A dessecação pré-colheita do trigo é uma prática comum em lavouras comerciais. Dentre os principais benefícios dessa prática, destacam-se o aumento da uniformidade da lavoura para a colheita e a antecipação da colheita. A dessecação antecipa a colheita do trigo em até seis dias, pelo efeito do herbicida que literalmente mata a planta após essa ter atingido estádio de maturação fisiológica das sementes (Embrapa Trigo, 2020).

Contudo, há riscos relacionados a prática da dessecação pré-colheita. Os riscos da dessecação na cultura do trigo estão associados à redução da germinação, contaminação dos grãos com o herbicida e redução da produção (Embrapa Trigo, 2020). Em casos em que a dessecação ocorre em período inadequado, perdas significativas de produtividade podem ser observadas.

Para reduzir os danos relacionados a prática da dessecação pré-colheita do trigo, alguns cuidados necessitam ser tomados. Dentre os principais cuidados relacionados a essa prática de manejo, destacam-se o momento de dessecação, a dose do produto utilizado e a intervalo de segurança.

Momento de dessecação

Visando minimizar as perdas qualitativas e quantitativas relacionadas a dessecação pré-colheita do trigo, recomenda-se que essa prática de manejo seja realizada quando as plantas estiverem em estádio de grão pastoso duro (GS 87), apresentando colmos com nós verdes e entrenós amarelo palha (Borsato; Penckowski; Silva, 2022).

Figura 1. Dessecação pré-colheita do trigo.

Para definir esse momento de dessecação, é essencial mais de 50% das plantas apresentarem as características visuais que descrevem o estádio GS 87, correspondente a maturação fisiológica (Fundação abc, 2022).



Figura 2. Maturidade fisiológica do trigo (GS 87): próximo a 100% da espiga sem pigmentação verde, primeiro nó abaixo da espiga na cor verde e entrenó com predomínio da cor de palha seca (Lunkes, 2014).
Fonte: Lunkes (2014)
Herbicida e dose

Atualmente, o único herbicida com registro para a dessecação pré-colheita do trigo, e portanto recomendado para essa prática é o Glufosinato de amônio, herbicida inibidor da enzima glutamina sintetase, considerado um herbicida de contato com ação lenta na planta. A dose indicada para a dessecação pré-colheira do trigo é de 350 g i.a ha-1, em 200 L de calda ha-1. Vale destacar que além de irregular, o uso de outros herbicidas com a finalidade de dessecação em pré-colheita do trigo pode resultar em apreensão e proibição dos grãos produzidos (Rizzardi, 2021).

Intervalo de segurança

O intervalo de segurança pode ser compreendido como o número de dias entre a última aplicação do herbicida e a colheita da cultura. Trazendo para o contexto da dessecação pré-colheita do trigo, o intervalo de segurança seria o intervalo entre a pulverização (dessecação) e a colheita do trigo. Respeitar esse intervalo é essencial para garantir que os grãos colhidos não apresentem resíduos do herbicida, acima do permitido para a comercialização e consumo.

Para a cultura do trigo, o intervalo de segurança pode variar conforme a dose, a concentração do ingrediente ativo e o momento de aplicação do herbicida. De acordo com as recomendações técnicas, embora existam variações entre formulações, o período mínimo recomendado entre a dessecação pré-colheita e a colheita é de aproximadamente 7 dias (Seidler et al., 2019). No entanto, por se tratar de um parâmetro dependente da formulação utilizada, é fundamental confirmar essa informação diretamente na bula do produto antes da aplicação.

Seguir essas recomendações de manejo contribui para minimizar perdas quantitativas e qualitativas decorrentes da dessecação pré-colheita do trigo, além de garantir a qualidade do produto final, assegurando a obtenção de grãos e/ou sementes livres de níveis excessivos de resíduos de herbicidas.


Veja mais: Dessecação pré-colheita do trigo promove maior retorno econômico


Referências:

EMBRAPA TRIGO. DESSECAÇAO PRÉ-COLHEITA DE TRIGO. Nota Técnica, Embrapa Trigo, 2020. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1355291/56391049/Desseca%C3%A7%C3%A3o+pr%C3%A9-colheita+de+trigo/581dc5d1-22e3-12da-de44-fb238a7eea1e >, acesso em: 08/10/2025.

FUNDAÇÃO ABC. PONTO DE DESSECAÇÃO PRÉ-COLHEITA EM TRIGO E CEVADA. Fundação abc, 2022. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/2022/11/25/ponto-de-dessecacao-pre-colheita-em-trigo-e-cevada/ >, acesso em: 08/10/2025.

LUNKES, A. MATURAÇÃO ANTECIPADA DO TRIGO: PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DOS GRÃOS. Universidade de Cruz Alta, 2014. Disponível em: < https://home.unicruz.edu.br/wp-content/uploads/2017/01/Adilson-Lunkes-MATURACAO-ANTECIPADA-DE-TRIGO-PRODUTIVIDADE-E-QUALIDADE-DOS-GRAOS.pdf >, acesso em: 08/10/2025.

RIZZARIDI, M. A. DESSECAÇÃO DO TRIGO. Up. Herb: Academia das Plantas Daninhas, 2021. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/dessecacao-do-trigo >, acesso em: 08/10/2025.

SEIDLER, E. P. et al. DESSECAÇÃO EM PRÉ-COLHEITA DO TRIGO: NOVA PREOCUPAÇÃO PARA A QUALIDADE DO CEREAL NO CONSUMO HUMANO. Sci. Agrar. 2019. Disponível em: < https://pdfs.semanticscholar.org/a981/2b7d6f27f8cd588533d1f43b09c0b2432360.pdf?utm_source=chatgpt.com >, acesso em: 08/10/2025.

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