Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do trigo, em Chicago, dispararam durante esta semana, com o primeiro mês atingindo níveis que não eram vistos desde julho de 2012, ou seja, próximos a US$ 8,00/bushel. Mesmo cedendo no transcorrer da semana, o fechamento da quinta-feira (04) ficou no nível elevado da semana anterior, ou seja, US$ 7,73/bushel, contra US$ 7,72 uma semana antes. Por outro lado, a média de outubro ficou em US$ 7,45/bushel, representando um aumento de 6% sobre a média de setembro. Tal média mensal é a mais elevada, para o trigo, desde janeiro de 2013. Lembrando que a média de outubro de 2020 havia sido de US$ 6,06.
Por sua vez, o plantio do trigo de inverno nos EUA, até o dia 31/10, atingia a 87% da área esperada, contra 86% na média histórica. Deste percentual, 67% estava emergido, contra 68% na média histórica para esta data. Já as condições das lavouras apresentavam 45% entre boas a excelentes, 34% regulares e 21% entre ruins a muito ruins.
Paralelamente, os embarques de trigo, por parte dos EUA, na semana encerrada em 28/10, atingiram a 115.341 toneladas, ficando abaixo das expectativas do mercado, mais uma vez. Com isso, o total já exportado neste novo ano comercial atinge a 9,65 milhões de toneladas, ou seja, 15% a menos do que o registrado em igual período do ano anterior.
O forte aumento nas cotações do trigo em Chicago se deveu a um grande número de acordos de exportação, incluindo Arábia Saudita e Egito, e diante de preocupações com as colheitas ruins de trigo da primavera nos EUA. Tais ganhos ajudaram a puxar para cima o milho igualmente. Na verdade, há uma preocupação generalizada com as diferentes safras mundiais do cereal, na medida em que também o Canadá, a Alemanha, a França e a Rússia sofreram com o clima. O mundo começa a se preocupar com mais intensidade com a alta dos fertilizantes e, por consequência, dos alimentos no varejo. No caso dos fertilizantes, há preocupação quanto a possibilidade de os produtores mundiais semearem áreas menores, visando reduzir os custos de produção, fato que aumentaria o aperto na oferta de grãos em geral.
Já no Brasil os preços sobem lentamente, mesmo com a colheita evoluindo. A média no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 84,82/saco, enquanto no Paraná o produto permaneceu entre R$ 88,00 e R$ 91,00/saco. As negociações estão lentas, com os produtores armazenando o cereal de melhor qualidade. Muitos estariam esperando para negociar o cereal no primeiro semestre do próximo ano, quando espera-se preços ainda mais elevados. Isso está sendo alimentado pelas revisões para baixo na atual safra brasileira. No Paraná, com a colheita chegando a 82% da área, o número final esperado já está em 3,24 milhões de toneladas, confirmando os alertas que fazíamos neste espaço sobre a possibilidade de a atual safra vir a ser menor do que o esperado, devido as intempéries. O volume, então, ficará muito próximo aos 3,19 milhões do ano anterior, mesmo com um aumento de 7% na área semeada na corrente safra. No Rio Grande do Sul, onde a colheita chegava a 30%, aproximadamente, no final de outubro, contra perto de 50% na média histórica, a possibilidade de revisões para baixo no volume final igualmente existe. E há, ainda, a questão da qualidade do produto a ser observada. Em Santa Catarina, a colheita do trigo beirava os 30% na virada do mês.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).