Com distribuição global (figura 1), a mosca-branca (Bemisia tabaci) é atualmente, uma das principais pragas da soja, possuindo elevada capacidade em causar danos e grande capacidade em se multiplicar.

Figura 1.  Distribuição global de mosca-branca (Bemisia tabaci).
Fonte: EPPO Global Database (2025)

O inseto é pequeno e coloniza a face inferior das folhas, os adultos possuem asas brancas e abdômen amarelado. São insetos ágeis, ativos, voam rapidamente e podem se dispersar tanto a curtas quanto a grandes distâncias, deixando-se levar pelas correntes de ar.

A praga realiza a postura na face inferior das folhas, onde os ovos, de coloração amarela e formato de pera, só podem ser visualizados com o auxílio de lentes de aumento (figura 2). As ninfas do primeiro ínstar são móveis e capazes de percorrer pequenas distâncias; posteriormente, fixam-se na folha para o desenvolvimento dos estágios do 2° ao 4° ínstar, que são imóveis. O ciclo de vida, do ovo ao adulto, dura cerca de 20 dias, enquanto a longevidade dos adultos é de aproximadamente 19 dias. A mosca-branca possui alta fecundidade, com fêmeas capazes de ovipositar entre 100 e 300 ovos, dependendo do biotipo, da planta hospedeira e de fatores climáticos como temperatura e umidade relativa do ar (IRAC, 2013).

Figura 2. Ciclo de vida da mosca-branca (Bemisia tabaci).
Fonte: IRAC (2013)
Distribuição na planta

A distribuição da praga na planta de soja dificulta seu controle. Conforme observado por Pozebon et al. (2019), a maior concentração de ninfas da mosca-branca é observada nos terços médio e inferior da planta, sendo que, cerca de 80% das ninfas ficam concentradas nesses terços, enquanto a maioria dos adultos se concentra no terço superior da planta (figura 3).

Figura 3. Distribuição típica de ninfas e adultos de Bemisia tabaci em folíolos de soja.
Crédito da figura: Tiago Colpo, adaptado de Pozebon et al (2019).

Nesse contexto, o controle eficaz das ninfas é dificultado pela localização na face inferior dos folíolos e no terço inferior das plantas, sendo raramente atingidas pelas pulverizações de inseticidas. Assim, mesmo que o controle dos adultos seja eficaz, a população infestante rapidamente se reestabelece.

Atrelado a isso,  plantios tardios ou anos mais secos tendem a aumentar a ocorrência da mosca-branca. Visando o controle químico da praga, o nível de ação pré-estabelecido é de 5 a 10 ninfas por folíolo. Estudos desenvolvidos por Arneman e colaboradores (2019) demonstram resultados promissores relacionados ao controle químico da mosca-branca em soja. De acordo com os resultados obtidos pelos autores, a associação entre Ciantraniliprole + Lambda-cialotrina (100 + 7,5 g ha-1) foi a mais eficaz no controle de adultos de B. tabaci, alcançando uma eficiência de 65% e mantendo a infestação abaixo de 6,29 adultos por folíolo.


undefined


Para o controle das ninfas, o tratamento com Acetamiprido + Piriproxifen (60 + 30 g ha-1) se mostrou o mais eficiente, com uma eficácia de 67% e uma infestação reduzida a menos de 1,28 ninfas por folíolo. Além disso, a pesquisa destacou que pulverizações sequenciais, iniciadas no começo da infestação, aumentam significativamente a eficiência do controle dessas pragas.

Atualmente, 34 inseticidas apresentam registro junto ao MAPA para o controle da mosca-branca (Bemisia tabaci) em soja (Agrofit, 2025). Vale destacar que, além dos danos diretos causados pela sucção de seiva e injeção de toxinas, o ataque da mosca-branca pode provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta (IRAC, 2013).

Não menos importante, a substância açucarada excretada pelos insetos durante a sucção induz o crescimento do fungo denominado fumagina sobre ramos e folhas, prejudicando o processo de fotossíntese. Entretanto, o dano mais sério causado pelo inseto é por ser vetor de várias viroses com sintomatologia variada. Relata-se que cerca de noventa doenças viróticas são transmitidas pela mosca-branca. Entre estas destaca-se o vírus do mosaico anão e o vírus do mosaico crespo em soja (IRAC, 2013).

Figura 4. Planta de soja com a presença da fumagina.
Foto: Adeney de Freitas Bueno.

Sendo assim, o controle eficiente da mosca-branca é determinante para a manutenção do potencial produtivo da soja, especialmente em anos secos, onde as condições climáticas favorecem o desenvolvimento da praga.


Veja mais: Quando controlar Tripes na soja?


Referências:

AGROFIT. CONSULTA ABERTA. Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários, 2025. Disponível em: < https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons >, acesso em: 31/03/2025.

ARNEMANN, J. MOSCA-BRANCA EM SOJA: OCORRÊNCIA, FASES E MANEJO. Mais Soja, 2019. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-7nh-wCJ87s&list=RDCMUChW6r7uAYLjkjY5xxKF2hag&index=1 >, acesso em: 31/03/2025.

IRAC-BR. RESISTÊNCIA DE MOSCA-BRANCA A INSETICIDAS. Comitê de Ação a Resistencia aos Inseticidas, IRAC-BR, 2013. Disponível em: < https://www.irac-br.org/_files/ugd/6c1e70_e9a5d8f60a584e02aa5c5152b5a41e78.pdf >, acesso em: 31/03/2025

POZENON, H.  DISTRIBUTION OF Bemisia tabaci WITHIN SOYBEAN PLANTS AND ON INDIVIDUAL LEAFLETS. The Netherlands Entomological SocietyEntomologia Experimentalis et Applicata, 2019. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/eea.12798 >, acesso em: 31/03/2025.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.