Na expectativa do relatório de oferta e demanda do USDA, a ser anunciado neste dia 12/05, o qual iremos comentar no próximo boletim, e diante da aceleração no plantio da atual safra estadunidense, graças a um clima positivo, as cotações da soja, em Chicago, recuaram nesta semana. O bushel da oleaginosa fechou a quinta-feira (11) em US$ 14,43, contra US$ 14,48 uma semana antes.
Efetivamente, o plantio da nova safra de soja atingia a 35% da área esperada, até o dia 07 de maio, contra 11% no ano passado e 21% na média histórica para esta data.
Por sua vez, na semana encerrada em 04/05, os embarques de soja, pelos EUA, somaram a 394.755 toneladas, ficando perto do limite mínimo esperado pelo mercado. No total do ano comercial, o país norte-americano embarcou, até o momento, 47,8 milhões de toneladas, ficando em igual volume registrado no mesmo período do ano anterior.
Quanto à demanda, a China aponta que suas importações de soja recuaram 10% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado. O país asiático adquiriu 7,3 milhões de toneladas em abril, abaixo das 9 milhões de toneladas esperadas pelo mercado. Analistas deste mercado indicaram que tal movimento seria pontual, devido aos novos procedimentos alfandegários que começaram em abril, atrasando o desembarque de cargas de soja por até duas semanas naquele país. Mas é fato que as compras externas chinesas têm sido mais lentas neste ano. Para maio, os chineses importariam entre 9 a 10 milhões de toneladas de soja, voltando, assim, ao normal. Pelo sim ou pelo não, nos primeiros quatro meses do corrente ano a China recebeu 30,3 milhões de toneladas de soja, o que corresponde a um aumento de 6,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
E aqui no Brasil, mesmo com o câmbio voltando a operar ao redor de R$ 4,90 a R$ 5,00 por dólar, e os prêmios negativos, os preços estabilizaram e até subiram um pouco em algumas regiões.
No Rio Grande do Sul, a média da semana fechou em R$ 128,70/saco, enquanto as principais praças gaúchas trabalharam com R$ 125,00/saco. Nas demais regiões brasileiras os preços oscilaram entre R$ 113,00 e R$ 127,00/saco.
Na prática, a China tem sido atraída pelo preço mais baixo no Brasil, provocado pelo prêmio constantemente negativo, devido aos problemas de logística que temos, especialmente no lado da armazenagem. Mesmo assim, a demanda chinesa estaria abaixo do previsto. Neste sentido, os EUA têm importado soja brasileira aproveitandose das significativas diferenças de preço. Outro tradicional produtor mundial de soja, a Argentina, devido à forte quebra em sua última colheita, está importando soja brasileira.
Dito isso, estima-se-se que os problemas nacionais de logística piorem no segundo semestre devido a entrada de uma safrinha de milho recorde. (cf. Anec) Ora, em isso se confirmando, os prêmios para a soja podem continuar negativos, frustrando a expectativa de que venham a melhorar no segundo semestre, o que favoreceria uma recuperação no preço da soja aos produtores rurais.
Por outro lado, a comercialização da safra nacional de soja 2022/23 atingiu a 51,6% da produção final esperada, no dia 05/05, ficando muito abaixo dos 64% negociados em igual período do ano anterior e da média histórica de 67,4% para esta data. Muitos produtores estão sendo obrigados a vender agora, diante do vencimento dos compromissos financeiros. Para a safra futura, 2023/24, apenas 4,3% estão vendidos, contra 9,6% no ano anterior e 14% na média histórica para esta época. (cf. Datagro)
A produção final de soja, no Brasil, continua mantida entre 153 e 155 milhões de toneladas, mesmo com o Rio Grande do Sul colhendo apenas 12 milhões das 20 milhões de toneladas previstas inicialmente.
Enfim, a exportação de soja pelo Brasil, em maio, passou a ser estimada em 15,4 milhões de toneladas, aumentando significativamente em relação à semana anterior. Se esse volume se confirmar, será maior do que os 13,9 milhões exportados em abril e os 14,4 milhões registrados em março. Para o farelo de soja, maio deverá alcançar vendas externas de 2,37 milhões de toneladas. (cf. Anec)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).