Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do trigo, em Chicago, permaneceram firmes nesta semana, tendo chegado a atingir a US$ 8,56/bushel no dia 23/11, fechando o dia seguinte (véspera do grande feriado de Ação de Graças nos EUA) em US$ 8,36/bushel.Como já salientado na semana passada, tais cotações são as mais altas, para o trigo, desde 2012.
Dito isso, o plantio do trigo de inverno nos EUA, até o dia 21/11, atingia a 96% da área total, contra 97% na média histórica. Nesta data, 86% já havia emergido, sendo que 44% das lavouras estavam entre boas a excelentes condições, 34% regulares e 22% entre ruins a muito ruins.
Por outro lado, os EUA embarcaram, na semana encerrada em 19/11, um total de 177.799 toneladas de trigo, ficando o volume abaixo das expectativas do mercado. No acumulado do ano, os embarques chegam a 10,5 milhões de toneladas, ou seja, 15% abaixo do realizado no mesmo período do ano anterior.
Já no Brasil, os preços do trigo seguem firmes. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 81,61/saco, enquanto no Paraná os preços variaram entre R$ 88,00 e R$ 90,00/saco. Nota-se que os preços seguem elevados em plena conclusão da colheita, onde a oferta foi maior do que a do ano anterior. Até o dia 18/11 o Rio Grande do Sul havia colhido 85% e o Paraná 97%. O volume a ser colhido no Paraná deverá ficar mesmo ao redor de 3,2 milhões de toneladas, porém, com uma produtividade média baixa, ao redor de 43 sacos/hectare, enquanto no Rio Grande do Sul o volume tende a ser um pouco maior, porém, com uma produtividade igualmente abaixo do esperado. No Paraná, em relação ao esperado, a safra quebrou 19%. Em Santa Catarina, a colheita chegava apenas a 29% da área. A questão é a qualidade em algumas regiões nacionais. Já em outras regiões produtoras, com bem menor significado, o clima não colaborou. É o caso de São Paulo, onde a produção ficou aquém do esperado. Neste contexto, o mercado sinaliza que, atualmente, não há grandes motivações do produtor em comercializar o grão, apesar do elevado nível de preço, quando comparado a média histórica, sem contar o aumento significativo dos custos logísticos nos fretes marítimos e rodoviários.
Enquanto isso, no Paraná os produtores locais estão recebendo um valor 27% acima do ano anterior. Todavia, os custos variáveis de produção, naquele Estado, subiram para 39 sacos/ha, ou seja, R$ 3.504,06/hectare (base agosto 2021). Considerando os custos totais a rentabilidade existe, porém, não é do tamanho que possa estimular o produtor a investir ainda mais na cultura na próxima safra. Especialmente se os custos continuarem subindo. Obviamente, para aqueles produtores em que a produtividade foi maior do que a média, o resultado, nos atuais preços, é muito positivo.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).