Por Dr. Argemiro Luiz Brum
As cotações do milho, em Chicago, continuaram recuando nesta semana de Carnaval. O bushel do cereal, ao atingir US$ 4,17 nesta quinta-feira (15) chegou a seu mais baixo valor em mais de três anos igualmente, somente tendo algo semelhante em 08 de dezembro de 2020. Na quinta-feira passada o fechamento havia sido de US$ 4,33.
Também aqui o mercado espera os resultados do Fórum Outlook do USDA, ocorrido neste final de semana e que iremos comentar no próximo boletim. E as primeiras notícias a respeito, como já exposto anteriormente, dão conta de uma menor área de milho a ser semeada nos EUA neste ano. O recuo seria ao redor de 3,8%, algo que, se confirmado, pode reverter a tendência baixista das cotações do cereal em Chicago.
Já no Brasil, a colheita mais rápida da soja acelera, igualmente, o plantio do milho safrinha. Mesmo com o clima incerto, tal situação leva a um recuo nos preços médios do cereal em algumas praças. Assim, a média gaúcha fechou a semana em R$ 52,07/saco, enquanto as principais praças locais trabalharam com R$ 50,00/saco. Já nas demais regiões brasileiras os preços oscilaram entre R$ 42,00 e R$ 57,00/saco.
No Mato Grosso, o plantio da safrinha 2024 chegou a 42,1% até o dia 09/02, contra a média histórica de 40,6% nesta época do ano. Por sua vez, as vendas antecipadas do milho, que resultará desta safra, estão mais lentas. Os produtores mato-grossenses negociaram, até agora, 19,2% do total esperado, contra 50,5% na média histórica.
O grande atraso na mesma se deve aos preços muito baixos e a natural expectativa de que venham a melhorar no futuro. Além disso, há muita incerteza quanto ao volume a ser colhido devido aos problemas climáticos que têm sido recorrentes também neste Estado do país. Lembrando que o preço médio de janeiro passado, mesmo tendo se valorizado em relação a dezembro, ficou em apenas R$ 37,10/saco. (cf. Imea)
Enquanto isso, a Conab, em seu último relatório semanal informa que a colheita do milho de verão, no país, estaria em 18,6% da área semeada, contra 11% no mesmo período do ano passado. Por Estado, o Rio Grande do Sul chegaria a 52%, Paraná 36%, Santa Catarina 28% e São Paulo 11%. Já a safrinha tinha seu plantio chegando a 31,5% da área total esperada, contra os 20,4% no mesmo período de 2023. Os Estados mais avançados na semeadura são Mato Grosso (48%), Paraná (32%), Tocantins (20%), Goiás (15%), Mato Grosso do Sul (10%), Maranhã (5%) e Minas Gerais (2,7%). Lembrando ainda que o mais recente relatório de safra da Conab apontou uma expectativa, para a safrinha, de uma área semeada de 15,9 milhões de hectares em 2024, ou seja, 7,5% abaixo do plantado no ano anterior.
Especificamente no Rio Grande do Sul, os 52% de área já colhida na safra de verão estão bem acima dos 39% que é média histórica para esta época do ano. (cf. Emater) Enfim, segundo a Anec, o Brasil deverá exportar 741.800 toneladas de milho em fevereiro do corrente ano, contra quase 2 milhões de toneladas realizadas no mesmo mês do ano passado.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).