Estudos realizados pela T&F Consultoria Agroeconômica nesta sexta-feira sobre a disponibilidade da próxima safra brasileira de trigo registra que ela poderá ser bem apertada, mesmo que não ocorram problemas climáticos. Se eles ocorrem, a necessidade de importação aumentará significativamente, inclusive para os estados do Sul.

No Rio Grande do Sul (Fig. 1) partimos de uma produção quase recorde de 3,0 milhões de toneladas, confirmada pelo presidente da Fecoagro, Paulo Pires, que nos disse que, hoje, no estado, ninguém planta trigo para colher menos que 60 sacas/hectare. Multiplicando-se isto pelos 910/920 mil hectares plantados se chegaria até a mais que isto (3,28 MT), então esta é uma estimativa razoável – se, claro, o clima não atrapalhar. Há previsão de geadas para os próximos 15 dias, que encontrará o trigo ainda em desenvolvimento vegetativo e não causará grandes problemas.

Deste total, 1,0 milhão de toneladas já foi ou chegará a ser até o final de agosto comprometido com a exportação, reduzindo a disponibilidade interna para uso dos moinhos para 2,0 milhões de toneladas. Destas, eles já compraram cerca de 100 mil via barter, quando os agricultores, cerealistas e cooperativas fizeram as vendas dos insumos, restando, então, 1,9 MT para serem negociadas.

Como a necessidade de matéria prima para moagem no estado é de 1,915 milhão de toneladas, deverá sobrar apenas 85 mil tons para atender basicamente Santa Catarina, mas nada para o Nordeste, como inicialmente se pensava. Já o Paraná (Fig.2) poderá ter uma disponibilidade extra, mas apenas se contar com a importação média anual do Paraguai, como mostra a tabela ao lado.

Com uma produção estimada de 3,73 milhão de toneladas e uma necessidade de moagem
em trono de 3,7 milhões de toneladas, deverá sobrar algo como 386 mil toneladas para abastecer SC e MG, que são os dois estados que mais procuram o trigo paranaense. Claro, se o clima não estragar nada. Mas, as previsões climáticas falam em chuvas e geadas para as próximas semanas, que encontrarão 71% do trigo perfilhados, nas fases mais sensíveis a estes fenômenos, correndo o risco de forte redução na disponibilidade.



Então, tudo pode mudar ainda. SC e MG terão que se apressar em conseguir matéria prima, sob risco de terem que importar do exterior Como mostram os itens 7 das tabelas 1 e 2 acima, a soma das disponibilidades para outros estados do RS e do PR estão bastante apertadas, totalizando não mais do que 471 mil toneladas – se o clima não atrapalhar, contra 584 mil toneladas necessárias para SC e MG completar a sua necessidade de moagem. Faltariam, teoricamente, algo ao redor de 115 mil toneladas.

Trigos importados do Paraguai chegariam em dezembro a preços competitivos

Estudos apresentados na webinar do Sinditrigo-PR pelo representante da Gavlon indicam que o trigo paraguaio chegaria ao Paraná ao redor de R$ 1.155,00 com câmbio a R$ 5,50, R$ 1.050,00 com câmbio a R$ 5,0 (mais provável) e R$ 1.080,00 com câmbio a R$ 4,50, contra preços de R$ 1.138,48 CIF moinhos do trigo local (R$ 960,00 FOB, mais R$ 95,00 de frete médio, mais R$ 83,48 de ICMS).

CONCLUSÃO: Com chuvas e geadas previstas para o PR nesta semana, poderá faltar muito trigo na próxima temporada Com chuvas e geadas previstas para os estados do RS (efeitos benéficos) e PR (efeitos maléficos) todo o quadro de Oferta & Demanda de trigo pára a próxima emporada poderá ser alterado substancialmente. Por enquanto, as estimativas e fatos já ocorridos estão descritos nas Figuras 1-2 acima, mas tudo poderá mudar dependendo das consequências climáticas daqui para frente.

Nossa recomendação para os moinhos seria a de comprar todo o trigo de safra nova possível a partir desta segunda-feira, mesmo elevando um pouco o preço, não apenas no mercado físico (melhor opção), fazendo contratos a vista ou para entrega futura, mas contratos futuros na CBOT (boa opção, porque usa pouco capital e pode garantir preço médio de compra baixo para todo o ano e porque qualquer redução da disponibilidade brasileira aumentará a necessidade de importação com alguma repercussão em Chicago; uma pena que MATBA esteja inviabilizada no momento, porque seria a melhor opção, se não fossemos problemas cambiais argentinos). E há chance maior de queda do que aumento da disponibilidade interna para a próxima safra.

Fonte: T&F Agroeconômica

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