Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do milho, em Chicago, subiram mais na semana, com o primeiro mês cotado fechando a quinta-feira (28) em US$ 5,62/bushel, contra US$ 5,32 uma semana antes. O valor deste dia 28/10 não era visto, para o primeiro mês cotado, desde meados de agosto passado.

Houve forte alta do mercado no dia 27/10 em função de um possível aumento na produção de etanol de milho nos EUA, puxado pela alta nos preços internacionais dos óleos vegetais, como vimos na análise do mercado da soja. De fato, a produção semanal de etanol, nos EUA, subiu para 1,106 milhão de barris por dia, sendo este o segundo maior total semanal da história, perdendo somente para o total obtido em dezembro de 2017. Ao mesmo tempo, os estoques de etanol nos EUA recuaram para 19,9 milhões de barris, apesar do aumento na produção.

Em paralelo, a colheita do milho nos EUA chegou a 66% da área total no dia 24/10, contra 53% na média histórica para o período.

Já os embarques de milho por parte dos EUA somaram 545.127 toneladas na semana encerrada em 21/10, ficando abaixo do esperado pelo mercado. No acumulado do ano comercial atual o volume alcança 4,7 milhões de toneladas, sendo ele 24% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior.

No Brasil, os preços do milho recuaram um pouco mais, com a média gaúcha no balcão fechando a semana em R$ 83,89/saco, enquanto nas demais praças nacionais o preço do saco do cereal girou entre R$ 72,00 e R$ 87,00, sendo que o CIF Campinas (SP) caiu para R$ 88,00. Lembramos que há poucos meses este preço estava entre R$ 103,00 e R$ 105,00/saco. Tomando o preço gaúcho como referência, no ano passado, nesta época, o preço médio do saco de milho ao produtor estava em R$ 69,15. Isso significa que nominalmente o preço do cereal, em 12 meses, subiu 21,3%, superando largamente a inflação oficial no período, porém, ainda bem abaixo da elevação do custo de produção entre as duas safras. Já em termos reais, considerando a inflação pelo IGP-M, o preço atual do milho, para manter o mesmo poder de compra de um ano atrás, deveria estar em R$ 83,64/saco. Portanto, o cereal está tendo um pequeno ganho real, de alguns centavos por saco, em seu preço atual em relação ao praticado um ano antes. Mas basicamente o aumento do preço do milho apenas cobriu a inflação medida pelo IGP-M.

Esta situação pode mudar um pouco caso continue havendo desvalorização do Real. Isso deixa o milho nacional competitivo na exportação, podendo levar a um escoamento maior do produto para o exterior. Vale lembrar que um dos elementos da estabilização, e até redução do preço interno, está exatamente no fato de que as exportações foram fortemente reduzidas, visando atender a demanda interna e, com isso, segurar os preços locais.



Na B3, o fechamento do pregão do dia 27/10 apontou o contrato de novembro em R$ 87,79/saco; janeiro a R$ 87,66; março a R$ 87,78; e maio a R$ 85,15/saco.

Por outro lado, o plantio da nova safra de verão de milho chegava a 64% da área esperada até o dia 22/10, contra 60,2% na média histórica. No Rio Grande do Sul, o mesmo atingia a quase 95%, em Santa Catarina a 87%, no Paraná 92%, em São Paulo 46,5%, no Mato Grosso do Sul 22%; em Goiás/DF 23%; em Minas Gerais 17% e no Mato Grosso 19%. No total, espera-se uma área final de 4,4 milhões de hectares de milho na safra de verão em todo o país. (cf. Safras & Mercado)

Especificamente no Paraná a expectativa é de uma safra de verão em torno de 4,1 milhões de toneladas de milho. No Rio Grande do Sul, onde a safra está semeada em 70% da área esperada até o dia 21/10, o volume final da mesma pode atingir cerca de 6,1 milhões de toneladas. Já em Goiás, após algumas semanas de recuo, os preços do cereal voltaram a subir, ganhando entre dois a quatro reais por saco conforme a região do Estado. E no Mato Grosso do Sul igualmente o preço subiu, chegando a R$ 78,00/saco nesta semana. Mesmo assim, no conjunto do mês de outubro o preço do milho sul-matogrossense recuou 4,6%. Este preço ainda está 26% acima da média praticada um ano antes naquele Estado. Enfim, até o presente momento 73% da segunda safra de milho do Mato Grosso do Sul havia sido negociada.

Quanto ao mercado externo do milho no Brasil, nas quatro primeiras semanas de outubro o país exportou 1,4 milhão de toneladas do cereal. Todavia, o volume acumulado nestes 15 dias úteis de outubro representa apenas 27,9% do total exportado pelo Brasil em outubro do ano passado. Com isso, a média diária de embarques representa redução de 62,7% em relação a média diária de setembro de 2020. Já o preço obtido com a tonelada registrou elevação de 27,2% no período, saindo dos US$ 166,80 no ano passado para US$ 212,30 neste mês de outubro. Entre janeiro e setembro o Brasil exportou 12,8 milhões de toneladas, ou seja, 22% menos do que em igual período do ano anterior.

Pelo lado da importação, nos 15 primeiros dias úteis de outubro o país adquiriu 436.607 toneladas de milho, importando 128,8% mais do que todo o mês de outubro de 2020. Com isso, na comparação entre os dois anos, a média diária atual é 205,1% superior à média realizada em outubro do ano passado. O preço da tonelada importada aumentou 82,2% no período, passando de US$ 131,10 para US$ 238,80. Nos primeiros nove meses do ano o Brasil já importou 1,63 milhão de toneladas de milho, ou seja, 125% acima de igual período do ano passado.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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