As cotações do milho, em Chicago, subiram bem durante a presente semana, puxadas por problemas climáticos em algumas regiões produtoras dos EUA, os quais levam o mercado a temer perdas na produção final. No dia 24/08 o bushel do cereal chegou a atingir US$ 6,65, porém, na quinta–feira (25) um ajuste técnico trouxe o produto para US$ 6,57/bushel, para o primeiro mês cotado. Mesmo assim, bem mais elevado do que o valor de US$ 6,19 obtido uma semana antes, lembrando que no início do mês Chicago chegou a trabalhar em US$ 5,91/bushel.Confirmando estas preocupações climáticas, o USDA informou que, até o dia 21/08, as lavouras entre boas a excelentes condições nos EUA haviam recuado de 57% para 55% do total. Outras 27% estavam regulares e 17% entre ruins a muito ruins. Do total semeado, 97% estavam em fase de embonecamento, com 75% em fase de enchimento de grãos.
Pelo lado dos embarques semanais de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 18/08 o país norte–americano embarcou 740.508 toneladas, com o volume igualmente ficando dentro do esperado pelo mercado. Com isso, o total exportado, no ano 2021/22, chega a 53,8 milhões de toneladas de milho, porém, ainda muito distante das 65 milhões de toneladas exportadas no mesmo período do ano anterior.
Aqui no Brasil, os preços se mantiveram firmes, nos níveis da semana anterior, com algum viés de alta, em determinadas regiões, sustentados pelas fortes exportações do cereal, apesar da importante oferta proveniente da safrinha. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 82,41/saco. Nas demais praças nacionais o saco de milho oscilou entre R$ 66,00 e R$ 84,00. Já na B3, no fechamento da quarta–feira (24), para comparação, o contrato setembro ficou em R$ 85,27/saco; novembro em R$ 87,98, janeiro em R$ 91,50, e março/23 em R$ 94,45/saco.
Dito isso, a colheita da safrinha deste ano, até o dia 18/08, atingia a 90% da área cultivada no Centro–Sul brasileiro, estando quase 11 pontos percentuais acima do que havia sido colhido no mesmo período do ano anterior. (cf. AgRural) Especificamente no Estado do Paraná, a colheita atingia a 84%, sendo que 66% das lavouras que restavam colher apresentavam boas condições. Por sua vez, o Paraná iniciou seu plantio do milho de verão, chegando a 1% da área esperada no início da presente semana. (cf. Deral)
Enquanto isso, no Mato Grosso do Sul, até o dia 19/08, em torno de 50% das lavouras locais do milho safrinha haviam sido colhidas, ficando bem abaixo dos 74,2% da média histórica. Das lavouras que faltavam colher, 80,8% se apresentavam em boas condições. Preocupa o fato de que, entre os dias 15 e 18 de agosto, o Estado sofreu com fortes vendavais, fato que pode ter prejudicado muitas lavouras. Mesmo assim, a estimativa é de uma produção final se mantendo em 9,34 milhões de toneladas, com produtividade média estimada em 78,1 sacos/hectare. Já o preço médio do saco de milho naquele Estado subiu, passando para R$ 70,06 nesta última semana.
Apesar disso, na comparação anual, o atual preço é 21,6% menor do que os R$ 88,05/saco praticados em agosto de 2021. Até o dia 19/08 os produtores sul–matogrossenses haviam negociado 33% de toda a safrinha de 2022, correspondendo a 29 pontos percentuais abaixo do que havia sido um ano atrás. (cf. Famasul) Já pelo lado das exportações do cereal, entre janeiro e julho do corrente ano as mesmas aumentaram 85,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Este crescimento se deve ao fato de que o Brasil vem ocupando o espaço deixado pela Ucrânia, devido a guerra com a Rússia. Neste contexto, é possível que a demanda externa pelo milho brasileiro aumente nos próximos meses. Caso isso ocorra, os preços locais tendem a ficar nos atuais níveis, interrompendo seu movimento de recuo devido a pressão da safrinha recorde. Mas, por enquanto, isso é apenas uma possibilidade e não uma certeza, pois a Ucrânia já começou a liberar suas exportações, após acordo feito com a Rússia e intermediado pela ONU e a Turquia.
Em termos mensais, nos primeiros 15 dias úteis de agosto o Brasil exportou 4,71 milhões de toneladas de milho. Este volume já representa 8,6% a mais do que todo o volume exportado em agosto de 2021. Assim, a média diária de embarques é superior em 59,3% à média de agosto do ano passado. (cf. Secex) Por sua vez, a Anec mantém sua projeção de exportações totais no corrente ano em 43 milhões de toneladas, especialmente se a China iniciar suas compras no Brasil ainda neste ano.
O preço da tonelada exportada, em um ano, subiu 41,6%, passando de US$ 192,10 em agosto de 2021, para US$ 271,90 em agosto de 2022. A Anec ainda estima que o total de milho, a ser exportado pelo Brasil, em agosto, deverá atingir a 7,5 milhões de toneladas. Em se confirmando este volume, os embarques brasileiros de milho, nos oito primeiros meses do corrente ano, chegariam a 19,6 milhões de toneladas, se aproximando dos 20,6 milhões exportados em todo o ano passado.
Já pelo lado da importação, o volume comprado no exterior, nos primeiros 15 dias de agosto, chegou a 208.146 toneladas, o que significa que neste período o país já recebeu 42,8% a mais do que todo o mês de agosto de 2021. Com isso, a média diária do atual mês de agosto é de 109,5% a mais de importação do que agosto do ano passado. O preço da tonelada importada recuou 13,3% em 12 meses, passando de US$ 253,60, em agosto de 2021, para US$ 219,90 atualmente. A título de informação, importante se faz destacar que as importações de fertilizantes, pelo Brasil, cresceram 15,4% no acumulado do primeiro semestre do corrente ano, na comparação com igual período do ano passado.
Enfim, em reunião realizada em Brasília no dia 19/08, representantes da China confirmaram a queda de alguns protocolos sanitários para a importação do milho nacional já na atual safra. Esse ainda não é um sinal verde para o início dos embarques, já que há algumas dúvidas quanto a mistura de sementes e toxinas nos grãos, porém, é um passo importante nesta direção. A China afirma que os protocolos vão ser cobrados apenas em 2023, mas as empesas brasileiras estão com receio de fechar vendas e serem rejeitadas na chegada dos portos chineses. Isso trava os negócios no imediato. Pelo sim ou pelo não, em se confirmando as vendas para a China, haverá pressão altista sobre os preços internos do milho no Brasil. (cf. Pátria Negócios)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).