Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do trigo em Chicago, após recuarem durante parte desta última semana de maio, fecharam em alta a quinta-feira (28), registrando no primeiro mês cotado US$ 5,14/bushel, contra US$ 5,16 uma semana antes.
As vendas líquidas de trigo, por parte dos EUA, não foram consistentes na semana encerrada em 14/05, ficando em apenas 175.800 toneladas para o ano 2019/20, o qual se encerra em 31/05. O volume ficou 39% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Já para o novo ano comercial o volume vendido atingiu a 252.400 toneladas, levando a soma dos dois anos a ficar dentro do esperado pelo mercado. Já as inspeções para exportação de trigo registraram um volume de apenas 457.777 toneladas na semana encerrada em 21/05, ficando abaixo do que esperava o mercado.
Por outro lado, as condições das lavouras de trigo de inverno nos EUA, até o dia 24/05, atingiram a 54% entre boas a excelentes, 30% regulares e 16% entre ruins a muito ruins. O percentual positivo ficou acima do esperado pelo mercado, aumentando dois pontos percentuais sobre a semana anterior.
Na Argentina, o preço FOB oficial ficou em US$ 240,00/tonelada para maio. Com a revalorização do Real no Brasil, esta tonelada chega mais barata aos moinhos paulistas (R$ 1.465,00) e em Curitiba (R$ 1.370,00). Embora ainda exista espaço para os preços brasileiros melhorarem junto aos produtores, o mesmo diminuiu bastante com esta mudança cambial. Para novembro, a tonelada de trigo na Argentina recuou para US$ 206,00, enquanto janeiro/21 ficou cotado a US$ 215,00.
No Brasil, os preços do trigo estabilizaram, com o balcão gaúcho fechando a semana na média de R$ 51,67/saco. Nos lotes, o valor se manteve em R$ 66,00/saco. No Paraná, o balcão fecha o mês de maio na média entre R$ 61,00 e R$ 63,00/saco, enquanto os lotes se mantêm entre R$ 75,00 e R$ 78,00. Já em Santa Catarina, o balcão registra valores em R$ 55,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, ficam em R$ 63,00/saco.
O espaço para novos aumentos de preço, em condições normais de safra e diante de um Real em valorização, diminui bastante. Por enquanto, estamos em regime de plantio, com a Argentina atingindo a 10% de sua área esperada, a qual deverá ser de 6,8 milhões de hectares, enquanto no Paraná a mesma caminha para 60% da área esperada, a qual deverá crescer 5% sobre o registrado no ano passado.
No Rio Grande do Sul, o plantio do trigo chega a 10% da área esperada, havendo regiões obviamente um pouco mais adiantadas. Também aqui se espera algum incremento de área. Ainda no que diz respeito às lavouras paranaenses, até o dia 24/05 as mesmas apresentavam 71% em condições boas, 25% regulares e 4% ruins. (cf. Safras & Mercado)
Quanto à comercialização, o ritmo continua lento no país, com o preço interno sendo pressionado para baixo com a revalorização do Real, na medida em que o produto importado fica mais barato em moeda nacional. Além disso, os moinhos nacionais já fizeram significativas importações, estando bastante abastecidos.
Em o clima nacional permanecendo positivo e o Real continuando a se valorizar, a tendência é de os preços internos do trigo estabilizarem definitivamente e, logo mais, recuarem. Assim, tudo indica que, nestas condições, daqui em diante os movimentos altistas de preço para o cereal serão raros no mercado brasileiro.
E a partir de setembro, em havendo safra cheia, os preços internos podem recuar sensivelmente. Além disso, não se pode esquecer que a Argentina entra no mercado tritícola logo após a colheita gaúcha, com a expectativa de uma safra superior a registrada no ano passado. No Paraná, por exemplo, já há indicativos de preços nos lotes em R$ 66,00/saco para setembro, R$ 60,00 para outubro e R$ 54,00 para novembro. Neste último mês, momento em que o forte da colheita gaúcha chega ao mercado, o preço dos lotes no Paraná, em relação aos praticados atualmente, representa um recuo entre 21 e 24 reais por saco.
Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui? Clique na imagem e confira.
Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ