Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do trigo em Chicago subiram bem nesta semana. O fechamento para o primeiro mês cotado ficou em US$ 6,72/bushel, contra US$ 6,12 uma semana antes.

Este aumento se deve a revisão para baixo na produção final de trigo nos EUA neste ano 2021/22. Isso apareceu no relatório de oferta e demanda divulgado no dia 12/07. O mesmo indicou, agora, uma produção total de trigo, nos EUA, em 47,5 milhões de toneladas, ou seja, cerca de quatro milhões a menos do que o projetado em junho. Já os estoques finais estadunidenses ficariam em 18,1 milhões de toneladas, quase três milhões a menos do que o indicado em junho. Com isso, o preço médio ao produtor local, no ano de 2021/22, está estimado, agora, em US$ 6,60/bushel, contra US$ 5,05 na safra anterior. Já a produção mundial de trigo ficou em 792,4 milhões de toneladas, com estoques finais esperados em 291,7 milhões de toneladas. Neste último caso um recuo de cinco milhões sobre o indicado em junho. A produção da Argentina foi mantida em 20,5 milhões de toneladas, enquanto a brasileira foi elevada para 6,9 milhões.

Afora isso, a colheita do trigo de inverno nos EUA chegava a 59% da área até o dia 11/07, contra 65% na média histórica para esta data. Enquanto isso, apenas 16% do trigo de primavera apresentava condições entre boas a excelentes, 29% estavam regulares e 55% entre ruins a muito ruins.

Já em termos de exportação, os EUA chegaram a um volume de 424.327 toneladas na semana encerrada em 08/07, ficando próximo do limite superior esperado pelo mercado. O total exportado no atual ano comercial soma 2,3 milhões de toneladas, sendo 24% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior. O volume semanal exportado foi 44% acima da média das quatro semanas anteriores.

Vale destacar que a China importou, no primeiro semestre de 2021, um total de 5,37 milhões de toneladas de trigo, de todas as origens somadas. Isso representa 60,1% a mais do que na primeira metade de 2020.

Por outro lado, na Rússia os preços de exportação de trigo recuaram nesta semana, com os mesmos ficando em US$ 238,00/tonelada FOB nos portos do Mar Negro. (cf. IKAR)

A Rússia deve exportar entre 1,5 milhão e 2 milhões de toneladas de trigo em julho, ante 2,3 milhões de toneladas em julho de 2020, devido ao imposto de exportação e ao início mais lento da colheita. (cf. Sovecon) A colheita russa de trigo, neste ano, entrará mais tarde do que em 2020.



Já aqui no Brasil os preços continuam sofrendo pressão de baixa. A média gaúcha, no balcão, fechou a presente semana em R$ 77,43/saco, enquanto no Paraná o valor ficou em R$ 82,00/saco.

A Conab, em novas estimativas de safra, indica que a área brasileira de trigo deverá mesmo ser de 2,62 milhões de hectares, atingindo o maior espaço desde 2014, com aumento de 12,3% sobre o ano passado. A produtividade média esperada é de 3.230 quilos/hectare (53,8 sacos/hectare). Em isso se confirmando, a produção nacional será um recorde excepcional de 8,48 milhões de toneladas, ou seja, 36% acima do colhido no ano anterior. Este volume é bem superior aos 6,9 milhões indicados no relatório do USDA do dia 12/07. Obviamente, tudo dependerá do clima, mas em se confirmando tais números a tendência é de os preços do cereal, no Brasil, recuarem fortemente a partir de setembro, quando começa a colheita no Paraná.

Em termos de clima, o mesmo esteve adequado até a quinta-feira (15). A partir daí surgiram preocupações com a extensão da nova massa de ar frio, com geadas, que chegou ao sul do país no dia 16/07. Geadas sobre as lavouras do Paraná, a partir de agora, podem causar prejuízos às mesmas. Lembrando que o Paraná semeou 1,18 milhão de hectares com o cereal neste ano (+5,9% sobre a área do ano anterior). Já a área do Rio Grande do Sul deve ser de 1,1 milhão de hectares, com aumento de 17,9% sobre o ano passado. E em Santa Catarina a área aumentou 44,5% sobre 2020, atingindo a 88.300 hectares. Já no Sudeste haverá redução na área semeada com o cereal, com a mesma ficando em 75.900 toneladas somando São Paulo e Minas Gerais particularmente. No Centro-Oeste a área com trigo aumenta, chegando a 161.900 hectares. E no Nordeste, a Bahia deverá semear 6.000 hectares de trigo, sendo toda ela irrigada.

Neste contexto nacional, o mercado do trigo está com pouca movimentação na comercialização e os preços são apenas nominais na maior parte das praças. A nova desvalorização do Real acabou travando o lado importador, porém, é bom frisar que a partir de um câmbio abaixo de R$ 5,10 por dólar, a importação fica atrativa diante dos atuais preços internos.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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