Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

A cotação do trigo, para o primeiro mês cotado, recuou nesta semana, se aproximando do piso dos US$ 7,00/bushel. Na prática, o fechamento da quinta-feira (02) ficou em US$ 7,04, contra US$ 7,25 uma semana antes. A média de agosto fechou igualmente em US$ 7,25/bushel, subindo 9% sobre a média de julho. Em agosto de 2020 a média de agosto foi de US$ 5,14.

A colheita do trigo de primavera nos EUA atingiu a 88% no dia 29/08, contra 71% na média histórica para esta data.

Por sua vez, as vendas líquidas semanais de trigo, safra 2021/22, dos EUA, na semana encerrada em 26 de agosto, atingiram a 295.300 toneladas, ficando 15% maiores do que a média das quatro semanas anteriores. Já os embarques de trigo efetivamente realizados, na mesma semana, foram de 417.100 toneladas, ficando 27% menores do que a média das quatro semanas anteriores.

Enquanto isso, o Conselho Internacional de Grãos, com sede em Londres, anunciou que a safra mundial de trigo 2021/22 ficará em 782 milhões de toneladas, com um corte de 6 milhões de toneladas sobre o anúncio anterior. Houve redução nas projeções de safra da Rússia e da América do Norte, em particular.



E aqui no Brasil, com a proximidade da colheita no Paraná, os preços do trigo cedem um pouco, embora a demanda continue firme. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 82,57/saco, enquanto no Paraná o produto oscilou entre R$ 87,00 e R$ 95,00/saco. Apesar das quebras na atual safra, devido as geadas e seca, espera-se, ainda assim, uma safra recorde de trigo no país. Para completar o quadro, nestes últimos dias o Real voltou a se valorizar, tornando as importações mais baratas em moeda nacional. Isso começa a fazer efeito sobre os preços no Brasil.

Particularmente no Rio Grande do Sul, moinhos e indústrias de rações estão fora de mercado. Os mesmos diminuíram as compras diante de um câmbio mais favorável à importação e à proximidade da colheita. Em Santa Catarina os compradores também se ausentaram do mercado. A perspectiva de uma quebra menor do que o calculado deixa o mercado menos tenso no momento. A questão é verificar o que, de fato, o Brasil colherá de trigo e em que qualidade.

Dito isso, no Paraná 47% do trigo estava em frutificação, com o início da colheita sendo esperado a partir de 15 de setembro. Neste momento, a safra nova paranaense, para outubro, apresenta comprador a R$ 1.450,00/tonelada (equivalente a R$ 87,00/saco), produto posto em Ponta Grossa, e vendedor sem opção de venda.

No Rio Grande do Sul, segundo a Emater, neste início de setembro 65% das lavouras de trigo estavam na fase de germinação, outros 27% em floração e 8% na fase de enchimento de grãos. O retorno das chuvas, ainda na semana passada, interrompeu o ciclo de perdas que vinha ocorrendo devido a seca. Resta saber, agora, o quanto a falta de umidade prejudicou a lavoura tritícola gaúcha, lembrando que a colheita do cereal, neste Estado, apenas se dará no final de outubro e, particularmente, em novembro.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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