Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações da soja em Chicago chegaram a ensaiar uma recuperação durante a semana, porém, não encontraram sustentação. Com isso, o fechamento desta quinta-feira (21) ficou muito próximo do registrado no final da semana anterior. O primeiro mês cotado registrou US$ 9,01/bushel, contra US$ 9,00 uma semana antes.
O mercado está pressionado pelo novo impasse nas negociações entre EUA e China. O país oriental exige que, assim como a guerra comercial iniciou com a adição de tarifas, deveria terminar com a retirada de todas estas tarifas, algo que não está previsto na chamada Fase Um do acordo, que privilegia 60% do conjunto de tarifas. Já o presidente dos EUA, na velha estratégia estadunidense, afirmou que “a China precisa aceitar um acordo que seja bom para os EUA, caso contrário não haverá acordo”, ignorando que um acordo deve ser bom para os dois lados. Aliás, Donald Trump ameaçou implantar novas tarifas sobre os produtos chineses caso não haja acordo entre os dois países.
Também o clima pressiona para baixo as cotações, na medida em que a colheita nos EUA avança bem e se aproxima do final e na América do Sul o plantio da nova safra não tem sofrido maiores percalços até o momento. Quanto à colheita estadunidense, até o dia 17/11 a mesma atingia a 91% da área, contra 95% na média histórica para a época, praticamente eliminando o atraso existente.
Por sua vez, as inspeções de exportação por parte dos EUA atingiam a 1,53 milhão de toneladas na semana encerrada em 14/11, ficando acima do esperado pelo mercado, sendo que mais de 900.000 toneladas seriam para o mercado chinês. Entretanto, isso não foi suficiente para evitar o sentimento baixista durante a semana.
Nestas condições, o mercado não encontra fatores suficientes para que as cotações avancem para além do atual estágio. Enquanto isso, a comercialização da última safra da Argentina, até meados de novembro, chegava a 72% do total colhido, contra 90% na mesma época do ano anterior, quando a safra foi frustrada.
Já no Brasil, diante de um câmbio que provocou novas desvalorizações do Real, os preços da soja subiram mais um pouco. De fato, o Real chegou a ser cotado, durante a semana, em R$ 4,21, batendo novo recorde histórico de desvalorização, sem que o Banco Central tenha atuado suficientemente para conter o processo.
Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 79,24/saco. No ano passado, nesta época, o valor do saco de soja neste mercado era de R$ 74,41. Ou seja, nas últimas semanas, finalmente, os preços da soja superaram nominalmente os valores praticados um ano antes no mesmo período. Por outro lado, os lotes giraram entre R$ 86,00 e R$ 87,00/saco no Rio Grande do Sul. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 78,50/saco em Sorriso e Sapezal (MT) e R$ 84,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 86,00 no norte e centro do Paraná; R$ 79,50 em Goiatuba (GO); R$ 78,50 em São Gabriel (MS); R$ 79,00 em Uruçuí (PI) e R$ 77,00/saco em Pedro Afonso (TO).
No Rio Grande do Sul, há compradores sinalizando R$ 90,00/saco para embarque em maio do próximo ano no porto de Rio Grande, e pagamento em meados de junho. O plantio da nova safra de soja no Brasil, até o dia 14/11, atingia a 66% da área, contra 69% na média histórica para esta data. O Rio Grande do Sul chegava a 28%, o Mato Grosso 97%, o Paraná 91% e Goiás 63%. Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina apresentavam um atraso importante na semeadura da soja em relação ao ano anterior.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.
