Especialmente em anos secos, a incidência de tripes aumenta em soja. As principais espécies de importância econômica incluem Frankliniella occidentalis, Frankliniella schultzei e Caliothrips sp. Os danos variam conforme a espécie e a densidade populacional da praga, podendo resultar em perdas de produtividade de até 25% ou 10 sacas por hectare (Zanattan; Nunes; Madaloz, 2023).
Figura 1. Principais espécies de tripes de ocorrência em soja. Caliothrips phaseoli (A), Frankliniella schultzei (B) e Frankliniella occidentalis (C).

Os sintomas decorrentes da ocorrência dos tripes em soja podem variar de acordo com a espécie. Esses insetos utilizam seu aparelho bucal, composto por três estiletes, para raspar as folhas da soja e ingerir o conteúdo celular extravasado, resultando no surgimento de pequenas áreas com coloração prateada (figura 2).
Figura 2. Sintomas típicos de tripes em soja.
Em infestações severas, observa-se branqueamento das folhas e alterações na fisiologia da planta, como redução da atividade fotossintética, menor estatura e diminuição da área foliar. Além desses danos diretos, a praga também atua como vetor na transmissão persistente-propagativa de tospovírus, responsável pela “queima-do-broto-da-soja”. Essa infecção compromete o broto apical, fazendo com que se curve para baixo, o que leva ao atrofiamento das plantas e ao brotamento excessivo. A espécie Frankliniella schultzei é a mais eficiente na transmissão de tospovírus, podendo causar perdas de até 100% na produção da soja (Pozebon, 2024).
O ataque dos tripes também intensifica a perda de água pelas plantas de soja, agravando o estresse hídrico durante períodos de estiagem. Nessas condições, a redução do teor de água nas células faz com que os insetos aumentem a frequência de ataques a diferentes plantas para suprir suas necessidades nutricionais. Por outro lado, períodos de chuvas intensas promovem a mortalidade das formas juvenis do inseto e reduzem a capacidade de voo dos adultos, que dependem do vento para se dispersar na lavoura.
Quando controlar os tripes em soja?
Recomenda-se que o controle químico dos tripes em soja seja realizado quando atingir o nível de infestação de aproximadamente 20 tripes por folíolo. No entanto, a principal dificuldade no manejo dessa praga está relacionada ao seu comportamento, pois ela tende a se concentrar no terço inferior da planta, uma região de difícil alcance para os defensivos agrícolas.
Produtos com ação translaminar, como clorfenapir, são os mais indicados para o controle de tripes. Ao serem aplicados na superfície superior das folhas, esses inseticidas são capazes de translocar para o lado inferior, onde ninfas e adultos estão localizados em maior número (Pozebon, 2022).
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Referências:
POZEBON, H. O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE TRIPES EM SOJA: Mais Soja, 2022. Disponível em: < https://maissoja.com.br/o-que-voce-precisa-saber-sobre-tripes-em-soja/#:~:text=Os%20tripes%20s%C3%A3o%20insetos%20raspadores,phaseoli%20(tripes%2Dcarij%C3%B3). >, acesso em: 11/03/2025.
POZEBON, H. TRIPES NA SOJA: DANOS, OCORRÊNCIA E MANEJO. Mais Soja, 2024. Disponível em: < https://maissoja.com.br/tripes-na-soja-danos-ocorrencia-e-manejo/ >, acesso em: 11/03/2025.
ZANATTA, F.; NUNES, M.; MADALOZ, J. OCORRENCIA DE TRIPES NAS CULTURAS DE SOJA E MILHO. PIONNER AGRONOMIA, CROP FOCUS, 2023. Disponível em: < https://www.pioneer.com/content/dam/dpagco/pioneer/la/br/pt/files/Crop_focus_ocorrncia_de_tripes_em_soja_e_milho.pdf >, acesso em: 11/03/2025.