Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

A cotação do trigo, para o primeiro mês cotado, oscilou bastante durante a semana, terminando a quinta-feira (30) em US$ 5,29/bushel, ou seja, no mesmo valor do fechamento de uma semana antes.

A colheita do trigo de inverno nos EUA avança bem, atingindo a 81% da área até o dia 26/07, contra 82% na média histórica. Já o trigo de primavera tinha 1% colhido, contra 3% na média histórica, com as condições de suas lavouras variando entre 68% entre boas a excelentes; 25% regulares e 7% entre ruins a muito ruins.

Por outro lado, as exportações estadunidenses de trigo, na semana anterior, atingiram a 544.010 toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado, com o total exportado no atual ano comercial superando em 8% o total do ano passado na mesma época.

Por sua vez, na Argentina, o plantio da nova safra de trigo atingiu a 94% da área nesta atual semana. Houve redução no ritmo deste plantio devido as chuvas no Sul do país, enquanto no Centro-Norte permanece o déficit hídrico, comprometendo a futura produtividade final. A área semeada com trigo no vizinho país continua sendo esperada em 6,5 milhões de toneladas, com uma produção final, agora, ao redor de 20 milhões de toneladas, contra as 22 milhões inicialmente esperadas.

Já na União Europeia, a produtividade média do trigo macio deverá recuar para 5.540 quilos/hectare, perdendo 60 quilos/ha em relação as estimativas do mês de junho.

Enquanto isso, na Austrália, as chuvas que vieram interromper uma seca que persistiu durante três anos naquele país, o plantio de trigo ganhou nova vida, gerando projeções de safra muito grande. Assim, a safra 2020/21 está sendo projetada em 26,7 milhões de toneladas, com um aumento de 75% sobre a produção do ano anterior, devendo atingir o maior volume desde o recorde histórico de 35,1 milhões de toneladas atingido em 2016/17.



A média da produção australiana nos últimos 10 anos é de pouco mais de 24 milhões de toneladas. Alguns analistas chegam a projetar uma colheita, neste ano, ao redor de 30 milhões de toneladas se a parte Ocidental do país receber boas chuvas nos próximos dois meses. Como a colheita de trigo na Austrália se dá especialmente em outubro, ainda é preciso esperar pelo clima.

Aqui no Brasil, enquanto o plantio está encerrado na maior região produtora, que é o Sul do país, os preços se mantêm firmes. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 55,26/saco (um ano atrás, nesta data, o preço médio do trigo gaúcho era de R$ 41,05/saco), enquanto em Santa Catarina, na região central o preço atual ficou em R$ 56,00/saco e no Paraná o mesmo permaneceu entre R$ 58,00 e R$ 60,00/saco.

Por enquanto, o clima tem sido positivo no Sul do país, porém, as geadas intensas desta semana no Rio Grande do Sul, com temperaturas abaixo de zero em muitas localidades, podem ocorrer igualmente no Paraná nestes dias, provocando estragos consideráveis nas lavouras locais. O Paraná tem escapado de intempéries maiores neste inverno, apesar do excesso de chuvas em alguns momentos, porém, agora chegou o período decisivo da planta de trigo em boa parte das regiões.

Vale destacar que São Paulo está otimista com o trigo neste ano, esperando atingir uma produção total de 300.000 toneladas nesta safra, o que seria 20% acima do registrado em 2019.

Assim, em havendo uma produção normal, e diante de um câmbio que volta a se aproximar dos R$ 5,00/dólar, tornando as importações mais baratas em reais, o preço nacional do trigo, a partir de setembro, quando começa a colheita no Paraná, pode não se sustentar, frustrando as recentes expectativas de manutenção de preços firmes, de parte do mercado, em relação a esta safra. A questão chave, além do câmbio, continua sendo o clima, especialmente no Paraná e no Rio Grande do Sul.


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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

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