
Dito isso, o plantio do trigo de inverno, estando encerrado nos EUA, a atenção se volta para as condições das lavouras. Neste sentido, até o dia 21/11, as mesmas apresentavam 32% entre boas a excelentes, 35% regulares e 33% entre ruins a muito ruins.
Já o Ministério da Agricultura da Argentina, contrariando analistas privados locais, estima que a safra de trigo local será um pouco melhor, devendo ficar em 13,4 milhões de toneladas na safra 2022/23 (a iniciativa privada avança 11,8 milhões de toneladas)Chica.
Por sua vez, na Europa, a consultoria Strategie Grains espera que os agricultores da União Europeia mantenham a área semeada para as principais culturas, trigo, cevada e milho, quase inalterada em relação ao atual ano agrícola. Em suas primeiras previsões para 2023/2024, a empresa estimou a área semeada com trigo macio (soft) na UE em 21,67 milhões de hectares, ligeiramente acima da média de cinco anos.
E no Brasil, os preços se estabilizaram durante a semana, com leve viés de alta em algumas praças. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 91,11/saco, enquanto as principais praças do Estado negociaram o produto a R$ 90,00. Já no Paraná o saco de trigo ficou em R$ 97,00.
Em termos de colheita, até o dia 21/11 o Paraná registrava 94% da área colhida, enquanto o Rio Grande do Sul alcançava a 52% da área, no dia 17/11, contra a média histórica de 89% nesta data. Já o Mato Grosso do Sul espera um aumento de 93% em sua produção de trigo neste ano, com uma produtividade média em 2.372 quilos/hectare (39,5 sacos/hectare). O total brasileiro poderá alcançar um volume entre 8,5 e 9,5 milhões de toneladas neste ano, sendo um recorde histórico. (cf. Deral, Emater e Conab)
Por sua vez, estudos da Embrapa Trigo apontam que é possível, em 2030, o Brasil atingir a 20 milhões de toneladas produzidas em trigo, se tornando autossuficiente e um exportador consistente do cereal.
Enfim, saindo um pouco da seara do trigo, tem-se que a Emater do Rio Grande do Sul, como única Instituição a classificar toda a cevada produzida em nosso Estado, chegou, no dia 16/11, à milésima das 3.500 amostras esperadas para até o final da safra. A classificação da cevada iniciou no dia 24 de outubro, devendo se encerrar no próximo dia 15 de janeiro, e é realizada por 20 técnicos classificadores na Ambev de Passo Fundo. Com uma área de 37.500 hectares de cultivo e uma produtividade estimada em 3.237 quilos/hectare, o Rio Grande do Sul deve produzir 121.236 toneladas, o que será uma superssafra do cereal. As regiões com maior destaque são Frederico Westphalen, onde a colheita está praticamente encerrada, Ijuí, com 80% das lavouras colhidas e produtividade de 3.000 a 4.000 quilos/ha, e Soledade, onde a produtividade em muitas lavouras chega a 4.800 quilos/ha. Destaque também, neste ano, para a ótima qualidade do grão, com classificação classe 1 e germinação acima de 96%, ideais para malte cervejeiro. A Emater/RS presta serviços de classificação à Ambev há 21 anos, analisando itens como matéria estranha e impurezas, umidade e proteína, realizando testes de micotoxina e calculando o poder germinativo do produto. Após todo esse processo, a cevada é encaminhada aos armazéns da Pradozem, maior empresa da América Latina em armazenagem de grãos, onde é segregada por silo conforme sua qualidade. Essa cevada classificada é encaminhada para as cervejarias, a fim de serem maltadas e repassadas para a produção de cervejas. Para que seja maltada, a cevada deve ter 95% de poder germinativo. Caso contrário, é utilizada para rações. O serviço de classificação prestado pela Emater/RS possui rastreabilidade em todo o processo, desde a produção do grão, e certificações internacionais, que atestam sua qualidade, como a ISO 9001 (certificando a qualidade de produtos e serviços), a ISO 17.025 (garantindo a gestão de qualidade/específica para laboratórios) e a ISO 17.065 (certificação de armazenamento). (cf. Emater)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).