Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações do trigo em Chicago oscilaram novamente nesta primeira semana de agosto, com viés de baixa sensível. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, fechou a quinta-feira (06) em US$ 5,01, contra US$ 5,29 na semana passada. A média de julho ficou em US$ 5,23/bushel, contra US$ 5,06 em julho de 2019 e US$ 4,97 em junho do corrente ano.

Nos EUA, a colheita do trigo de inverno chegou a 85% no dia 02/08, contra 88% na média histórica. Enquanto isso, a colheita do trigo de primavera atingia a 5% na mesma data, contra 10% na média histórica. Ao mesmo tempo, as condições das lavouras do trigo de primavera ainda a serem colhidas atingiam a 70% entre boas a excelentes, 24% regulares e 6% entre ruins a muito ruins.

Por outro lado, a China está importando mais trigo para o próximo ano, visando garantir estoques, fato que tende a animar um pouco mais o mercado futuramente. Espera-se um volume de 6 milhões de toneladas nos 12 meses a partir de junho, aumentando dois milhões de toneladas em relação ao ano anterior. Em se confirmando este volume, será a maior importação de trigo por parte da China desde 2013/14.

Na prática, a área cultivada de trigo na China vem diminuindo já que o governo local estaria estimulando seus produtores a mudarem para outras culturas em regiões secas, que vêm usando muita água subterrânea, assim como escolherem culturas com mais rentabilidade econômica.

Ao mesmo tempo, a China está usando mais trigo na ração animal, pois os preços do milho estão muito elevados. Neste sentido, o aumento no consumo de trigo para ração deverá ser de 4,5 milhões de toneladas, chegando ao total anual de 20 milhões de toneladas.

Já no Brasil existe a possibilidade de se chegar a uma produção final superior a 7 milhões de toneladas, porém, os problemas climáticos e de doenças fúngicas em diversas regiões podem impedir este número. Mas, caso se confirme tal produção, as importações serão menores em 2021. Assim, enquanto o setor privado chega a apontar uma possível safra de 7,3 milhões de toneladas, a Conab indica 6,3 milhões, contra 5,2 milhões de toneladas colhidas na safra passada, sendo que grande parte dela com qualidade inferior. O fato é que, com o preço elevado, a área semeada cresceu no país. Agora resta esperar que o clima, que tem causado alguns problemas, seja positivo no restante da safra.



Na história da triticultura nacional, os dois anos com maior produção foram 2016 com 6,7 milhões de toneladas e 1987 com 6,1 milhões.

Dito isso, por enquanto analistas privados estão considerando que as importações nacionais de trigo, neste novo ano comercial, podem recuar para uma faixa entre 5,7 e 6,3 milhões de toneladas, contra as 7,3 milhões até o momento estimadas.

Em termos dos Estados produtores, o Paraná, que tem escapado das geadas intensas que atingiram o sul do país, continua projetando uma safra local de 3,68 milhões de toneladas, com aumento de 72% sobre a frustrada safra do ano passado. Já no Rio Grande do Sul o volume esperado gira ao redor de 2,8 milhões de toneladas neste momento. Mas ainda há um período muito longo até a colheita, fato que coloca o mercado em atenção máxima em relação ao clima. Neste caso, o Paraná começa a se preocupar com a possibilidade de clima seco neste mês de agosto, fato que poderá provocar perdas em suas lavouras de trigo.

Com a economia brasileira voltando lentamente a certa normalidade, mesmo no auge da pandemia em grande parte do país, a demanda por farinhas voltou a crescer, fato que aquece o mercado local. Afora isso, o câmbio se mantendo acima de R$ 5,30 por dólar continua deixando o produto importado bastante caro, auxiliando na manutenção de preços locais elevados. Mas, se a safra vier na dimensão indicada neste momento, tudo indica que os preços do trigo irão recuar no país, talvez até em níveis importantes, especialmente no Rio Grande do Sul, onde a colheita é mais tardia e o escoamento da produção encontra sempre dificuldades maiores.


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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ

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