Confira, na ponta do lápis, o quanto o agro brasileiro perde sem esse importante insumo no cultivo da oleaginosa que é a principal lavoura no País

Não é de hoje que existe uma grande pressão para que os cultivos no Brasil e no mundo sejam exclusivamente orgânicos ou mesmo sem o uso de pesticidas sintéticos para o controle de pragas e doenças. O que se sabe é que as perdas seriam gigantescas num cenário de não utilização de defensivos.

Uma equipe de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, entidade ligada à USP, fez as contas e além da necessidade de ampliar a área plantada, haveria maior necessidade de utilização de insumos como água, sem falar nas perdas econômicas pela quebra de safra e aumento de preços ao consumidor.

O Cepea monitorou a evolução da ocorrência das principais pragas e doenças que atingiram as culturas de soja, milho e algodão nas safras 2014/2015, 2015/2016 e 2016/2017 e os respectivos impactos econômicos para produtores e para o País.

Acompanhe a linha de raciocínio do Cepea para a cadeia de produção da soja, na safra 2016/2017, desconsiderando a aplicação de fungicidas, um dos principais controles químicos para a lavoura.

O ganha e perde

Se os produtores não utilizassem fungicidas:

R$ 5,75 bilhões seriam economizados na compra desses produtos

30% da produção de soja sofreria queda pelo ataque de fungos

Cenário 1

Nesse primeiro cenário, os produtores compensariam suas perdas de produtividade ampliando a área plantada. Desta forma, manteriam o total da produção, que seria obtido se tivesse ocorrido o controle das pragas e doenças. Com isto, o preço de mercado seria mantido e sem afetar o consumidor brasileiro.

Então, para compensar as perdas de 30%, o produtor plantaria em mais áreas, o que resultaria em:

R$ 33 bilhões seriam gastos com terra, mão-de-obra e capital privado (não inclui custos de abertura de novas áreas e infraestrutura produtiva e logística)

1/3 da área produtiva aumentaria no País, gerando um possível impacto ambiental

Cenário 2

Nesse outro cenário, não haveria compensação da área em razão das perdas de 30% da produção causadas pelas pragas. Portanto, pela lei de oferta e demanda, logo os preços seriam ajustados no Brasil, conforme as condições dos mercados interno e externo. Isso geraria impactos sobre o custo de vida, assim como também sobre as receitas das exportações.

Então, se não houvesse a compensação de áreas plantadas:

22,9% seria o aumento do preço da soja no País (mercado interno)

13,9% seria a queda na receita bruta dos produtores, mesmo considerando o aumento dos preços.

Prejuízo ao produtor

R$ 3,37 bilhões de prejuízo no cultivo da soja ao invés de um lucro de R$ 8,32 bilhões.

R$ 11,7 bilhões de perda total.

Prejuízo ao Brasil

30% de queda no volume das exportações

US$ 4,5 bilhões a menos em faturamento das vendas internacionais do complexo brasileiro da soja.

0,57 ponto percentual de aumento no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação no País.

3,52% seria o IPCA ao invés de 2,95%.

1,03 ponto percentual de aumento sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo sobre a cesta de alimentos (IPCA de alimentos).

-0,84% seria o IPCA Alimentos ao invés de -1,87%.

Siga o AgroSaber para também saber os cenários para o milho e o algodão.

Fonte: Porta AgroSaber.

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